Quinta, 21 de Novembro de 2024
26°

Tempo nublado

Salvador, BA

Internacional Guerra Fria

A GUERRA FRIA ENTRE ESTADOS UNIDOS E CHINA E OS RISCOS DE ECLOSÃO DA 3ª GUERRA MUNDIAL.

Neste artigo, foram analisadas cada uma das dimensões que apresenta a guerra fria entre os Estados Unidos e a China com suas consequências.

05/02/2024 às 21h40
Por: Colunista Fonte: Fernando Alcoforado*
Compartilhe:
Foto: Reprodução internet / revistamercado.do
Foto: Reprodução internet / revistamercado.do

Neste artigo, foram analisadas cada uma das dimensões que apresenta a guerra fria entre os Estados Unidos e a China com suas consequências. É oportuno observar que a guerra fria está sendo desencadeada pelos Estados Unidos contra a China na tentativa de evitar seu declínio econômico e impedir a ascensão da China como potência hegemônica do planeta que se prevê deve acontecer até meados do século XXI. O recrudescimento das guerras comercial, financeira, tecnológica, cibernética e no espaço entre os Estados Unidos e a China colocam a possibilidade da eclosão, no plano militar, da 3ª Guerra mundial envolvendo estas duas grandes potências econômicas e militares e seus respectivos aliados.

A guerra comercial é como ficou conhecida a disputa econômica entre os Estados Unidos e a China. O conflito teve início em 2017, quando o então presidente norte-americano Donald Trump tarifou produtos chineses. O governo da China, por sua vez, reagiu a esses anúncios com retaliações, chegando a impor também tarifas sobre produtos norte-americanos. Em resposta, a China decidiu aumentar taxas e até mesmo barrar a importação de alguns produtos americanos. O governo dos Estados Unidos acusou a China de fazer manipulação cambial. A guerra comercial se transformou, também, em uma guerra cambial. O governo Biden adotou, entre outras medidas, um amplo conjunto de controles de exportação que proíbem as empresas chinesas de comprar chips avançados dos Estados Unidos. A gestão Biden não só continuou a guerra comercial com os chineses, iniciada por Trump, como a elevou a uma guerra tecnológica.

A guerra financeira é adotada para desestabilizar as instituições financeiras de um país inimigo e degradar sua capacidade econômica. No contexto da guerra financeira entre os Estados Unidos e países asiáticos, entre eles a China, foi criado um sistema de pagamento alternativo não baseado em dólar que está tomando forma na Ásia e o ouro provou ser uma arma financeira eficaz. Esta situação está contribuindo para a construção de novos sistemas bancários e de pagamentos baseados no ouro em substituição ao dólar. A China está consolidando sua posição como uma potência no mercado de ouro. Além de adotar o ouro, a China criou sua moeda digital. Trata-se de uma criptomoeda apoiada por seu banco central, algo que analistas afirmam ter ampliado a liderança do país na corrida global para o desenvolvimento de dinheiro digital por parte de bancos centrais. A China tem um objetivo de internacionalizar sua moeda como alternativa ao dólar e o Yuan digital poderá ajudar nisso.

A guerra tecnológica entre Estados Unidos e China, também um dos componentes da guerra fria entre estas duas superpotências. No que diz respeito à guerra tecnológica, são citados, por exemplo, dois campos de conflito: Tecnologia 5G e Inteligência Artificial (IA). A China pode liderar o futuro digital mesmo se os Estados Unidos tentarem impedir fazendo a sua parte. A Huawei, empresa chinesa, é detentora da mais avançada tecnologia 5G. A China lançou um programa de incentivo à Inteligência Artificial. O plano do governo chinês declara como objetivos explorar esta oportunidade estratégica e ser pioneiro para construir uma vantagem competitiva no desenvolvimento da IA e assumir a liderança nessa tecnologia de ponta. A era iminente das máquinas inteligentes pode ser um ponto de virada a favor da China na batalha pela hegemonia global com os Estados Unidos. A mais recente Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos insiste que, para manter a vantagem competitiva, os Estados Unidos priorizarão tecnologias emergentes críticas para o crescimento econômico e segurança, como ciência de dados, criptografia, tecnologias autônomas e inteligência artificial. Não há dúvidas de que o país que exercer a liderança em Inteligência Artificial (IA) poderá levá-lo à conquista do poder mundial. Quem conquistar uma vantagem decisiva, poderá usar os avanços em IA para minar o poder econômico ou militar de seus oponentes.

Continua após a publicidade

A guerra cibernética se apoia na tecnologia da informação e, modernamente, também nos avanços proporcionados pela inteligência artificial. A guerra cibernética consiste, basicamente, no uso de ataques digitais para fins de espionagem ou sabotagem contra as estruturas estratégicas ou táticas de um país. Na guerra cibernética entre Estados Unidos e China, em 2023, o Ministério de Segurança do Estado da China (MSS) acusou os Estados Unidos de forçarem empresas de tecnologia a instalar backdoors em seus softwares e equipamentos para conduzir espionagem cibernética e roubar dados. O MSS respondeu chamando os Estados Unidos de “o maior império de hackers e ladrão cibernético global”.  Relatório do Departamento de Defesa dos Estados Unidos informa que as atividades cibernéticas maliciosas da China predispõem preparativos do país asiático para um potencial conflito militar com os Estados Unidos. Como resultado dessas ameaças, o Departamento de Defesa disse que as operações no ciberespaço são indispensáveis para a força militar e dissuasão integrada dos Estados Unidos e seus aliados.

A guerra no espaço entre os Estados Unidos e a China dá seus primeiros passos. China e Estados Unidos avançam na militarização do espaço com missões secretas. Em ambos os casos, os militares fazem enorme segredo das atividades que serão realizadas no espaço. Do ponto de vista militar, os miniônibus espaciais dos Estados Unidos e da China podem servir essencialmente a quatro propósitos: incremento de força, apoio espacial, controle espacial e aplicação de força.Como incremento de força, o veículo poderia oferecer inteligência e reconhecimento de terreno (função de satélite-espião), comunicações e meteorologia. No apoio espacial, poderia ser usado para levar satélites ao espaço ou mesmo recuperar satélites danificados. Como elemento de controle espacial, ele poderia ter papéis ofensivo (prejudicando o funcionamento de satélites inimigos e mesmo os destruindo) e defensivo (monitorando o ambiente espacial e detectando ataques a seus satélites, evitando-os). Finalmente, como aplicação de força, ele poderia ser usado para atacar alvos terrestres. As duas maiores potências espaciais do século 21, Estados Unidos e China estão ampliando o escopo de suas ações militares no espaço, o que, como tantas coisas por esses tempos, soa tão inevitável quando indesejável para o futuro da humanidade.

Continua após a publicidade

Pelo exposto, pode-se afirmar que o recrudescimento das guerras comercial, financeira, tecnológica, cibernética e no espaço entre os Estados Unidos e a China colocam a possibilidade da eclosão, no plano militar, da 3ª Guerra mundial envolvendo estas duas grandes potências econômicas e militares e seus respectivos aliados. São três os cenários deste conflito:

1) Se a prosperidade da China acontecer às custas da inviabilização da recuperação das economias dos Estados Unidos e da União Europeia e, também, da economia mundial, poderia levar os Estados Unidos e outros países a confrontar a China. Este processo poderia gerar uma situação similar à Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. A emergência da China como uma superpotência é inevitável e que conflitos de interesses com os Estados Unidos serão incontornáveis disto resultando uma confrontação militar entre os Estados Unidos e a China com a eclosão da 3ª Guerra Mundial.

Continua após a publicidade

2) A ascensão da China como potência hegemônica poderá ser bem-vinda à ordem existente. Esta situação seria consequência da interdependência econômica existente entre os Estados Unidos e a China porque esta depende do mercado e dos investimentos norte-americanos e os Estados Unidos precisam do Banco Central chinês para comprar boa parte dos títulos da dívida pública dos Estados UnidosNeste cenário, o interesse americano seria alcançado a partir da cooperação com a China. 

3) Como alternativa ao cenário 1 do enfrentamento direto entre Estados Unidos e China e seus aliados, o governo dos Estados Unidos faria com que as atuais potências asiáticas (Índia, China e Japão) se confrontassem umas contra as outras da qual poderia resultar o enfraquecimento econômico e militar da China. Os Estados Unidos seriam os grandes beneficiários neste cenário.

A China reagiu com previsível fúria ao anúncio oficial do chamado pacto Aukus, um acordo histórico de segurança que une Austrália, Estados Unidos e Reino Unido que é destinado a enfrentar a expansão militar chinesa na região do Indo-Pacífico. Pelo pacto, os australianos terão seu primeiro submarino nuclear fornecido pelos Estados Unidos. Serão no mínimo três. A partir de 2027, submarinos norte-americanos e britânicos ficarão estacionados em algumas cidades da Austrália. A China, a nação mais populosa do mundo, com o maior exército e a maior marinha do mundo, se sente "encurralada" pelos Estados Unidos e seus aliados no Pacífico ocidental. Em resposta, a China pretende acelerar a expansão de seus gastos com Defesa e nomeou a segurança nacional como a principal preocupação dos próximos anos. O mundo está se aproximando de um conflito catastrófico no Pacífico entre a China e os Estados Unidos e seus aliados.

Militarmente, a China hoje é uma força que não pode ser subestimada. Nos últimos anos, o Exército Popular de Libertação, que comanda as forças militares chinesas, fez enormes avanços em tecnologia e inovação, bem como no poderio de seu arsenal de guerra. Nada disso, porém, significa que a China queira ir para a guerra. Embora as tensões tenham crescido muito agora e possam aparecer novos incidentes dentro desse conflito, ambos os lados — China e Ocidente — sabem que uma guerra no Pacífico seria catastrófica para todos. Apesar da retórica raivosa, a escalada desse enfrentamento não interessa a ninguém.

Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?v=lQlxowAw20E

Para ler o artigo completo de 10 páginas em Português, Inglês e Francês, acessar os websites do Academia.edu <https://www.academia.edu/114338708/A_GUERRA_FRIA_ENTRE_ESTADOS_UNIDOS_E_CHINA_E_OS_RISCOS_DE_ECLOS%C3%83O_DA_3a_GUERRA_MUNDIAL>, <https://www.academia.edu/114339102/THE_COLD_WAR_BETWEEN_THE_UNITED_STATES_AND_CHINA_AND_THE_RISKS_OF_UNLEASHING_THE_3RD_WORLD_WAR>  e <https://www.academia.edu/114339247/LA_GUERRE_FROIDE_ENTRE_LES_%C3%89TATS_UNIS_ET_LA_CHINE_ET_LES_RISQUES_DE_DECHAINEMENT_DE_LA_3E_GUERRE_MONDIALE>, do SlideShare <https://pt.slideshare.net/slideshows/a-guerra-fria-entre-estados-unidos-e-china-e-os-riscos-de-ecloso-da-3-guerra-mundialpdf/266032994>, <https://pt.slideshare.net/slideshows/the-cold-war-between-the-united-states-and-china-and-the-risks-of-unleashing-the-3rd-world-warpdf/266033032> e <https://pt.slideshare.net/slideshows/la-guerre-froide-entre-les-tatsunis-et-la-chine-et-les-risques-de-dechainement-de-la-3e-guerre-mondialepdf/266033048>, do WordPress <https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.com/4051>, <https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.com/4053> e <https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.com/4055> e do Linkedin <https://www.linkedin.com/pulse/guerra-fria-entre-estados-unidos-e-china-os-riscos-de-alcoforado-7kvjf/?trackingId=knNucNp1Q9airGeHnMmsxg%3D%3D>, <https://www.linkedin.com/pulse/cold-war-between-united-states-china-risks-unleashing-alcoforado-zvu6f/?trackingId=knNucNp1Q9airGeHnMmsxg%3D%3D> e <https://www.linkedin.com/pulse/la-guerre-froide-entre-les-%25C3%25A9tats-unis-et-chine-de-3e-alcoforado-197cf/?trackingId=knNucNp1Q9airGeHnMmsxg%3D%3D>.

  • Fernando Alcoforado, 84, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).
  •  
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Fernando Alcoforado
Fernando Alcoforado
Sobre Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona. Professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997),De Collor a FHC — O Brasil.
Salvador, BA Atualizado às 21h08 - Fonte: ClimaTempo
26°
Tempo nublado

Mín. 24° Máx. 27°

Sex 27°C 24°C
Sáb 28°C 24°C
Dom 24°C 23°C
Seg 26°C 23°C
Ter 26°C 24°C
Horóscopo
Áries
Touro
Gêmeos
Câncer
Leão
Virgem
Libra
Escorpião
Sagitário
Capricórnio
Aquário
Peixes