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Brasil TARIFAÇO

COMO DESENVOLVER O BRASIL COM A CRISE GLOBAL RESULTANTE DO TARIFAÇO DO GOVERNO TRUMP.

Crise global resultante do tarifaço do governo Trump que tende levar o sistema capitalista mundial à depressão econômica.

13/04/2025 às 19h59
Por: Colunista Fonte: Fernando Alcoforado*
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Foto: Ilustrativa
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Este é o resumo do artigo de 6 páginas que tem por objetivo apresentar as estratégias que permitiriam ao Brasil se desenvolver em um ambiente de crise global resultante do tarifaço do governo Donald Trump dos Estados Unidos. A crise global resultante do tarifaço do governo Trump que tende levar o sistema capitalista mundial à depressão econômica, que é uma recessão prolongada que vai afetar a economia mundial com repercussões em todos os países, causando desemprego em massa, falência de empresas e queda na produção, apresenta similaridade com a grande depressão ocorrida em 1930 com a crise na Bolsa de Valores de Nova Iorque que foi a crise mais devastadora e prolongada da história do capitalismo mundial. Em 1930, o governo dos Estados Unidos adotou uma lei protecionista (Tarifa Smoot-Hawley) que aumentou significativamente as tarifas alfandegárias nos Estados Unidos, similar às atuais do governo Trump, que levou a retaliações internacionais e a um colapso do comércio mundial, que agravou a Grande Depressão. O governo Trump deve agravar ainda mais a depressão econômica mundial com o tarifaço adotado recentemente, especialmente contra a China, que provocou a queda espetacular de todas as bolsas de valores do mundo nos últimos dias. 

O tarifaço sobre as nações do mundo vai desmantelar os modelos de negócios de milhares de empresas, fábricas e de países inteiros. Algumas das cadeias de suprimentos criadas pelas maiores empresas do mundo vão ser interrompidas instantaneamente. O governo Trump está contando com a receita do tarifaço para lidar com os cortes de impostos por ele planejados. Um dos objetivos do tarifaço de Trump é reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos a zero. Este é um redirecionamento notável dos fluxos de comércio internacional e explica o foco punitivo específico contra países na Ásia. Atendendo a pressões do empresariado norte-americano, o governo Trump decidiu negociar as tarifas com os países afetados pelo tarifaço adiando sua aplicação por 90 dias à exceção das tarifas aplicadas contra a China que alcançou 145%. Trump vai negociar as novas tarifas com todos os países, inclusive a China.  O fato é que muito provavelmente tarifas de grandes proporções, mantidas contra países do leste asiático e, principalmente, contra a China, vão aumentar os preços de roupas, brinquedos e eletrônicos muito mais rápido nos Estados Unidos.

Quanto ao Brasil, a industrialização encetada no Brasil desde 1930 foi abortada em 1985 com a queda na participação da indústria brasileira na formação do PIB do Brasil que regrediu de 27,3% em 1985 para 11% em 2019. Com a adesão do Brasil à globalização neoliberal, houve a abertura da economia brasileira às importações e aos investimentos estrangeiros que contribuíram para o desmantelamento da indústria nacional. Ocorreu, portanto, um processo de desindustrialização da economia brasileira em consequência da globalização neoliberal.  Constata-se, também, que, de 1932 a 1977, no período de industrialização nacional desenvolvimentista iniciado pelo governo Getúlio Vargas, a participação do PIB do Brasil na formação do PIB mundial evoluiu de 0,9% em 1932 a 3,2% em 1977. Entretanto, de 1977 a 2022, que corresponde ao período de globalização neoliberal houve declínio na participação do PIB do Brasil na formação do PIB mundial que regrediu de 3,2% em 1977 para 1,9% em 2022. Isto significa dizer que o Brasil foi um dos grandes perdedores com a globalização neoliberal.   

O tarifaço do governo Trump, que tende a gerar uma crise inflacionária e recessiva nos Estados Unidos e no mundo, poderá levar o sistema capitalista mundial à depressão econômica mundial similar à de 1930. Devido ao tarifaço, os custos de produção nos Estados Unidos tendem a aumentar significativamente e haverá superprodução na China e na União Europeia cujos produtos deixarão de se destinar ao mercado dos Estados Unidos, que é detentor de 25% do mercado mundial. A superprodução na China e na União Europeia obrigará ambos a aumentar seus consumos internos e a exportar para novos mercados a preços competitivos, inclusive para o Brasil. O fato é que, diante deste cenário, se o Brasil importar produtos industrializados dos Estados Unidos terá que pagá-los a preços mais elevados devido ao tarifaço que incidiria sobre os preços internos norte-americanos e o mercado interno brasileiro poderá enfrentar a “enxurrada” de produtos industrializados de baixos preços oriundos da China e da União Europeia em prejuízo da indústria nacional.   

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Esta situação coloca na ordem do dia a necessidade de o governo Lula seguir o exemplo do governo Getúlio Vargas em 1930 planejando a economia brasileira tendo como foco principal o desenvolvimento do mercado interno com a política de substituição de importações e a proteção da indústria brasileira sem deixar de atuar no mercado internacional. Para tanto, o governo Lula deveria colocar em prática um plano de desenvolvimento nacional que contemple a adoção de uma política de substituição de importações oriundas dos Estados Unidos, da China e da União Europeia e uma política industrial de proteção da indústria brasileira para fazer frente aos produtos industrializados de baixos preços oriundos da China, União Europeia e outros países. 

O plano de desenvolvimento nacional do governo Lula deveria apresentar as estratégias descritas a seguir: 

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Substituir as importações do Brasil oriundas dos Estados Unidos (motores e máquinas não elétricos, óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos, aeronaves, incluindo suas partes, gás natural, demais produtos da indústria de transformação, adubos ou fertilizantes, medicamentos e produtos farmacêuticos, partes e acessórios dos veículos automotivos, automóveis de passageiros) com o incentivo ao investimento privado nacional (preferencialmente) e/ou estrangeiro (associado ao capital nacional) para evitar que o Brasil importe produtos industrializados dos Estados Unidos e ter de pagá-los a preços mais elevados devido ao tarifaço. 

Substituir as importações do Brasil oriundas da China (equipamentos de telecomunicações, válvulas e tubos termiônicas, compostos organo-inorgânicos, demais produtos da Indústria de Transformação, adubos ou fertilizantes, medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários, máquinas e aparelhos elétricos, peças e acessórios para escritório, aparelhos elétricos para ligação, máquinas de energia elétrica, produtos laminados planos de ferro ou aço, inseticidas, formicidas, herbicidas e produtos semelhantes, equipamentos elétricos, partes e acessórios de veículos automotivos e geradores elétricos giratórios) com o incentivo ao investimento privado nacional (preferencialmente) e/ou estrangeiro  (associado ao capital nacional). 

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Substituir as importações do Brasil oriundas da União Europeia (medicamentos para medicina humana e veterinária, demais produtos manufaturados, compostos heterocíclicos, seus sais e sulfonamidas, partes e peças para veículos, automóveis e tratores, inseticidas, formicidas, herbicidas e produtos semelhantes) com o incentivo ao investimento privado nacional (preferencialmente) e/ou estrangeiro (associado ao capital nacional).  

Proteger a indústria brasileira para fazer frente à “enxurrada” de produtos industrializados de baixos preços oriundos da China e da União Europeia, com a taxação de produtos importados oriundos destes e de outros países.

Proteger a economia brasileira contra a inflação mundial resultante do tarifaço do governo Trump, adotando o câmbio fixo em substituição ao câmbio flutuante em vigor que é a principal causa da alta do dólar na economia brasileira. Quanto ao câmbio fixo, é aquele em que o valor da moeda estrangeira é fixado pelo governo. Desta forma, a moeda nacional passa a ter um valor fixo em relação a uma moeda-lastro, que poderia ser o Dólar, o Euro e o Yuan. A taxa de câmbio compatível com um projeto de desenvolvimento nacional é o câmbio fixo que resulta da vontade política do governo expressa em decisões e ações governamentais ao contrário do câmbio flutuante com ou sem banda cambial que resulta da vontade do mercado cambial. A taxa de câmbio fixa adotada pela China é um dos responsáveis pelo sucesso alcançado em seu desenvolvimento.

Minimizar os efeitos negativos do tarifaço do governo Trump no Brasil e na União Europeia agilizando a celebração do acordo Mercosul-União Europeia para incrementar o comércio entre o Mercosul e a União Europeia em benefício do Brasil. 

Agilizar a implementação dos 37 acordos comerciais assinados no dia 20/11/2024 entre o Brasil e a China para assegurar a participação chinesa nos investimentos do governo Lula em obras do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na construção e reforma das rotas de integração regional na América do Sul, nos aportes em projetos de transição energética e na modernização do parque industrial brasileiro alicerçando a cooperação entre o Brasil e a China pelos próximos 50 anos em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial, estabelecendo  sinergias entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a NIB (Nova Indústria Brasil), o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação Ecológica, e a Iniciativa Cinturão e a nova Rota da Seda.

Para implementar as estratégias acima descritas, é urgente o abandono do modelo econômico neoliberal implantado em 1990 no Brasil, porque seu fracasso é evidenciado pelos péssimos resultados obtidos nos planos econômico e social, com sua substituição pelo modelo nacional desenvolvimentista nos moldes Keynesianos em que o Estado teria um papel ativo como indutor de desenvolvimento econômico e social. Para implementar as estratégias acima descritas, é preciso que haja o fortalecimento do governo federal. Para fortalecer o governo federal, é preciso que haja o abandono da política do teto de gastos em vigor desde o governo Michel Temer que fez com que o Estado brasileiro ficasse limitado em sua capacidade de promover investimento público com a asfixia financeira em que ficou submetido e com o fim da autonomia do Banco Central adotada durante o governo Jair Bolsonaro que, com sua política de juros extremamente elevados, inviabiliza a capacidade do governo de adotar políticas econômicas, fiscal e monetária, articuladas entre si. É preciso acabar com a política do teto de gastos públicos e a autonomia do Banco Central porque ambas atuam como “camisa de força” impeditiva da ação do governo federal na promoção do desenvolvimento nacional. 

 A crise econômica global está a exigir que o governo federal no Brasil atue sem limitações no sentido de evitar os males gerados pelo tarifaço de Trump sobre a economia e a sociedade brasileira.  

Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?v=gSAAbHVe9Z0 

Para ler o artigo de 6 páginas em Português, Inglês e Francês, acessar os websites do Academia.edu <https://www.academia.edu/128758503/COMO_DESENVOLVER_O_BRASIL_COM_A_CRISE_GLOBAL_RESULTANTE_DO_TARIFA%C3%87O_DO_GOVERNO_TRUMP>, <https://www.academia.edu/128758581/HOW_TO_DEVELOP_BRAZIL_WITH_THE_GLOBAL_CRISIS_RESULTING_FROM_THE_TRUMP_GOVERNMENTS_TARIFFS_HIKE> e <https://www.academia.edu/128758643/COMMENT_D%C3%89VELOPPER_LE_BR%C3%89SIL_AVEC_LA_CRISE_MONDIALE_R%C3%89SULTANT_DE_LAUGMENTATION_DES_TARIFS_DU_GOUVERNEMENT_TRUMP>, do SlideShare <https://pt.slideshare.net/slideshow/como-desenvolver-o-brasil-com-a-crise-global-resultante-do-tarifaco-do-governo-trump-pdf/277835753>, <https://pt.slideshare.net/slideshow/how-to-develop-brazil-with-the-global-crisis-resulting-from-the-trump-government-s-tariffs-hike-pdf/277835788> e <https://pt.slideshare.net/slideshow/comment-developper-le-bresil-avec-la-crise-mondiale-resultant-de-l-augmentation-des-tarifs-du-gouvernement-trump-pdf/277835823> e do Linkedin <https://www.linkedin.com/pulse/como-desenvolver-o-brasil-com-crise-global-resultante-alcoforado-czzff/?trackingId=bHDKPCS7DhuIyHOcNHfHnQ%3D%3D>, <https://www.linkedin.com/pulse/how-develop-brazil-global-crisis-resulting-from-trump-alcoforado-0grof/?trackingId=cp9xZhI1KN8HKRz%2B0KGPWw%3D%3D> e <https://www.linkedin.com/pulse/comment-d%C3%A9velopper-le-br%C3%A9sil-avec-la-crise-mondiale-de-alcoforado-gqc5f/?trackingId=2kIldCwo%2Fz28KpUs82%2B2QA%3D%3D>. 

  • Fernando Alcoforado, 85, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, do IPB- Instituto Politécnico da Bahia e da Academia Baiana de Educação, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) e How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).  

 

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Fernando Alcoforado
Sobre Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona. Professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997),De Collor a FHC — O Brasil.
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