Visando oferecer melhor assistência médica especializada a pessoas diagnosticadas ou com suspeita de Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), instalou o Ambulatório de Doenças Inflamatórias na Policlínica Diamante, em São Luís (MA). O ambulatório atenderá pacientes adultos e crianças encaminhados por meio da rede estadual de saúde.
"O Governo do Estado segue avançando por um Sistema Único de Saúde mais resolutivo e digno, ao garantir assistência especializada para pessoas que foram diagnosticadas com uma doença inflamatória intestinal. Agora, elas podem contar com um espaço que é só seu, com consultas, exames laboratoriais e de imagem, além do apoio e tratamento humanizado", afirmou o secretário de Estado da Saúde, Tiago Fernandes.
O Ambulatório Especializado em DII iniciou suas atividades no último dia 6 de maio, funcionando sempre às terças-feiras, a partir das 14h, e às quintas-feiras, a partir das 9h. O objetivo é garantir o tratamento de pacientes já diagnosticados que, por algum motivo, ainda não são acompanhados por especialistas; além de realizar o diagnóstico precoce de novos casos encaminhados pela Rede Estadual.
Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)
As Doenças Inflamatórias Intestinais são representadas principalmente pela Doença de Crohn e pela Retocolite Ulcerativa. São doenças auto-inflamatórias, sem cura, em que o próprio organismo inflama o intestino, afetando gravemente a qualidade de vida do paciente. Se não tratadas corretamente, podem causar complicações graves, necessidade de cirurgias e até a morte. Com acompanhamento adequado, no entanto, é possível manter uma vida normal.
De acordo com o médico gastroenterologista Valbert Batista, que atua no ambulatório da Policlínica Diamante, não há uma causa definida para o surgimento dessas doenças. “O que se sabe é que há uma predisposição genética. Uma pessoa predisposta, se exposta a certos fatores ao longo da vida, como tabagismo e dieta ultraprocessada, pode desenvolver sinais e sintomas típicos da DII”, explicou.
Entre os principais sinais de alerta estão: diarreia persistente por mais de três a quatro semanas ou recorrente, dor abdominal sem causa aparente, febre, perda de peso, sangue nas fezes, fadiga e urgência para evacuar.
Embora a maioria dos casos surja entre os 20 e 40 anos, a DII também pode acometer crianças e idosos. O acompanhamento especializado é fundamental para reduzir o risco de internações, infecções, necessidade de cirurgias por obstruções intestinais e até mesmo o desenvolvimento de câncer de intestino — riscos que aumentam em casos não diagnosticados ou não tratados precocemente.
A técnica de enfermagem Larissa Ferreira de Assis, de 30 anos, relatou que passou dois anos buscando diagnóstico para os constantes desconfortos intestinais que sentia. No Ambulatório de DII, recebeu a confirmação da Doença de Crohn. “Quando chegou o diagnóstico e o médico me explicou o que era a doença, ele me deu um norte que agora me deixou mais tranquila. Isso mostra que realmente o SUS funciona”, declarou.
Saymon de Oliveira, de 15 anos, natural de Junco do Maranhão, também passou por diversos diagnósticos equivocados até descobrir que tinha Doença de Crohn. Agora, recebe atendimento no ambulatório. “Isso ajuda muito para quem tem e nem sabe que tem. É bom ter mais disponibilidade, porque tem muita gente que precisa”, afirmou.
A mãe de Saymon, Maria do Socorro Oliveira, de 49 anos, celebrou o atendimento: “Fico muito feliz, porque a gente perece por falta de conhecimento da doença. Somos gratos por tudo isso”.
Tratamento e funcionamento
O tratamento é feito conforme as Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde (PCDT). Ao apresentar sinais e sintomas, o paciente deve procurar atendimento médico em uma Unidade Básica de Saúde. Se necessário, será encaminhado a um gastroenterologista ou coloproctologista da rede estadual para iniciar o processo de diagnóstico e, posteriormente, acompanhamento no Ambulatório de DII da Policlínica Diamante.
“Primeiro confirmamos o diagnóstico de pacientes que já são acompanhados em outros serviços, podendo ser necessário complementar exames. Nos casos novos, investigamos até confirmar ou não o diagnóstico. Em seguida, classificamos a DII em leve, moderada ou grave, utilizando escores. Dependendo da gravidade, indicamos a medicação mais adequada para cada perfil”, explicou o Dr. Valbert Batista.
Uma vez incluído no fluxo assistencial, o paciente passa a ter acompanhamento contínuo, com consultas trimestrais ou a cada quatro meses. Além do tratamento no ambulatório, os pacientes recebem prescrição para retirada de medicamentos via Farmácia Estadual de Medicamentos Especializados (FEME).
O agendamento das consultas é feito pela unidade de saúde que solicita o encaminhamento. O ambulatório oferece 30 vagas semanais, sendo 15 às terças-feiras no turno da tarde e 15 às quintas-feiras pela manhã.
Os pacientes com suspeita ou diagnóstico de DII, sem indicação de internação hospitalar, também devem ser encaminhados ao Ambulatório de DII da Policlínica do Diamante para avaliação ambulatorial eletiva.
Na Rede Estadual, a referência hospitalar é o Ambulatório do Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM). Em caso de recaída grave da doença, com necessidade de internação e porventura cirurgia de urgência, as portas de entrada são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) que farão o encaminhamento para o Hospital da Ilha e o HCM.
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