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Política Bastidores

Congressuanas e Esplanadumas, coluna de informações e palpites sobre os bastidores dos poderes da República.

Notas de Brasília.

19/10/2023 às 22h53 Atualizada em 19/10/2023 às 23h09
Por: Colunista Fonte: Humberto Azevedo*
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Foto: Reprodução internet
Foto: Reprodução internet

Pouca repercussão.

Causou pouca repercussão, em Brasília, o início das cobranças do pedágio por parte do Consórcio Infraestrutura MG, formada pelas empresas Equipav e Perfin, denominado de EPR Sul de Minas, no último final de semana em três pontos da BR-459. A tarifa de R$ 9,20 cobrada em cada praça de pedágio administrada pelo referido empreendimento comercial causou indignação por parte da população usuária da rodovia que liga as cidades de Lorena (SP) a Poços de Caldas (MG).

Plenário.

Utilizaram os microfones do plenário Ulysses Guimarães, da Câmara dos Deputados, para reclamar e denunciar o excessivo valor cobrado em cada pedágio ao longo da BR-459 entre as cidades mineiras de Itajubá a Poços, apenas dois deputados: Junio Amaral (PL-MG) e Odair Cunha (PT-MG).

Má-gestão.

O parlamentar aliado do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e defensor do governador Romeu Zema (Novo), Junio Amaral, afirmou que as ocorrências aconteceram devido a “má-gestão” e “incompetência” da empresa que administra parte da rodovia. Além de ter classificado como “super-caro” os valores praticados para o pedágio. Além de criticar o valor da tarifa, o parlamentar aliado de Zema proferiu ataques ao terceiro governo do presidente Lula e disse que procurará intermediar junto ao governo mineiro a redução do valor do pedágio.

Retrato do abandono.

Já o petista Odair Cunha subiu à tribuna para desancar a gestão do governador mineiro, Romeu Zema. Afirmou que a situação do “pedágio altíssimo” é resultado do abandono promovido pela atual gestão estadual com objetivo em forçar a entrega do equipamento público para a iniciativa privada. “Além da fila quilométrica, foram deixados quilômetros sem nenhuma melhora, irritando aqueles que passavam pelo trecho da 459”, comentou.

Mandado de Segurança.

Tentando evitar a cobrança dos R$ 9,20 em cada praça de pedágio, o mandato do petista Odair Cunha juntamente com o mandato do deputado estadual Ulysses Gomes, também do PT, ingressou na primeira Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Santa Rita do Sapucaí com um Mandado de Segurança, na última terça-feira, 10 de outubro, a fim de que seja obtida a liberação da “passagem dos veículos que transitam pela rodovia BR-459, sem que seja feito o pagamento do pedágio, até que o serviço de cobrança seja feito de forma regular e não impeça o direito de ir e vir dos Impetrantes”.

Sem manifestação.

Se na Câmara dos Deputados apenas dois dos 53 deputados, que representam a população do estado, repercutiram o caos proporcionado pelo início do pedágio na BR-459, no Senado Federal nenhum dos três senadores utilizou os microfones da Casa da Federação para falar dos episódios que bagunçaram a vida de milhares de pessoas nos últimos dias. De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado este ano, residem na região do Sul de Minas quase 2,9 milhões de habitantes.

Federal ou estadual.

Mas o interessante é que nenhum dos dois parlamentares que se manifestaram sobre o furdúncio, um bolsonarista e um petista, comentaram o fato mais grave que envolveu a privatização de uma rodovia federal com o dinheiro indo parar nos cofres do governo estadual.

Entendendo a história.

Em 2002, sem condições financeiras de realizar a manutenção da BR-459 o governo federal de então, à época do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) transferiu essa responsabilidade para o Governo de Minas Gerais, que então tinha como gestor o ex-presidente Itamar Franco.

Passados os anos.

Passados os anos, como a manutenção da rodovia também não estava sendo feita a contento pelo governo mineiro, a responsabilidade sob a BR-459 voltou a ser do governo federal em 2016. Só que em 2020, na gestão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), essa responsabilidade retornou a ser do governo estadual após um acordo realizado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT) com a gestão mineira com a finalidade de transferir a rodovia para o Programa estadual de Concessões Rodoviárias.

Ilegal.

Só que de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a iniciativa adotada por Bolsonaro é ilegal. De acordo com o MPF, “a BR-459 faz parte Rede de Integração Nacional (Rinter), o que a torna expressamente excluída da possibilidade de transferência segundo o artigo 18, [inciso] II da Lei 12.379/2001”.

Efeito suspensivo.

Mas mesmo com a ilegalidade apontada pelo MPF que ajuizou uma ação para impedir a realização do leilão organizado pelo governo mineiro, em agosto de 2022, impediu a compra da BR-459 pela Concessionária Rodovias do Sul de Minas. Isso aconteceu porque mesmo depois do MPF obter na justiça o impedimento do leilão, uma decisão tomada pelo Tribunal Regional Federal (TRF), da 1ª Região em Brasília (DF), concedeu um efeito suspensivo - sem julgar o mérito da ação - para que o leilão fosse realizado.

Ação parada.

Desde então, a ação impetrada pelo MPF na Justiça Federal com objetivo de fazer com que a BR-459 volte a administração da União encontra-se parada aguardando julgamento.

377 milhões.

A Concessionária Rodovias do Sul de Minas ganhadora da licitação realizada pelo governo de Minas em 17 de agosto de 2022 arrematou a BR-459 pelos próximos 30 anos por 377 milhões de reais. A expectativa do governo mineiro é que a rodovia federal fosse vendida por 402 milhões de reais. O valor menor auferido ocorreu, em certa medida, porque uma das principais concorrentes em adquirir a BR-459, a empresa Monte Rodovias SA, desistiu de apresentar proposta.

10 bi em 30 anos.

Supondo que as três praças de pedágio ao longo da BR-459 administradas pelo CNPJ 48.127.008/0001-40 possua uma média diária de 100 mil veículos transitando por suas vias, o pedágio representará cerca de R$ 920 mil por dia, R$ 27,6 milhões por mês e R$ 331 milhões por ano. Ou seja, quem comprou a rodovia federal vendida por um governo estadual e pagará R$ 377 milhões diluído em 30 anos terá um faturamento de quase R$ 10 bilhões no período de 360 meses. Isso, claro, se cerca de 100 mil usuários passarem em cada uma das três praças de pedágio, agora existentes, por dia.

 

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Humberto Santos Azevedo
Humberto Santos Azevedo
Sobre Coluna de Humberto Santos Azevedo de notas semanal sobre os bastidores dos poderes da República, em Brasília. Graduado em Comunicação Social pela Universidade do Vale do Sapucaí - UNIVÁS. Docente Especialista em Ensino Superior pela FATECDF. Graduado em Pedagogia pela Faculdade Mauá-DF. Foi professor do INSTITUTO MAUÁ DE PESQUISA E EDUCAÇÃO nas disciplinas de Leitura e Produção de Texto Acadêmico (LPTA), Metodologia Científica e Técnicas de Redação. Colaborador deste coletivo.
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