Este artigo demonstra que a exaustão dos recursos naturais e o aquecimento global com a consequente mudança climática global são responsáveis pela devastação da natureza que, por sua vez, contribui para a ocorrência de pandemias as quais podem ameaçar a sobrevivência da espécie humana. Este artigo mostra, também, como evitar a exaustão dos recursos naturais do planeta, a mudança climática catastrófica global e a multiplicação de pandemias.
Os danos ambientais produzidos pelo capitalismo se manifestam no esgotamento dos recursos naturais do planeta Terra, no surgimento de novas pandemias e na mudança climática catastrófica global. O esgotamento dos recursos naturais do planeta é constatado com base na análise dos dados disponíveis que apontam no sentido de que o planeta Terra já está atingindo seus limites no uso de seus recursos naturais. A partir de 2050, a população mundial poderá ultrapassar 10 bilhões de habitantes. Com uma população superior a 10 bilhões de habitantes, o planeta Terra poderá não resistir a tamanha demanda por recursos naturais. Um fato indiscutível é o de que a humanidade já consome mais recursos naturais do que o planeta é capaz de repor. O ritmo atual de consumo é uma ameaça para a prosperidade futura da humanidade. Hoje, por conta do atual ritmo de consumo, a demanda por recursos naturais excede em 41% a capacidade de reposição da Terra. Se a escalada dessa demanda continuar no ritmo atual, em 2050, com uma população planetária estimada em 10 bilhões de pessoas, serão necessárias duas Terras para satisfazê-la. Estes fatos evidenciam o esgotamento dos recursos naturais do planeta Terra.
Os danos ambientais se caracterizam, também, pelo risco de surgimento de novas pandemias conforme o desmatamento avança em todo o planeta. Há a perspectiva de que uma eventual próxima pandemia pode ser tão contagiosa e muito mais letal que a de Covid-19, que já tirou a vida de mais de 15 milhões de pessoas no planeta. O surgimento de uma nova enfermidade é chamado pelos cientistas de “doença X” que é um conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) para algo inesperado ou desconhecido que ainda pode aparecer. Estamos agora em um mundo onde novos patógenos surgirão. E é isso que constitui uma gigantesca ameaça para a humanidade. Um novo patógeno seguirá o mesmo padrão de transmissão de outros já encontrados, passando de um animal silvestre para os seres humanos. E, se a destruição da natureza não tiver um fim, é provável que doenças ainda mais mortais e destrutivas atinjam a humanidade no futuro, de forma mais rápida e frequente. O alerta vem dos principais especialistas em biodiversidade do mundo.
Os danos ambientais produzidos pelo capitalismo não se manifestam apenas no esgotamento dos recursos naturais do planeta Terra e no surgimento de novas pandemias, mas, também, decorre do fato de eles serem responsáveis pelo rápido aumento das temperaturas globais graças ao aquecimento global que pode contribuir para a mudança climática catastrófica global que ocorrerá se a elevação da temperatura média da Terra ultrapassar 2 ºC quando a humanidade se defrontaria com secas em algumas áreas do planeta e chuvas intensas em outras comprometedoras da produção de alimentos, a submersão de ilhas e cidades litorâneas devido ao aumento do nível do mar resultante do degelo dos polos, da Groenlândia e das cordilheiras e a multiplicidade de tufões e furacões com inundações devastadoras, entre outros problemas.
Para evitar a exaustão dos recursos minerais do planeta Terra, que deverá ocorrer em sua maior parte em meados do século XXI, é preciso substituir a economia linear hoje dominante que demanda grande volume de recursos naturais e não recicla os resíduos de sua produção pelo modelo de economia circular que, com base na logística reversa, recicla os resíduos de sua atividade produtiva. Para evitar a mudança climática catastrófica global, é preciso não permitir um aquecimento global no século XXI superior a dois graus centígrados. Para evitar um aquecimento do planeta superior a 2º C, seria preciso estabilizar as concentrações de dióxido de carbono (e equivalentes) em 400 ppm (partes por milhão) sem a qual o mundo se defrontaria até o final do século XXI com uma mudança climática catastrófica que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade. Para isso, as emissões mundiais de gases do efeito estufa terão que ser reduzidas abaixo de seus níveis de 1990. Para tanto, é preciso substituir a matriz energética mundial baseada fundamentalmente em combustíveis fósseis (carvão e petróleo) por outra estruturada com base nos recursos energéticos renováveis (solar, eólica, biomassa, etc.) e aperfeiçoar a eficiência energética desenvolvendo ações que levem à obtenção de economias de energia na cidade e no campo. É preciso, também, fazer com que os setores agropecuário, industrial e de transporte passem a utilizar energia limpa em suas atividades econômicas, abandonando os combustíveis fósseis.
Para evitar a eclosão de novas pandemias mortais para os seres humanos, é preciso realizar mudanças profundas em sua relação com a natureza. O ser humano precisa passar a viver em harmonia com a natureza sem a qual sua sobrevivência estará ameaçada. É preciso mudar a matriz econômica em geral (agrícola, industrial e de serviços) para que se passe a considerar a necessidade de preservar a natureza, respeitar os limites do ambiente e o seu tempo de recuperação e deixar de produzir tanto lixo. É preciso parar imediatamente de degradar e desmatar florestas e fortalecer os sistemas de vigilância em saúde de todos os países e da Organização Mundial da Saúde (OMS), reduzir iniquidades sociais entre nações e no interior delas, remover subsídios que favoreçam o desmatamento e oferecer mais apoio aos povos indígenas, para conterem o desmatamento. Urge proibir internacionalmente o comércio de espécies de alto risco de transmissão de vírus e erradicar o consumo de carne silvestre no mundo, entre outras medidas.
É por tudo isto que se torna um imperativo a implantação do modelo de “desenvolvimento sustentável” que se transformou em um elemento chave no movimento global, crucial para encontrar soluções viáveis para resolver os maiores problemas do mundo, se apoiando na tese de que uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz as necessidades da geração atual sem diminuir as possibilidades das gerações futuras de satisfazer as delas. Para tanto, é preciso reduzir as emissões globais de carbono com a substituição da matriz energética mundial baseada fundamentalmente em combustíveis fósseis (carvão e petróleo) por outra estruturada com base nos recursos energéticos renováveis, aperfeiçoar a eficiência energética desenvolvendo ações que levem à obtenção de economias de energia na cidade e no campo, combater a poluição da terra, do ar e da água, reduzindo os desperdícios com a reciclagem dos materiais atualmente utilizados e descartados, ajustar o crescimento da população aos recursos disponíveis no planeta, reduzir as desigualdades sociais, contemplando a adoção de medidas que contribuam para o atendimento das necessidades básicas da população mundial, fazer com que o crescimento econômico e a riqueza dele resultante sejam compartilhados por todos, adotar o modelo de desenvolvimento sustentável nas cidades objetivando a compatibilização de seus fatores econômicos e sociais com o meio ambiente e planejar cidades sustentáveis tendo como diretriz o ordenamento e controle do uso do solo.
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* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.
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