Julia Beserra realiza primeira sessão de quimioterapia
Julia Beserra, de 68 anos, realizou nesta terça-feira (15) a primeira sessão de quimioterapia no Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRV), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em Limoeiro do Norte, para tratar um câncer de mama. Moradora de Limoeiro do Norte, ela conta que, mesmo percebendo um nódulo na mama, demorou a receber o diagnóstico, pois tinha medo de fazer o exame de mamografia e sentir dor.
A iniciativa só partiu após a sua irmã, que já teve um nódulo benigno, aconselhá-la a buscar ajuda. Pela primeira vez na vida, aos 67 anos, foi realizado e constatado o tumor. “A mamografia não doeu, era apenas coisa da minha cabeça. Se eu tivesse feito antes, não teria chegado a esse ponto. Então, como recado, eu digo que procure fazer a mamografia para descobrir logo caso haja algo e, assim, começar o tratamento cedo”, aconselha.
A filha dela, a também agricultora Maria Alzenira da Silva, percorreu um caminho diferente do da mãe. Aos 48 anos, ela conta que realizou a mamografia no ano passado. Para ela, o procedimento normal e rápido, e fala da importância para detecção precoce. “Não vou deixar de fazer, pois não dói. Que toda mulher tire um tempinho para olhar para a saúde. A gente tem filhos, trabalho e a correria do dia a dia, mas precisamos tirar um tempinho e olhar para a gente, pois quanto mais cedo for descoberto, melhor é para tratar e se curar”, alerta.
Filha acompanha a mãe durante procedimento no HRVJ
A médica mastologista do HRVJ, Layza Belo, destaca que ao receber o diagnóstico, a paciente deve manter a calma, pois hoje há tratamentos cada vez mais avançados que proporcionam uma chance de cura de mais de 95%, a depender do estágio em que a doença é descoberta. “Outro ponto importante é não se comparar com outra paciente que já teve a doença, pois cada uma terá seu tratamento individualizado e o tratamento muda a depender do estágio, subtipo e idade”, explica.
A mamografia é um exame bastante simples, uma espécie de raio-x das mamas, que busca identificar nódulos nos seios antes de eles se tornarem palpáveis. As imagens são registradas com a utilização de baixa radiação, o que possibilita visualizar a estrutura interna dos tecidos em alta resolução. O exame é capaz de detectar alterações em cerca de 95% dos casos e é recomendado como rotina para todas as mulheres com mais de 50 anos, mesmo as sem histórico da doença, pelo menos a cada dois anos, segundo o Ministério da Saúde.
Mamografia detecta alterações não palpáveis, possibilitando diagnóstico precoce e maiores chances de cura
“Segundo as principais diretrizes, a realização regular da mamografia permite reduzir significativamente a mortalidade por câncer de mama. Estudos indicam que a deteção precoce aumenta consideravelmente as hipóteses de sucesso no tratamento e reduz a necessidade de terapias mais agressivas. Por isso, a mamografia continua a ser aliada essencial na luta contra o câncer de mama”, explica a médica do HRVJ.
Atualmente, existem mais de 60 mamógrafos em todo o Ceará, sendo 25 da rede estadual. Eles estão em todas as regiões cearenses, distribuídos nas Policlínicas Regionais, como a de Limoeiro do Norte, e em Fortaleza, nos Hospitais Geral César Cals (HGCC) e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA) e no Instituto de Prevenção do Câncer (IPC).
Apesar de algumas pacientes relatarem dor ao realizar o exame, a sensibilidade de cada mulher é muito relativa. Para minimizar o desconforto, a dica é realizar o exame cerca de dez dias após a menstruação e tentar relaxar, já que a tensão pode aumentar a dor.
O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete mulheres no Brasil. A prevenção primária e a detecção precoce contribuem para a redução da incidência e da mortalidade de pessoas com a doença.
Para aumentar a conscientização sobre a doença, a Secretaria da Saúde do Ceará promove, desde 2024, a campanha “De outubro a outubro rosa”. A ideia é falar sobre autocuidado o ano inteiro e estimular a realização dos exames necessários, além de desmistificar as questões com relação à mamografia.
Mín. 25° Máx. 28°