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Meio Ambiente AGROPECUÁRIO

COMO O GOVERNO LULA PODERÁ TORNAR SUSTENTÁVEL O SETOR AGROPECUÁRIO DO BRASIL.

Este é o resumo do artigo que tem por objetivo mostrar como o governo Lula poderá fazer com que o setor agropecuário se torne sustentável no Brasil.

06/02/2023 às 23h10
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Fernando Alcoforado*
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Foto: Reprodução internet tribunatop.com
Foto: Reprodução internet tribunatop.com

 No século XX, nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil viveu processos de industrialização e urbanização com forte crescimento econômico, que, contudo, não encontravam correspondência no setor agropecuário do País, caracterizado então por baixa produtividade. Parte considerável do abastecimento interno de alimentos provinha das importações. A migração rural-urbana se intensificou em consequência da imensa pobreza rural nacional. Nos últimos 60 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor de alimentos para o mundo. Foram obtidos aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuárias graças à revolução verde implementada no País.

A Revolução Verde aumentou a produtividade no Brasil, mas trouxe inúmeros problemas para o meio ambiente. Com o desmatamento para cultivo, veio também o surgimento de pragas e utilização de agrotóxicos, fungicidas, entre outros produtos. Desta forma, houve contaminação em todo o ecossistema (solos, rios, animais, vegetais). Além disso, a Revolução Verde “expulsou” os pequenos produtores da sua lavoura, contribuindo para a excessiva concentração da propriedade da terra, o aumento do êxodo rural para as cidades e, consequentemente, para o aumento da população em periferias de grandes cidades. A Revolução Verde no Brasil aconteceu durante a ditadura militar entre as décadas de 1960 e 1970 que foi um fenômeno marcado pelo emprego em grande escala da tecnologia no meio rural. Suas principais características relacionavam-se com a utilização de máquinas, equipamentos, defensivos agrícolas e outros mecanismos que propiciaram o aumento da produção e produtividade agrícola. O uso indiscriminado de agrotóxicos levou à contaminação da água e do solo e causou efeitos drásticos em espécies não alvo, afetando a biodiversidade, as redes alimentares e os ecossistemas aquáticos e terrestres.

Com a Revolução Verde no Brasil, houve a exploração excessiva da base dos recursos naturais do País, ocorreu crescentes níveis de degradação e esgotamento dos solos, poluição das águas, intoxicações e contaminações de agricultores por agrotóxicos, além de perda de biodiversidade. Diferentemente das grandes propriedades, onde geralmente se concentra a monocultura, a agricultura familiar produz uma diversidade maior de culturas, o que gera um impacto positivo na qualidade dos produtos. Diferentemente da revolução verde característico das grandes propriedades, o manejo do solo costuma ser orgânico, com respeito ao ecossistema, reduzindo o impacto no meio ambiente. Isto porque as práticas mais tradicionais valorizam medidas naturais de adubação e combate às pragas. Quando se consideram alimentos consumidos no país, 70% vêm da agricultura familiar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São pequenos agricultores que plantam para abastecer a família e vendem o que sobra da colheita como mandioca, feijão, arroz, milho, leite, batata.

Pelo exposto, é fundamental repensar o modelo de desenvolvimento tecnológico que vem sendo adotado para a agropecuária no Brasil. A Sustentabilidade ambiental da agropecuária brasileira precisa ser desenvolvida em bases ecológicas, que não considere apenas a produtividade e o retorno econômico imediato, mas que tenha uma visão sistêmica e integrada da produção agropecuária em seu ambiente, visando a sua otimização e sua continuidade a longo prazo. Tecnologias ambientalmente adequadas precisam ser desenvolvidas localmente, de forma adaptada às condições ecológicas de cada lugar e não podem ser impostas ao produtor na forma de grandes pacotes tecnológicos. É importante que o produtor seja um agente ativo no processo de geração e adaptação da tecnologia juntamente com o técnico agropecuário, integrando a pesquisa e a assistência técnica em um modelo participativo de desenvolvimento tecnológico. O Brasil, que investiu na formação de agrônomos e técnicos agropecuários para atuar nos moldes da revolução verde, precisa garantir agora o crescimento da sua agropecuária com sustentabilidade, investindo fortemente na formação de agentes que sejam capazes de desenvolver uma agropecuária sustentável, como é o caso da agricultura familiar.

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A agropecuária sustentável requer o rodízio de culturas, utilização de adubos naturais e inseticidas biológicos de maneira que essas práticas contribuam para um solo mais saudável que seja capaz de atender as necessidades da produção sem comprometer as gerações futuras. Agropecuária sustentável significa controlar as pragas utilizando mais pesticidas naturais e menos produtos químicos que contaminam o solo, ar e água, reaproveitar os materiais, criar sistemas que utilizam a água das chuvas para irrigação ou até mesmo utilizar containers marítimos como armazém de produtos.  O setor agropecuário brasileiro se defronta com um gigantesco problema que é representado pela excessiva concentração da propriedade da terra em mãos de poucos. 1,2% dos proprietários de terra são donos de 45% das terras utilizadas nas atividades agropecuárias do Brasil. Não se pode obter sustentabilidade no setor agropecuário com a excessiva concentração fundiária existente no País que resultou da colonização portuguesa do Brasil a partir de 1500 que propiciou a doação de sesmarias (plantation) aos detentores do poder das quais nasceram os atuais latifúndios. Na atualidade, esta concentração fundiária tem avançado com a grilagem de terras devido à apropriação ilegal de terras do Estado por meio de títulos de propriedade falsificados e da falta de apoio do governo aos pequenos proprietários que muitas vezes são pressionados a vender suas terras aos latifundiários.

A sustentabilidade para o setor agropecuário não será alcançada apenas com a superação dos problemas ambientais, os de produção e de produtividade com o abandono do modelo baseado na revolução verde e a adoção de um novo modelo a ser desenvolvido em bases ecológicas que tenha uma visão sistêmica e integrada da produção agropecuária em seu ambiente, visando a sua otimização e sua continuidade a longo prazo, mas também, com a efetiva redução da excessiva concentração da propriedade da terra em mãos de poucos, através de uma reforma agrária a mais democrática possível.

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Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?v=O_OlW_5shDs

Para ler o artigo completo de 8 páginas em Português, Inglês e Francês, acessar os websites do Academia.edu <https://www.academia.edu/96044229/COMO_O_GOVERNO_LULA_PODER%C3%81_TORNAR_SUSTENT%C3%81VEL_O_SETOR_AGROPECU%C3%81RIO_DO_BRASIL>, <https://www.academia.edu/96044449/HOW_THE_LULA_GOVERNMENT_CAN_MAKE_BRAZILS_AGRICULTURAL_SECTOR_SUSTAINABLE> e <https://www.academia.edu/96044616/COMMENT_LE_GOUVERNEMENT_LULA_PEUT_RENDRE_LE_SECTEUR_AGRICOLE_DU_BR%C3%89SIL_DURABLE>, do SlideShare <https://www.slideshare.net/Faga1939/como-o-governo-lula-poder-tornar-sustentvel-o-setor-agropecurio-do-brasilpdf>, <https://www.slideshare.net/Faga1939/how-the-lula-government-can-make-brazils-agricultural-sector-sustainablepdf> e <https://www.slideshare.net/Faga1939/comment-le-gouvernement-lula-peut-rendre-le-secteur-agricole-du-brsil-durablepdf>, do WordPress <https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.wordpress.com/3388>, <https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.wordpress.com/3390> e <https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.wordpress.com/3396e do Linkedin <https://www.linkedin.com/pulse/como-o-governo-lula-poder%25C3%25A1-tornar-sustent%25C3%25A1vel-setor-do-alcoforado/?trackingId=9ZSwvqWOMR%2BN50q20ZMuTg%3D%3D>, <https://www.linkedin.com/pulse/how-lula-government-can-make-brazils-agricultural-alcoforado/?trackingId=Pi09GSfjhDQFhWGTGU%2FHTQ%3D%3D> e <https://www.linkedin.com/pulse/comment-le-gouvernement-lula-peut-rendre-secteur-du-alcoforado/?trackingId=YGWEqzFQ4xoP%2FQCYRNs2Mw%3D%3D>

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* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022) e de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022).

 

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Sobre Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona. Professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997),De Collor a FHC — O Brasil.
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