Fiquei muito contente pelas notícias do famoso prédio ali perto do “Café das Meninas” na inigualável Rua Chile.
Salvador antiga é beleza pura, sobretudo HISTÓRIA, HISTÓRIA e HISTÓRIA. E a Sra. D. Núbia encaminhou um filmezinho daquela época 40/50/60 por aí. Fez várias pessoas amigas chorarem. Saí mandando alegre. Que delícia era a minha Cidade da Bahia, a Cidade de Salvador!
Essa famosa Rua Chile só existe com prédios devido, é a verdade, a D.Pedro II e aos Engenheiros Militares (não havia Engenharia Civil) sob o comando do famoso Marechal Engenheiro Francisco Pereira de AGUIAR. Três quilômetros de pedras uma em cima da outra (pedra de fogo era conhecida) inclinada, sem ferros.
Calculem: sem ferros. Massa estudada por Dr. Aguiar nas pirâmides do Egito. Estudou também Granada e Segovia, Espanha (ALHAMBRA E AQUEDUTO DE SEGOVIA, SEM FERROS CONSTRUÇÃO ÁRABE E ROMANA). A muralha da montanha vai da Praça do Teatro (Praça Castro Alves) ao Pilar (quase Santo Antônio Além do Carmo). Segura a Cidade Alta.
A querida Rua Chile, os prédios, estão em pé graças a essa espetacular obra: muralhas da Montanha inaugurada por Pedro II. Ele e comitiva esteve na Praça do Teatro engalanada pelo próprio Dr. Aguiar que fez o desenho e tudo belíssimo saudado por jornais franceses, como o “Inlustration”.
Quem sobe a Praça Castro Alves há á direita a Rua Rui Barbosa, mais acima a Rua da Ajuda e aí está o espetáculo do “Hotel dos espanhóis”, como nós chamávamos. Exatamente na mesma direção o “Palacete Tira-Chapéu”. É de tirar o chapéu. Que beleza!
O Comendador Bernardo Martins Catharino tinha vários imóveis nas paralelas Rua Chile e Rua da Ajuda. Aí tinham escritório de Advocacia os Mestres (Mestres mesmo) José Martins Catharino e o grande penalista Carlito Onofre (o tio de Cacá Onofre) e ali aprendi muito. Meus Mestres mais o notável Presidente do TJBA Desembargador José Luiz de Carvalho Filho. O maior Presidente que o Poder Judiciário da Bahia teve. Trabalhei diretamente com essa joia rara, as joias raríssimas os três.
Já conheci o “Tira-Chapéu” por intermédio de meu sogro Antônio Nascimento, comerciante, pai de minha Noelice. Ali tinha uma sociedade comercial e ele ia diariamente. Que escada! Os “vitrais” — como da fábrica Fratelli Vita — colocados por Arquiteto italiano. Do lado tinha outro prédio do Catharino. Mais adiante já um prédio moderno onde embaixo foi agência do Banco Econômico. Também dos Catharino esse prédio.
O Comendador Bernardo Martins Catharino foi um poder na Bahia. O “Palacete Tira-Chapéu” era dele. Foi dele a fábrica famosa de tecidos do outro lado da Ribeira onde os operários moravam ao lado. Não o conheço, claro, porém de ler e ouvir seus parentes, sábia e muito.
Fui doze anos Advogado e representante do Prof.Dr.José Martins Cathatino (foi meu amigo e MESTRE na Faculdade de Direito) na Diretoria da União Fabril da Bahia na Cidade Baixa — Edficil União — dessa família. Muito jovem já representava um homem notável como foi o inesquecível Zezé Catharino (chapa do carro n.º 1).
Cobrava aluguéis no “Palacete Tira-Chapéu” como cerca de 1.500 por doze anos seguidos. Um rapaz no meio de Mestres. Que Bahia, que Rua Chile dos gritos de canaviais, da primeira escada rolante nas Duas Américas, a Loja Sloper, que Rua linda, que Praça Thomé de Souza, que bondes e marinetes.
Muitas saudades dos companheiros da UEB- UNIÃO DOS ESTUDANTES DA BAHIA, aí este Yuri Gagarin. Que beleza REAL. (JMPCP).
Nota do restauro:
“O projeto do Palacete Tira Chapéu foi concebido em 1914 pelo arquiteto italiano Rossi Baptista. O edifício foi construído para abrigar a Associação dos Empregados do Comércio da Bahia, instituição fundada em 1900. Com isso, o Palacete surge com uso exclusivamente comercial e administrativo, com um programa de necessidades composto por lojas para arrendamento no pavimento térreo, salas de escritório, sala plenária, salão nobre e biblioteca no primeiro pavimento e salas para fins de serviço, como clínicas e laboratórios no terceiro pavimento.
A edificação da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia (AECB) é um marco dentre os edifícios ecléticos construídos no século XX e ainda existentes em Salvador. Muitas edificações representantes deste movimento foram perdidas ao longo do tempo, visto que muitos intelectuais do movimento modernista enxergavam este estilo como uma prática importada e não uma arquitetura verdadeiramente nacional. Esta condição reafirma a relevância do Palacete Tira Chapéu não só para a cidade de Salvador, mas também para a história da arquitetura.
A rua do Tira Chapéu é pano de fundo da história do Brasil, no lugar onde foi erguida a primeira capital do Brasil, a rua passou por vários processos de ocupação desde sua fundação. Anterior a construção do prédio que ocupou a AECB, o terreno era ocupado por sobrados ainda no fim do século XIX e a nova construção respeitou e manteve o gabarito já preestabelecido pelas edificações adjacentes, unificando e valorizando seu entorno. Os processos de partido e composições foram marcantes desse momento e financiadas principalmente pela elite baiana que atravessavam um período de ascensão econômica com a produção de fumo no Recôncavo, de cacau no sul da Bahia e com a indústria têxtil nas proximidades de Salvador, entre os séc. XIX para o XX.
O estilo eclético reúne em um mesmo exemplar características inspiradas em diferentes estilos arquitetônicos do passado. Sendo assim, o projeto assinado por Rossi, apresenta adornos que podem ser identificados da arquitetura barroca ao estilo clássico. Na composição da sua fachada, por exemplo, há colunas com fustes canelados e capitéis coríntios, atlantes e esquadrias que formam uma composição bem marcada e ordenada na fachada. No interior do edifício, as misturas de referências são evidenciadas nos pilares, pisos, disposição e forma das escadas e ainda nos elementos decorativos em estuque nos forros e coroamento das paredes”.
https://palacetetirachapeu.com.br/o-palacete-tira-chapeu-e-o-ecletismo/
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