Quarta, 04 de Dezembro de 2024
28°

Parcialmente nublado

Salvador, BA

Geral A Ponte

A PONTE SALVADOR-ITAPARICA E AS PRIORIDADES DE DESENVOLVIMENTO DA BAHIA .

ste é o resumo do artigo de 7 páginas que tem por objetivo analisar a implantação da ponte Salvador-Itaparica que tem sido objeto de críticas pelo seus impactos econômicos, ambientais e urbanísticos em Salvador, Ilha de Itaparica e a Baía de Todos os Santos.

04/05/2023 às 23h30
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Fernando Alcoforado*
Compartilhe:
Foto: Reprodução internet
Foto: Reprodução internet

Ninguém duvida que a monumental ponte Salvador-Itaparica projetada pelo governo da Bahia poderá embelezar a paisagem da Baía de Todos os Santos e ser mais um cartão postal de Salvador como é o Elevador Lacerda e o Farol da Barra (Figura 1).  Inicialmente orçada em R$ 2 bilhões, a ponte Salvador-Itaparica de 11,7 km já tem uma estimativa de orçamento final de R$ 9 bilhões com o governo do Estado desembolsando R$ 1,2 bilhão em uma parceria público-privada. Comparada com a ponte Rio-Niterói que tem 13,3 km e custou R$ 5 bilhões, a ponte Salvador-Itaparica é 80% mais cara. A ponte Salvador-Itaparica cujo custo corresponde a R$ 750 milhões/Km é 8,8 vezes o custo por Km da monumental ponte de 41,5 quilômetros de extensão sobre a baía de Jiaodhou, terminada em 2011, na China, que custou o equivalente a R$ 3,5 bilhões e corresponde a R$ 84,3 milhões/Km.  A ponte Salvador-Itaparica é considerada uma das mais caras do mundo.

Para analisar a ponte Salvador-Itaparica, foram avaliados seus impactos positivos e negativos do ponto de vista econômico, ambiental e urbanístico em Salvador e na Ilha de Itaparica e sobre a navegação de embarcações na Baía de Todos os Santos, bem como sua viabilidade técnica, econômica e financeira. Do ponto de vista econômico, o governo do Estado justifica a implantação da Salvador-Itaparica porque se trata de um projeto estruturante que possibilita criar um novo dinamismo, sobretudo, no Recôncavo, Baixo Sul e Litoral Sul da Bahia, permitindo o surgimento de um novo polo industrial e logístico na Região Metropolitana de Salvador, ancorado por investimentos já em curso, a exemplo dos estaleiros em São Roque do Paraguaçu e Maragogipe, ou projetados, como a nova retroárea do porto de Salvador. A ponte Salvador-Itaparica que o governo da Bahia pretende implantar é viável economicamente?  Não se sabe porque não há um estudo de viabilidade técnica, econômica e financeira.

Do ponto de vista ambiental, a construção da ponte Salvador- Itaparica trará impactos ambientais negativos representados pela destruição de ecossistemas marinhos da região, a ocupação desordenada das áreas de preservação da ilha de Itaparica e o risco de especulação imobiliária em uma área de infraestrutura precária, entre outros. Do ponto de vista da navegação na Baia Todos os Santos, a construção da ponte Salvador- Itaparica trará impactos negativos a redução do vão central da ponte com o propósito de diminuir o investimento trará como consequência a possibilidade de embarcações de grande porte não poderem entrar e nem sair e, com a nova largura do vão central, navios de carga mais modernos já não poderão transitar em mão dupla, com velocidade e segurança adequadas. Do ponto de vista urbanístico, a ponte Salvador- Itaparica tende a agravar os problemas de trânsito hoje enfrentados por Salvador, uma vez que a junção da ponte com a cidade possivelmente se constituirá em novo gargalo porque privilegia o modal rodoviário. A ponte atrairá uma demanda espalhada de veículos automotores por toda a RMS e não apenas na capital. Nesse cenário, a qualidade de vida dos habitantes de Salvador seria negativamente afetada.

O lamentável é que a implantação da ponte Salvador-Itaparica está sendo colocada pelo governo da Bahia como seu projeto prioritário quando outras iniciativas mais importantes deveriam merecer prioridade máxima como a de fazer frente ao processo de desindustrialização em curso na Bahia promovendo investimentos em sua reindustrialização, realizar obras de infraestrutura visando a superação da escassez hídrica que restringe o desenvolvimento do semiárido baiano e da própria Bahia, executar  obras voltadas para a prevenção contra enchentes resultantes de chuvas inclementes para evitar a destruição de infraestruturas e a morte de populações por elas afetadas e realizar obras visando evitar ou minimizar os efeitos de inundações provocadas pela elevação do nível dos oceanos em consequência do aquecimento global para evitar a submersão de cidades e áreas litorâneas, a destruição de infraestruturas e a morte de populações afetadas.

Continua após a publicidade

Confrontando a ponte Salvador- Itaparica com as iniciativas objetivando a reindustrialização da Bahia, a superação da escassez hídrica do Semiárido da Bahia, a realização de obras de prevenção contra enchentes resultantes de chuvas inclementes e a realização de obras para evitar ou minimizar os efeitos de inundações provocadas pela elevação do nível dos oceanos em consequência do aquecimento global, pode-se afirmar que as quatro últimas iniciativas são mais importantes do que o projeto da ponte porque contribuirão para promover o desenvolvimento do Estado da Bahia (com a reindustrialização da Bahia e a superação da escassez hídrica do Semiárido da Bahia) e promover a proteção da população da Bahia contra desastres naturais com a realização de obras de prevenção contra inundações resultantes de chuvas inclementes e da elevação do nível dos oceanos. A população baiana se beneficiará muito mais se o governo da Bahia priorizar essas quatro últimas iniciativas. O governo da Bahia, por sua vez, ganhará o respeito da maioria da população baiana se abandonar o projeto da ponte e priorizar as iniciativas de reindustrialização da Bahia, de superação da escassez hídrica do Semiárido da Bahia e de proteção da população da Bahia contra desastres naturais com a realização de obras de prevenção contra inundações resultantes de chuvas inclementes e da elevação do nível dos oceanos. 

O abandono do projeto da ponte Salvador-Itaparica se justifica, também, porque ele não foi proposto com base em um plano de desenvolvimento do Estado da Bahia,  a ponte é a mais cara do mundo, não foi demonstrado que ela é viável técnica, econômica e financeiramente, a redução do vão central da ponte com o propósito de diminuir o investimento trará como consequência a possibilidade de embarcações de grande porte não poderem entrar e nem sair e, com a nova largura do vão central, navios de carga mais modernos já não poderão transitar em mão dupla, com velocidade e segurança adequadas. Além disso, a ponte  provocará impactos ambientais negativos representados pela destruição de ecossistemas marinhos na Baia de Todos os Santos, a ocupação desordenada das áreas de preservação da ilha de Itaparica e o risco de especulação imobiliária em uma área de infraestrutura precária, além de a ponte ser implantada em uma Área de Proteção Ambiental (APA), desde 1999, através do Decreto Estadual 7595 e como tal poderá sofrer danos irreversíveis se obras desse nível forem construídas no local.

Continua após a publicidade

Diante da avaliação negativa da ponte Salvador- Itaparica, as prioridades do governo da Bahia deveriam ser, portanto, as seguintes:

1.     Sustar o processo de desindustrialização em curso na Bahia com a promoção de investimentos em sua infraestrutura industrial, a atração de investidores nacionais e estrangeiros visando a reindustrialização da Bahia, com o incentivo à implantação de indústrias substitutivas de importações de insumos e produtos, com o financiamento e a concessão de incentivos fiscais para assegurar a autossuficiência baiana no setor industrial e o desenvolvimento da indústria 4.0 contribuindo, desta forma, para o desenvolvimento econômico e social da Bahia.

Continua após a publicidade

2.     Executar obras de infraestrutura visando a superação da escassez hídrica que restringe o desenvolvimento do semiárido baiano e da própria Bahia com a realização de  vultosos investimentos visando a integração das bacias do Rio São Francisco com as bacias dos demais rios existentes na região e a implantação de açudes em pontos estratégicos de seu território contribuindo, desta forma, para o desenvolvimento econômico e social da Bahia.

3.     Realizar obras voltadas para a prevenção contra inundações resultantes de chuvas inclementes resultantes da mudança climática global para evitar a destruição de infraestruturas e a morte de populações.

4.     Executar obras de infraestrutura para evitar a submersão de cidades e áreas litorâneas, a destruição de infraestruturas e a morte de populações provocadas pela elevação do nível dos oceanos devido ao aquecimento global.

Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?v=CshiFN4_M6o

Para ler o artigo completo de 7 páginas, acessar os websites do Academia.edu <https://www.academia.edu/101202879/A_PONTE_SALVADOR_ITAPARICA_E_AS_PRIORIDADES_DE_DESENVOLVIMENTO_DA_BAHIA>, do SlideShare <https://www.slideshare.net/Faga1939/a-ponte-salvadoritaparica-e-as-prioridades-de-desenvolvimento-da-bahiapdf>,  do WordPress <https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.com/3550>, e do Linkedin <https://www.linkedin.com/pulse/ponte-salvador-itaparica-e-prioridades-de-da-bahia-alcoforado/?published=t>

* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022) e How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023).

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Fernando Alcoforado
Fernando Alcoforado
Sobre Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona. Professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997),De Collor a FHC — O Brasil.
Salvador, BA Atualizado às 13h08 - Fonte: ClimaTempo
28°
Parcialmente nublado

Mín. 24° Máx. 27°

Qui 27°C 25°C
Sex 26°C 25°C
Sáb 27°C 25°C
Dom 27°C 25°C
Seg 27°C 25°C
Horóscopo
Áries
Touro
Gêmeos
Câncer
Leão
Virgem
Libra
Escorpião
Sagitário
Capricórnio
Aquário
Peixes