Neste artigo, foram analisadas cada uma das dimensões que apresenta a guerra fria entre os Estados Unidos e a China com suas consequências. É oportuno observar que a guerra fria está sendo desencadeada pelos Estados Unidos contra a China na tentativa de evitar seu declínio econômico e impedir a ascensão da China como potência hegemônica do planeta que se prevê deve acontecer até meados do século XXI. O recrudescimento das guerras comercial, financeira, tecnológica, cibernética e no espaço entre os Estados Unidos e a China colocam a possibilidade da eclosão, no plano militar, da 3ª Guerra mundial envolvendo estas duas grandes potências econômicas e militares e seus respectivos aliados.
A guerra comercial é como ficou conhecida a disputa econômica entre os Estados Unidos e a China. O conflito teve início em 2017, quando o então presidente norte-americano Donald Trump tarifou produtos chineses. O governo da China, por sua vez, reagiu a esses anúncios com retaliações, chegando a impor também tarifas sobre produtos norte-americanos. Em resposta, a China decidiu aumentar taxas e até mesmo barrar a importação de alguns produtos americanos. O governo dos Estados Unidos acusou a China de fazer manipulação cambial. A guerra comercial se transformou, também, em uma guerra cambial. O governo Biden adotou, entre outras medidas, um amplo conjunto de controles de exportação que proíbem as empresas chinesas de comprar chips avançados dos Estados Unidos. A gestão Biden não só continuou a guerra comercial com os chineses, iniciada por Trump, como a elevou a uma guerra tecnológica.
A guerra financeira é adotada para desestabilizar as instituições financeiras de um país inimigo e degradar sua capacidade econômica. No contexto da guerra financeira entre os Estados Unidos e países asiáticos, entre eles a China, foi criado um sistema de pagamento alternativo não baseado em dólar que está tomando forma na Ásia e o ouro provou ser uma arma financeira eficaz. Esta situação está contribuindo para a construção de novos sistemas bancários e de pagamentos baseados no ouro em substituição ao dólar. A China está consolidando sua posição como uma potência no mercado de ouro. Além de adotar o ouro, a China criou sua moeda digital. Trata-se de uma criptomoeda apoiada por seu banco central, algo que analistas afirmam ter ampliado a liderança do país na corrida global para o desenvolvimento de dinheiro digital por parte de bancos centrais. A China tem um objetivo de internacionalizar sua moeda como alternativa ao dólar e o Yuan digital poderá ajudar nisso.
A guerra tecnológica entre Estados Unidos e China, também um dos componentes da guerra fria entre estas duas superpotências. No que diz respeito à guerra tecnológica, são citados, por exemplo, dois campos de conflito: Tecnologia 5G e Inteligência Artificial (IA). A China pode liderar o futuro digital mesmo se os Estados Unidos tentarem impedir fazendo a sua parte. A Huawei, empresa chinesa, é detentora da mais avançada tecnologia 5G. A China lançou um programa de incentivo à Inteligência Artificial. O plano do governo chinês declara como objetivos explorar esta oportunidade estratégica e ser pioneiro para construir uma vantagem competitiva no desenvolvimento da IA e assumir a liderança nessa tecnologia de ponta. A era iminente das máquinas inteligentes pode ser um ponto de virada a favor da China na batalha pela hegemonia global com os Estados Unidos. A mais recente Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos insiste que, para manter a vantagem competitiva, os Estados Unidos priorizarão tecnologias emergentes críticas para o crescimento econômico e segurança, como ciência de dados, criptografia, tecnologias autônomas e inteligência artificial. Não há dúvidas de que o país que exercer a liderança em Inteligência Artificial (IA) poderá levá-lo à conquista do poder mundial. Quem conquistar uma vantagem decisiva, poderá usar os avanços em IA para minar o poder econômico ou militar de seus oponentes.
A guerra cibernética se apoia na tecnologia da informação e, modernamente, também nos avanços proporcionados pela inteligência artificial. A guerra cibernética consiste, basicamente, no uso de ataques digitais para fins de espionagem ou sabotagem contra as estruturas estratégicas ou tát
A guerra no espaço entre os Estados Unidos e a China dá seus primeiros passos. China e Estados Unidos avançam na militarização do espaço com missões secretas. Em ambos os casos, os militares fazem enorme segredo das atividades que serão realizadas no espaço. Do ponto de vista militar, os miniônibus espaciais dos Estados Unidos e da China podem servir essencialmente a quatro propósitos: incremento de força, apoio espacial, controle espacial e aplicação de força.Como incremento de força, o veículo poderia oferecer inteligência e reconhecimento de terreno (função de satélite-espião), comunicações e meteorologia. No apoio espacial, poderia ser usado para levar satélites ao espaço ou mesmo recuperar satélites danificados. Como elemento de controle espacial, ele poderia ter papéis ofensivo (prejudicando o funcionamento de satélites inimigos e mesmo os destruindo) e defensivo (monitorando o ambiente espacial e detectando ataques a seus satélites, evitando-os). Finalmente, como aplicação de força, ele poderia ser usado para atacar alvos terrestres. As duas maiores potências espaciais do século 21, Estados Unidos e China estão ampliando o escopo de suas ações militares no espaço, o que, como tantas coisas por esses tempos, soa tão inevitável quando indesejável para o futuro da humanidade.
Pelo exposto, pode-se afirmar que o recrudescimento das guerras comercial, financeira, tecnológica, cibernética e no espaço entre os Estados Unidos e a China colocam a possibilidade da eclosão, no plano militar, da 3ª Guerra mundial envolvendo estas duas grandes potências econômicas e militares e seus respectivos aliados. São três os cenários deste conflito:
1) Se a prosperidade da China acontecer às custas da inviabilização da recuperação das economias dos Estados Unidos e da União Europeia e, também, da economia mundial, poderia levar os Estados Unidos e outros países a confrontar a China. Este processo poderia gerar uma situação similar à Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. A emergência da China como uma superpotência é inevitável e que conflitos de interesses com os Estados Unidos serão incontornáveis disto resultando uma confrontação militar entre os Estados Unidos e a China com a eclosão da 3ª Guerra Mundial.
2) A ascensão da China como potência hegemônica poderá ser bem-vinda à ordem existente. Esta situação seria consequência da interdependência econômica existente entre os Estados Unidos e a China porque esta depende do mercado e dos investimentos norte-americanos e os Estados Unidos precisam do Banco Central chinês para comprar boa parte dos títulos da dívida pública dos Estados Unidos. Neste cenário, o interesse americano seria alcançado a partir da cooperação com a China.
3) Como alternativa ao cenário 1 do enfrentamento direto entre Estados Unidos e China e seus aliados, o governo dos Estados Unidos faria com que as atuais potências asiáticas (Índia, China e Japão) se confrontassem umas contra as outras da qual poderia resultar o enfraquecimento econômico e militar da China. Os Estados Unidos seriam os grandes beneficiários neste cenário.
A China reagiu com previsível fúria ao anúncio oficial do chamado pacto Aukus, um acordo histórico de segurança que une Austrália, Estados Unidos e Reino Unido que é destinado a enfrentar a expansão militar chinesa na região do Indo-Pacífico. Pelo pacto, os australianos terão seu primeiro submarino nuclear fornecido pelos Estados Unidos. Serão no mínimo três. A partir de 2027, submarinos norte-americanos e britânicos ficarão estacionados em algumas cidades da Austrália. A China, a nação mais populosa do mundo, com o maior exército e a maior marinha do mundo, se sente "encurralada" pelos Estados Unidos e seus aliados no Pacífico ocidental. Em resposta, a China pretende acelerar a expansão de seus gastos com Defesa e nomeou a segurança nacional como a principal preocupação dos próximos anos. O mundo está se aproximando de um conflito catastrófico no Pacífico entre a China e os Estados Unidos e seus aliados.
Militarmente, a China hoje é uma força que não pode ser subestimada. Nos últimos anos, o Exército Popular de Libertação, que comanda as forças militares chinesas, fez enormes avanços em tecnologia e inovação, bem como no poderio de seu arsenal de guerra. Nada disso, porém, significa que a China queira ir para a guerra. Embora as tensões tenham crescido muito agora e possam aparecer novos incidentes dentro desse conflito, ambos os lados — China e Ocidente — sabem que uma guerra no Pacífico seria catastrófica para todos. Apesar da retórica raivosa, a escalada desse enfrentamento não interessa a ninguém.
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