Pesquisadores do PPGH acompanham visita da FAO em sistemas de erva-mate na região
Professores do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PPGH-UEPG) estão na linha de frente para o reconheci...
07/04/2025 às 14h02
Por: Redação Fonte: UEPG
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Foto: Reprodução/UEPG
Professores do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PPGH-UEPG) estão na linha de frente para o reconhecimento de sistemas tradicionais e agroecológicos de erva-mate do Paraná. Juntamente com outras organizações, a equipe recebeu a visita do comitê científico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), para a última etapa do reconhecimento como Sistema Importante do Patrimônio Agrícola Mundial (Sipam). A visita aconteceu entre 17 a 20 de março.
Foto: Reprodução/UEPG A candidatura foi liderada pelo Observatório dos Sistemas Tradicionais e Agroecológicos de Erva-mate, entidade na qual a UEPG é signatária. Para se encaixar como um Sipam, o sistema deve produzir alimentos com qualidade, manter a capacidade de gerar renda e trabalho para agricultores e auxiliar na preservação do meio ambiente. O motivo da candidatura é a crença dos signatários de que a produção tradicional da erva-mate no Paraná se encaixa nos padrões estabelecidos pela FAO.
A comitiva visitou propriedades nos municípios de Rebouças, Inácio Martins, Irati, São João do Triunfo e São Mateus do Sul. Estiveram presentes, juntamente com os professores da UEPG, lideranças comunitárias, comunidades faxinalenses, indígenas, sindicatos de trabalhadores rurais, pesquisadores e agricultores, além de autoridades federais, estaduais e municipais. A relação com os pesquisadores da UEPG surgiu a partir da pesquisa intitulada “Memórias do Conhecimento Tradicional Associado às Florestas com Araucária”, coordenada pelos professores Robson Laverdi, Evelyn Roberta Nimmo e Alessandra Izabel de Carvalho. “Lá em 2017, nós começamos as nossas viagens, entrevistando esses pequenos agricultores de erva-mate, que se autointitulam erveiros, porque é uma forma deles de se diferenciar dos ervateiros, que são os donos da indústria”, conta Alessandra. Foto: Reprodução/UEPG
Em 2020, o grupo conheceu o funcionamento do Sipam da FAO. No Brasil, há apenas um sistema reconhecido, que são os apanhadores de flores sempre-vivas de Minas Gerais. “Nós percebemos que o trabalho que os pequenos agricultores de erva-mate fazem aqui no na região Centro-Sul do Paraná se encaixa perfeitamente nesse programa”. Em plena pandemia, pesquisadores e erveiros iniciaram os trabalhos, em busca do reconhecimento do trabalho, numa parceria com o Observatório dos Sistemas Tradicionais e Agroecológicos de Erva-Mate, que é capitaneado pelo Ministério Público do Trabalho do Paraná. “A indústria, infelizmente, não reconhece a importância desses pequenos agricultores que produzem em área sombreada e que protegem a floresta. E eles acabam pagando, por exemplo, o preço do quilo da erva-mate quase similar ao grandes produtores”.
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A erva-mate produzida pelos erveiros tem um viés agroecológico e é uma espécie associada ao sub-bosque da floresta com a araucária. A lógica da produção não acontece por monocultivo, a pleno sol ou com muitos agrotóxicos, mas sim em um ambiente biodiverso. Quando os professores da UEPG reuniram as entrevistas, começaram a escrever o dossiê para enviar à FAO. “Nossa participação foi mais intelectual, de organizar a documentação e o plano de conservação dinâmica, juntamente com várias instituições parceiras”, adiciona Alessandra. O reconhecimento Sipam vai além de um título simbólico. “Nossas expectativas são muito grandes. Todas as pessoas envolvidas, os municípios, os sindicatos, os agricultores, estamos todos todos numa expectativa muito grande, e tudo indica que vamos conseguir esse reconhecimento”.
Ser classificado como Sipam, além de preservar as características em torno da produção, também valoriza os produtores, segundo a professora. “É uma região que precisa ser preservada, em função dos serviços ambientais que essa produção destina para a sociedade, como a manutenção da floresta em pé, a produção de ar, de água limpa e de alimentos”, finaliza Alessandra.
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