É preciso observar que a Civilização é considerada o estágio mais avançado que uma sociedade humana pode alcançar do ponto de vista político, econômico, social, cultural, científico e tecnológico. Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. Os cidadãos são os detentores do poder e confiam parte desse poder ao Estado para que possa organizar a sociedade.
Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. O contrário de Civilização é a Barbárie que é a condição daquilo que é selvagem, cruel, desumano e grosseiro, ou seja, quem ou o que é tido como bárbaro que atenta contra o progresso político, econômico, social, cultural, científico e tecnológico.
A barbárie sempre se caracterizou ao longo da história da humanidade por grupos que usam a força e a crueldade para alcançar seus objetivos. O contrário de democracia é Ditadura que é um regime governamental no qual todos os poderes do Estado estão concentrados em um indivíduo, um grupo ou um partido. O ditador não admite oposição a seus atos e ideias, e tem grande parte do poder de decisão. É um regime antidemocrático no qual não existe a participação da população.
Existem alguns elementos geralmente aceitos por todos sobre o que tornaria uma sociedade civilizada e democrática: 1) oferecer segurança garantida para todos os cidadãos que não devem temer a perda de suas vidas ou ter danos físicos; 2) prover assistência médica da melhor qualidade possível para todos os membros da sociedade; 3) conceder acesso à comida e água para todos os cidadãos de modo que nenhuma pessoa passe fome ou sede; 4) prover as condições básicas de habitação para todos os cidadãos; 5) possuir um sistema legislativo democrático cujas leis sejam estabelecidas para preservar o bem-estar da população; 6) prover um sistema educacional que garanta igualdade de acesso à educação de alto nível para todas as pessoas visando tornar sua população altamente educada; 7) defender o meio ambiente; e, 8) assegurar para a população a liberdade de pensamento, crença, religião, afiliação e expressão e o direito de participar das decisões de governo.
O termo barbárie significa uma ruptura com os padrões morais que regulam a vida em sociedade e os controles sociais baseados nos fundamentos da civilização dando lugar à violência desenfreada e o desprezo pela democracia e pelo ser humano com a implantação de uma ditadura. O grande desafio do Brasil na era contemporânea é fazer com que, após as eleições de 2022, a civilização e a democracia prevaleçam sobre a barbárie e a ditadura bolsonarista.
No Brasil, ano a ano, década a década, a barbárie e o desprezo pelo ser humano têm aumentado parecendo não haver um limite para este fenômeno. A barbárie aumentou enormemente durante o governo Bolsonaro porque sua política econômica tem sido desastrosa ao adotar os princípios do neoliberalismo mais radical buscando desmantelar o Estado brasileiro desenvolvimentista construído desde 1930 por Getúlio Vargas e mantido por outros governantes, sua política de geração de emprego não é sua preocupação fundamental ao nada fazer para reativar a economia disto resultando no maior nível de desemprego com mais de 14 milhões de desempregados e 27 milhões de trabalhadores subutilizados já registrados na história do Brasil, sua política econômica é lesiva aos interesses nacionais ao contribuir para a desnacionalização da economia brasileira e à desindustrialização do País, sua política ambiental é responsável pelo crescimento das queimadas e do desmatamento na Amazônia Legal e pela desobediência ao Acordo de Paris de combate à mudança climática global, sua política de ciência e tecnologia promoveu a destruição do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) construído ao longo dos últimos 60 anos, sua política de educação e cultura se caracteriza por uma guerra santa ultraconservadora de caráter neofascista contra os ideais progressistas e democráticos, sua política dos direitos sociais se caracteriza por desprezar os direitos fundamentais previstos na Constituição de 1988, não considerar o amparo aos desempregados e à população pobre e demonstrar seu desapego à democracia e falta de respeito como se dirige a amplos setores sociais e sua desastrosa política de saúde pública fracassou no combate à propagação do novo Coronavirus ao tornar inoperante o Ministério da Saúde, além de sabotar todas as medidas postas em prática por governadores e prefeitos para combater a propagação do vírus.
Diante da perspectiva de ser derrotado nas próximas eleições presidenciais, Jair Bolsonaro busca se manter no poder procurando desmoralizar o sistema eleitoral do País que é acusado por ele sem provas de fraudar eleições desde 2014 como fez no dia 18/07 ao fazer uma preleção para dezenas de embaixadores convidados se empenhando em desmoralizar as eleições no Brasil. Um dia após o presidente Jair Bolsonaro repetir mentiras sobre a confiança no sistema eleitoral brasileiro em encontro com embaixadores, três associações de servidores da Polícia Federal emitiram em 19/07 uma nota conjunta manifestando confiança nas urnas eletrônicas afirmando que nunca foi apresentada qualquer evidência de fraude no sistema eleitoral.
O documento é assinado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol). Como é improvável sua vitória nas eleições presidenciais, Bolsonaro procura conturbar a vida nacional com um ataque recheado de mentiras repetidas contra a cúpula do Judiciário do Brasil. Rebaixa-se na empreitada de Bolsonaro, o Itamaraty e as Forças Armadas com suas conivências golpistas. O propósito de Bolsonaro é o de que as eleições não se realizem porque, de acordo com as pesquisas eleitorais, sabe que não renovará seu mandato e, se as eleições ocorrerem, e sua derrota acontecer, desencadeará um golpe de estado sob o falso argumento de que houve fraude nas eleições para implantar uma ditadura de extrema direita no Brasil.
Pelo exposto, Bolsonaro precisa ser derrotado nas eleições de 2022 porque a barbárie e a ditadura por ele defendidas são as grandes ameaças ao futuro do Brasil. Nas eleições de 2022, o Brasil precisa da união da grande maioria do povo brasileiro para fazer com que a civilização e a democracia se sobreponham à pretendida barbárie e ditadura bolsonarista. O Brasil precisa resgatar os ideais de busca da felicidade humana, da justiça e da igualdade social preconizados pelo Iluminismo durante a idade Média na Europa.
Do confronto entre as forças defensoras da civilização e da democracia com as defensoras da barbárie e da ditadura bolsonarista pode resultar a manutenção da democracia representativa no Brasil com a vitória de um dos candidatos democratas (Lula, Ciro Gomes, Simone Tebet, entre outros) ou o seu fim com a vitória de Bolsonaro nas eleições presidenciais. Da mesma forma que o Iluminismo foi a resposta política e ideológica à barbárie, o mesmo deveria ser considerado no Brasil para unir, no momento atual, a todos os cidadãos que defendem a democracia, a emancipação política, a liberdade de pensamento e a justiça social visando promover a melhoria da condição humana no País.
Tudo indica que Bolsonaro não vai aceitar o resultado das eleições de 2022 porque, de acordo com as pesquisas eleitorais, perderá no segundo turno para todos os demais candidatos à Presidência da República, sobretudo para o ex-presidente Lula, e que um eventual golpe de estado estaria sendo por ele planejado e que teria o apoio de determinados setores das Forças Armadas, de policiais militares, de milicianos e de segmentos da sociedade civil.
O golpe de estado seria a tentativa de Bolsonaro de implantar uma ditadura sob seu comando para impor à sociedade brasileira seu pensamento retrógrado e, também, evitar ser levado às barras de tribunais para responder pelos crimes que vem praticando desde que assumiu a presidência da República. A barbárie do golpe de estado poderá ocorrer antes ou depois das eleições. Diante desta perspectiva, as forças defensoras da civilização e da democracia devem se preparar para este enfrentamento e não apenas para derrotar Bolsonaro nas eleições de 2022.
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* Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.
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