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O AVANÇO DO NACIONALISMO E DO NEOFASCISMO NO MUNDO COMO RESULTADO DA CRISE PROFUNDA DA GLOBALIZAÇÃO NEOLIBERAL

Este artigo analisa a crise da globalização neoliberal com a queda da lucratividade mundial do capital a partir de 1998.

31/03/2025 às 21h00
Por: Colunista Fonte: Fernando Alcoforado*
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Foto: blog.portaleducacao.com.br
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Este é o resumo do artigo de 12 páginas que tem por objetivo demonstrar que a queda da lucratividade mundial do capital a partir de 1998 contribuiu para a crise da globalização neoliberal cujas nefastas consequências econômicas e sociais contribuíram para o avanço do nacionalismo e da extrema direita neofascista no mundo. Este artigo analisa a crise da globalização neoliberal com a queda da lucratividade mundial do capital a partir de 1998, as nefastas consequências econômicas e sociais da globalização neoliberal em todos os quadrantes da Terra, o avanço do nacionalismo como resultado das nefastas consequências da globalização neoliberal e o avanço da extrema direita neofascista no mundo como resultado das nefastas consequências da globalização neoliberal.

Ao analisar a crise da globalização neoliberal com a queda da lucratividade mundial do capital a partir de 1998, concluiu-se que, após a Idade de Ouro de 1950 a 1966 de crescimento e grande lucratividade do capital (de 9,5% ao ano para 10,3% ao ano), houve uma queda na lucratividade mundial do capital de 1966 a 1983 (de 10,3% ao ano para 6,6% ao ano), que voltou a crescer no período neoliberal com a globalização ou integração da economia mundial de 1983 a 1998 (de 6,6% ao ano para 7,8% ao ano). Entretanto, a partir de 1998, há uma tendência de queda da lucratividade do capital (7,8% ao ano para 6,8% ao ano) dando início à longa depressão da economia mundial. A globalização neoliberal inaugurada em 1983 propõe a desregulamentação, privatizações e a retirada do Estado de muitas áreas de atendimento social. Quase todos os países do mundo aderiram voluntariamente ou sob pressões coercitivas ao neoliberalismo a partir da década de 1990.

O período neoliberal significou, a partir de 1983, a quebra de barreiras tarifárias, cotas e outras restrições comerciais, permitindo assim que as empresas multinacionais, as maiores beneficiárias da globalização neoliberal, operassem livremente e transferissem os seus investimentos para áreas de mão de obra barata com a finalidade de aumentar sua lucratividade. O pressuposto foi o de que isso levaria à expansão global e ao desenvolvimento harmonioso das forças produtivas e ao crescimento dos recursos do mundo que, de fato, aconteceu de 1983 a 1998, mas arrefeceu após esta data. Os sinais do colapso da globalização econômica e financeira contemporânea já estavam se apresentando a partir de 2010 quando ocorreu a menor taxa de lucratividade do capital até então registrada (6,4% ao ano em 2010).

A globalização neoliberal, com a sua crescente interconexão econômica, social e cultural, beneficia principalmente as empresas transnacionais que expandiram suas operações para novos mercados, reduzindo custos de produção e aumentando lucros. A globalização neoliberal exacerbou as desigualdades entre países capitalistas centrais e periféricos e levou os países capitalistas periféricos a serem mais dependentes dos países industrializados e a enfrentarem dificuldades em competir. A globalização levou à perda de empregos em setores industriais, à precarização do trabalho e à erosão das culturas tradicionais, tanto nos países capitalistas centrais como nos países capitalistas periféricos. A globalização faz, também, com que haja diminuição da soberania nacional devido à crescente presença das empresas multinacionais nas economias nacionais. Há também o perigo de perda da identidade nacional, já que as sociedades se assemelham cada vez mais, com os mesmos gostos culturais, modas, etc.

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Com a globalização neoliberal, a desigualdade de riqueza chegou a níveis alarmantes em todo o mundo (1% dos mais ricos detinham metade de toda a riqueza mundial, enquanto os 50% mais pobres  ficavam com meros 5%). O próprio FMI afirma que políticas neoliberais aumentaram as desigualdades sociais. O Brasil é um caso exemplar das nefastas consequências da globalização neoliberal. O modelo econômico neoliberal adotado no Brasil contribuiu para provocar uma verdadeira devastação na economia brasileira desde sua implantação em 1990 configurada: 1) no crescimento econômico decenal pífio cujo menor valor foi 0,8% ao ano e o maior 3,7% ao ano de 1981 a 2020; 2) na queda nas taxas de investimento na economia brasileira que alcançou 16,4% do PIB em 2021 bastante inferior a 27% alcançado em 1987; 3) na desindustrialização da economia brasileira cuja participação da indústria na formação do PIB foi de 11% em 2019 bastante inferior aos 27,3% alcançados em 1986; 4) no agravamento dos problemas sociais do Brasil com o aumento da concentração de renda (o 1% mais rico concentra 28,3% da renda total do país), do desemprego (a taxa de desemprego de 6,9% correspondente a 7,5 milhões de desempregados no 2º trimestre de 2024), e da extrema pobreza (9,6 milhões de pessoas sobrevivem com R$ 145 ou US$ 33,02 mensais); e, 5) incapacitação do Estado brasileiro na solução dos problemas econômicos e sociais.

O modelo econômico neoliberal implantado em 1990 no Brasil é o grande responsável por incapacitar o Estado brasileiro na solução dos problemas econômicos e sociais do Brasil ao dificultar sua ação como indutor do desenvolvimento econômico e social com a adoção da política de privatizações, da política do teto de gasto público a partir do governo Michel Temer e da autonomia do Banco Central a partir do governo Jair Bolsonaro como parte da estratégia do capitalismo neoliberal globalizado de transformá-lo em Estado mínimo. Ressalte-se que Estado mínimo é o nome dado à ideia do capitalismo neoliberal de que o papel do estado dentro da sociedade deve ser o menor possível exercendo apenas as atividades consideradas “essenciais” e de primeira ordem. Os teóricos do capitalismo neoliberal defendem, também, a mínima cobrança de impostos e a privatização dos serviços públicos. 

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Portanto, o processo de globalização contemporânea centrada no neoliberalismo produziu duas graves consequências para toda a humanidade: a primeira, representada pelo fracasso na promoção do desenvolvimento econômico e social nos países capitalistas centrais e periféricos e, a segunda, representada pela crise geral do sistema capitalista mundial que pode levar o mundo à depressão. Toda esta situação tende a gerar instabilidades políticas, econômicas e sociais em todos os quadrantes da Terra. Essas instabilidades podem fazer com que em cada país forças políticas insatisfeitas com a situação atual se mobilizem em torno de: 1) teses nacionalistas antiglobalização quando existe ameaça real à soberania e  à integridade nacional, a seu crescimento econômico, a suas instituições políticas, à sua cultura e a sobrevivência de seu povo; e, 2) teses neofascistas de oposição aos governos que inclui ultranacionalismo, supremacia racial, populismo, autoritarismo, nativismo, xenofobia e sentimento anti-imigração, bem como oposição à democracia liberal, ao parlamentarismo, liberalismo, marxismo, capitalismo, comunismo e socialismo. As teses nacionalistas e neofascistas estão sendo colocadas na ordem-do-dia em vários países do mundo na atualidade, inclusive no Brasil.  

Um resultado das nefastas consequências da globalização neoliberal é o avanço do nacionalismo no mundo (Estados Unidos, Rússia, China, Hungria, Polônia, Turquia e  Índia, entre outros países). Na tentativa de cada país defender e estimular sua própria economia com o caminho nacionalista, são adotadas medidas protecionistas ou autárquicas, como as adotadas pelo presidente Donald Trump dos Estados Unidos, que podem levar a uma reação extremamente negativa em cadeia em todo o sistema capitalista mundial. Isso reduziria o comércio internacional, aumentaria o desemprego e auto-alimentaria a crise em escala global. A tentativa de promover o desenvolvimento nacional apoiado nos seus próprios recursos e no mercado interno em cada país com o caminho nacionalista levaria ao pior cenário global: a depressão da economia mundial. A falta de resposta para a crise econômica gerada pela globalização neoliberal está colocando em xeque a legitimidade da União Europeia que está ameaçada de fragmentação com o surgimento de teses nacionalistas em vários países europeus defensoras do rompimento de seus países com a União Europeia, como já ocorreu com o Reino Unido, através do Brexit.

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Outro resultado das nefastas consequências da globalização neoliberal é o avanço da extrema-direita neofascista em vários países do mundo. O neofascismo está no poder no Japão, na Índia, na Hungria, na Turquia e nos Estados Unidos. A isto devemos acrescentar os vários partidos neofascistas com base de massas, candidatos ao poder, sobretudo na Europa como o Rassemblement National da família Le Pen na França, a Lega de Salvini na Itália, o AfD na Alemanha, o FPÖ na Áustria, etc. No Brasil, os neofascistas liderados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde criminalmente pela tentativa de golpe de estado durante seu governo, podem voltar ao poder nas eleições de 2026. Em várias partes do mundo, o crescimento da extrema-direita segue firme e forte, contando com o apoio de uma ampla rede transnacional e colocando enormes desafios para os mecanismos de governança local. Na Europa e nos Estados Unidos, o neofascismo combate a imigração, leva ao crescimento da xenofobia e fortalecimento dos discursos identitários, elementos centrais na pauta da extrema-direita. A ascensão da extrema-direita no mundo tem como um denominador comum o rechaço ao “globalismo” e a defesa do conservadorismo.

O neofascismo avança celeremente nos Estados Unidos com a ascensão ao poder de Donald Trump.  O fascismo atual nos Estados Unidos tem dupla conotação, sendo nacionalista ao desenvolver ações que visam manter a hegemonia mundial norte-americana e empreender ações em defesa do capitalismo. O mundo de hoje se assemelha ao período entre as duas guerras mundiais quando o fascismo surgiu em toda a Europa. A causa subjacente é a mesma: uma crise profunda do capitalismo. Além disso, a crise decorre da mesma condição: uma queda da taxa de lucro no processo de acumulação de capital, especialmente sob a forma de capital fictício ou financeiro, e uma composição orgânica de capital em que a produção depende cada vez mais de máquinas ou robôs que substituem o trabalho humano. O resultado é que o valor da produção diminui, e com esse declínio os lucros diminuem.

Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?v=-AaObJHNfBk

Para ler o artigo de 12 páginas em Português, Inglês e Francês, acessar os websites do Academia.edu <https://www.academia.edu/128487895/O_AVAN%C3%87O_DO_NACIONALISMO_E_DO_NEOFASCISMO_NO_MUNDO_COMO_RESULTADO_DA_CRISE_PROFUNDA_DA_GLOBALIZA%C3%87%C3%83O_NEOLIBERAL>, <https://www.academia.edu/128487991/THE_ADVANCE_OF_NATIONALISM_AND_NEOFASCISM_IN_THE_WORLD_AS_CONSEQUENCE_OF_THE_DEEP_CRISIS_OF_NEOLIBERAL_GLOBALIZATION> e <https://www.academia.edu/128488091/LAVANCEMENT_DU_NATIONALISME_ET_DU_N%C3%89OFASCISME_DANS_LE_MONDE_AVEC_LA_CRISE_DE_LA_MONDIALISATION_N%C3%89OLIB%C3%89RALE>, do SlideShare <https://pt.slideshare.net/slideshow/o-avanco-do-nacionalismo-e-do-neofascismo-no-mundo-como-resultado-da-crise-profunda-da-globalizacao-neoliberal-pdf/277288811>, <https://pt.slideshare.net/slideshow/the-advance-of-nationalism-and-neofascism-in-the-world-as-consequence-of-the-deep-crisis-of-neoliberal-globalization-pdf/277288840> e <https://pt.slideshare.net/slideshow/l-avancement-du-nationalisme-et-du-neofascisme-dans-le-monde-avec-la-crise-de-la-mondialisation-neoliberale-pdf/277288866> e do Linkedin <https://www.linkedin.com/pulse/o-avan%C3%A7o-do-nacionalismo-e-neofascismo-mundo-como-da-crise-holxf/?trackingId=z%2B7nyroDv9y6naugMaHTMA%3D%3D>, <https://www.linkedin.com/pulse/advance-nationalism-neofascism-world-consequence-deep-alcoforado-5nnxf/?trackingId=DnqRejZAPBMYrEDwVtfgTA%3D%3D> e <https://www.linkedin.com/pulse/lavancement-du-nationalisme-et-n%C3%A9ofascisme-dans-le-monde-alcoforado-2tkdf/?trackingId=yqiOHiyc6B5pVygfsSuaGA%3D%3D>.

* Fernando Alcoforado, 85, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, do IPB- Instituto Politécnico da Bahia e da Academia Baiana de Educação, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) e How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024). 

 

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Sobre Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona. Professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997),De Collor a FHC — O Brasil.
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