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Aprovado para cursar três cursos de graduação, estudante cearense ingressa em Ciência de Dados no RJ

Aprovado em três universidades, o estudante Pedro Ricardo Alves Freitas concluiu a educação básica em 2024 na Escola Estadual de Educação Profissio...

11/02/2025 às 09h22
Por: Redação Fonte: Secom Ceará
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Foto: Reprodução/Secom Ceará
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Aprovado em três universidades, o estudante Pedro Ricardo Alves Freitas concluiu a educação básica em 2024 na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Miguel Gurgel, em Fortaleza, onde fez o curso técnico em Informática. Aos 18 anos, o jovem agora se adapta à vida na capital fluminense, para onde se mudou na semana passada, com o objetivo de cursar a faculdade de Ciência de Dados e Inteligência Artificial na Fundação Getúlio Vargas (FGV). As aulas na instituição de ensino superior começaram nessa segunda-feira (10).

As notas de Pedro Ricardo no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) eram suficientes para ingressar no curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), que foi uma de suas opções no Sistema de Seleção Unificada. Com 980 pontos na prova de redação e mais de 800 na de Matemática, havia, ainda, a possibilidade de cursar Estatística e Ciência de Dados na Universidade de São Paulo (USP), que foi outra de suas alternativas.

O desejo de permanecer no campo da Informática falou mais alto. A descoberta da aptidão veio com base em experiências no curso técnico e também em pesquisas sobre como é a rotina de um cientista de dados. “Na 2ª série, a gente tem uma matéria que se chama Banco de Dados, em que vemos o básico desse mundo, que se relaciona diretamente com sites, desde coisas mais visíveis, como armazenar senhas e e-mails, até coisas mais complexas, como tomar decisões com base em informações existentes. Uns dois meses antes do Enem, eu fui pesquisar melhor como era o currículo do curso. Queria seguir na área da Informática, mas percebi que não adiantava ver só a faculdade, precisava entender a profissão. Afinal, é para isso que eu faria faculdade. Busquei assistir a vídeos de profissionais já atuantes, peguei dicas, vi quais profissões existem para quem se forma em Ciência de Dados, e gostei. Chancelei minha decisão quando fui pra feira das profissões na UFC, onde visitei o estande do curso e ouvi a experiência pessoalmente de alguém que estava cursando”, lembra.

“Diferentemente das pessoas que sonham em fazer Medicina, desde o princípio eu não pretendia cursá-la. Na verdade, o corpo humano até me assusta. Não tenho estômago pra isso”, brinca. “Quando passei na FGV, faculdade que escolhi, percebi que não iria usar a nota do Enem. Então, utilizei-a em um curso que considerava mais difícil pra ver como me sairia”, explica.

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Foto: Reprodução/Secom Ceará
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Estrutura de apoio

Conforme Pedro, na FGV também é possível entrar com a nota do Enem, mas para ter acesso aos benefícios que a instituição oferece, era preciso passar no próprio vestibular da faculdade. “Entrei em um programa chamado Seleção de Talentos, que convida alunos que se destacam em Matemática nas escolas públicas”, pontua. Desta forma, o estudante teve acesso a bolsa de estudos de 100%, além de uma ajuda de custo proporcionada a alunos que vêm de fora do estado do RJ. Nos dois primeiros anos, de acordo com Pedro, haverá ainda possibilidade de moradia gratuita numa espécie de república, que fica a 10 minutos a pé da universidade.

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“Fora outras coisas, como curso de inglês, apoio psicossocial, possibilidades de intercâmbio e a própria experiência em si de mudar de cidade, que eu admito ser incrível, por eu ser uma pessoa que gosta muito de ter experiências novas e desbravar o mundo. Terei todo um acompanhamento e suporte, sendo diferente de ir por conta própria, buscando moradia sozinho e tirando do meu próprio bolso e dos meus pais. Também considerei a USP, uma faculdade que eu escolheria sem pensar duas vezes, só que pela USP eu não teria tantos incentivos quanto pela FGV”, pondera.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
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Passado o momento de escolha e de traslado para a nova cidade, Pedro se diz pronto para iniciar a nova etapa, embora saiba que tantas mudanças simultâneas exijam habilidades diversas para superar os desafios do dia a dia.

“Diferentemente de Fortaleza, onde eu nasci, cresci e sei andar pela cidade, o Rio é um lugar tremendamente novo, em que eu não sei quais são os locais e dias mais ou menos tranquilos, o ônibus que pegarei pra chegar em determinado lugar, os valores. Os cheiros de cuscuz e tapioca talvez não sejam os mesmos. As músicas, o movimento das pessoas, o jeito de falar, as gírias, a forma de agir e até a vegetação são diferentes do que eu estou acostumado. Ao mudar de estado e ainda ir sozinho, terei que me virar para me adaptar ao novo local, ao novo estilo de vida e às novas responsabilidades”.

Novos rumos

O desejo do estudante – agora universitário – é construir uma bagagem ampla, marcada por experiências significativas, enquanto faz a faculdade. “Sou uma pessoa que se mete em muita coisa. Gosto de projetos extras, como olimpíadas, eventos, cursos, e tenho certeza de que na faculdade não vai ser diferente. Mas vou ter que manter minha média alta para não perder a bolsa. Então, precisarei conciliar tudo que eu quiser fazer”, reflete.

Relembrando as renúncias que precisou fazer na reta final do Ensino Médio, o jovem destaca a importância dos vínculos afetivos para a manutenção do equilíbrio emocional.

“Eu sempre fui aquela pessoa que queria fazer de tudo um pouco: estudar, mas também ver filmes. Queria tempo pra praticar esporte, sair com pessoas, entender de política, ouvir boas músicas, cuidar das plantas, dormir bem. Tudo isso junto é impossível de dar conta, mesmo com a rotina estruturada e organizada. Então, eu me apeguei a algumas dessas coisas, mais especificamente a uma, que tratei como inegociável: manter meus laços afetivos. A experiência de estar com pessoas que eu gosto me faz muito bem, é uma forma de eu me sentir vivo e descansar das obrigações. Por isso, quando me chamavam numa sexta-feira às 17 horas, depois da aula, pra ir à casa de fulano jogar bola, mesmo cansado, eu não deixava de ir. Ou quando minha mãe, sem saber que meu fim de semana estava todo planejado, dizia que a gente iria à praia no sábado, e mesmo querendo ficar pra estudar, eu não deixava de ir, porque no final das contas era aquilo que me mantinha vivo e de pé para enfrentar os desafios do dia a dia”, ressalta.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
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Técnicas

A propósito de desafios, Pedro relata ter adotado uma série de estratégias para ter conseguido êxito nos objetivos acadêmicos.

“Eu me considero muito esforçado. Dei tudo de mim. Passar o dia na escola não é fácil, e ainda estudar em casa quando chega é um cronograma muito intenso. Fora o fim de semana, que eu também tirava pra estudar quando fosse necessário. Os professores me davam a base na sala de aula e eu buscava fazer exercícios. Sempre gostei muito de fazer questões antigas, de entrar em sites especializados com bancos de questões. Isso me ajudou muito a aprender e a me preparar para os vestibulares, porque eu tinha noção de como o conteúdo seria cobrado. Criava minhas próprias técnicas para resolver questões daquele tema. Aos poucos, quanto mais questões eu fazia, mais adquiria repertório para saber responder com facilidade aquele tema, ou deduzir a melhor resposta”, pontua.

Além das horas dedicadas ao estudo, alguns outros fatores foram fundamentais, segundo relata o estudante.

“A minha nota da redação só chegou a 980 porque fiz, também, olimpíadas, como a Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB). Adquiri uma quantidade imensa de conteúdo sobre diversos assuntos, desde a questão indígena, até o racismo, embates tecnológicos e a valorização de patrimônios históricos. Porque além de criar um senso crítico muito forte, para responder às questões de forma correta, eu precisava pesquisar muito para ter certeza do que iria fazer, argumentar de forma fundamentada para passar esse conhecimento para as outras equipes, demonstrando credibilidade”, rememora.

Além disso, a participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas OBMEP, também agregou conhecimentos relevantes para o jovem. “Especialmente na 3ª série, quando eu me dediquei para a segunda fase e consegui ser medalhista de prata, estudei matemática de um jeito muito bacana, que eu nunca tinha experimentado. Isso aumentou ainda mais minha base pro Enem. Fora os projetos extras secundários da própria escola, como um de leitura, em que todo bimestre a professora de português trouxe um livro para lermos. É um conjunto que vai se somando ao longo do tempo para algo gigante. Certas coisas mais básicas, como um bom ambiente de estudos, também fazem diferença”, conclui.

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