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O jornalista Paulo Motoryn, editor e repórter em Brasília, do Intercept Brasil, está recebendo incessantes ameaças de morte e violência física desde a última quinta-feira, 13.

A reportagem despertou a ira de uma rede coordenada de defensores dos golpistas.

18/03/2025 às 22h37
Por: Redação Fonte: Intercept Brasil
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Imagem / Itercept Brasil (Reprodução)
Imagem / Itercept Brasil (Reprodução)

O jornalista Paulo Motoryn, editor e repórter em Brasília, do Intecept Brasil, está recebendo ameaças de morte e violência física. Veja denúncia do portal Intercept. 

“Vamos arrancar sua cabeça”, “tu vai implorar pela anistia” e “merece um banho bem-dado com água sanitária” são apenas algumas das mensagens e postagens odiosas, que incluíram o vazamento de suas informações pessoais, além de menções a membros da sua família.

Motoryn virou alvo após ter publicado uma reportagem investigativa aqui no Intercept. Nela, mostramos que Josiel Gomes de Macedo — condenado a 16 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e por incendiar uma viatura em 8 de janeiro — vive tranquilo após quebrar sua tornozeleira e fugir para a Argentina.

A reportagem despertou a ira de uma rede coordenada de defensores dos golpistas, composta por emissoras de rádio, televisão, personalidades e políticos famosos da extrema-direita. Foi justamente uma publicação de Eduardo Bolsonaro que fez a onda de ataques tomar uma proporção assustadora.

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Além dele, outras figuras públicas destilaram xingamentos, como “Judas” e “rato”, e incitaram o ódio de seus seguidores ao dizer, por exemplo, que Motoryn “desperta instintos primitivos”.

O próprio Josiel, sentido-se protegido pelo guarda-chuva do golpismo, também fez ameaças ao repórter em uma live: “Todo mundo agora, a partir de agora, está de olho em você. Já sabe quem é você. Já sabe o que você fez. E também vão atrás de você. Você pode ter certeza disso”.

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Para “vítimas inocentes” e “reféns inofensivos”, não é curioso como esses foragidos e seus apoiadores apelam para violência tão rapidamente quando desmascarados?

Essa reação só prova o ponto principal da reportagem: não lidamos apenas com extremistas isolados, mas sim com uma organização política poderosa, adoradora de torturadores e da ditadura, que se protege a qualquer custo — e que está disposta a cometer mais crimes para calar qualquer um que se levante contra ela.

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Nós, mais uma vez, seguiremos com o nosso jornalismo, mostrando como essa rede ameaça a liberdade e a segurança de todos. Mas esse é o tipo de trabalho que não pode, nem deve, ser jogado nas costas de um só repórter ou redação. É preciso ser feito por várias mãos!

 
 

Ao contrário de Josiel e outros golpistas condenados, Paulo Motoryn está fazendo o seu trabalho: expor fatos de interesse público e alta relevância política. Intimidações a membros da nossa equipe e tentativas baixas de ferir a liberdade de imprensa não serão toleradas.

O Intercept já encaminhou à polícia as postagens com ameaças e registrou um boletim de ocorrência. Por que, como a história já mostrou, se aceitarmos a impunidade, aceitaremos também esse tipo de ameaça violenta como regra.

Neste caso, as vítimas foram o nosso editor e o nosso jornalismo. Mas o perigo maior paira sobre todos nós.

Enquanto o jornalismo corporativo é financiado pela mesma rede de políticos e empresários que bancaram o golpe, nós escolhemos seguir independentes.

Isso nos deixa vulneráveis, é verdade. Mas, ao mesmo tempo, nos dá a liberdade jornalística necessária para apertar o calo dos poderosos e mudar o país — por mais desafiador e perigoso que seja.

 

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