Um projeto apoiado pela Fundação Araucária procura testar uma metodologia de produção de colágeno de jumento nunca antes estudada neste animal para evitar o abate. Atender a crescente demanda pelo componente na indústria cosmética é um dos objetivos, além de garantir ganhos socioambientais significativos e biossegurança absoluta do processo.
O projeto Colágeno de Jumento por Fermentação de Precisão, coordenado pela professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e articuladora do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Proteínas Alternativas, Carla Forte Maiolino Molento, é realizado em uma parceria que envolve o Laboratório de Zootecnia Celular da UFPR e o Departamento de Engenharia de Bioprocessos da Universidade de Wageningen, nos Países Baixos (Holanda).
A fermentação de precisão é um tipo de fermentação que usa microrganismos geneticamente modificados (OGMs) para produzir proteínas, enzimas e outros compostos específicos. É uma forma de biologia sintética explorada na indústria alimentícia.
A técnica é importante para alcançar a produção de ejiao. Esse é um produto de consumo crescente (principalmente na China), percebido como um agente anti-envelhecimento e também muito apreciado pelas suas características sensoriais, como sabor e textura. As peles dos jumentos são fervidas para extrair a gelatina, que é transformada em pó, pílulas ou líquido, ou é adicionada aos alimentos.
“Nesta primeira fase nossa meta é ajustar as técnicas existentes para produção de proteínas animais via fermentação de precisão para o colágeno de jumentos. Ainda não há publicação científica sobre produção de colágeno de jumento por fermentação de precisão, isto dá à nossa proposta um grande diferencial em termos de inovação e originalidade”, explica a pesquisadora.
Ela ressalta que, embora haja urgência pela situação em que se encontram os jumentos, é uma pesquisa que demanda alguns anos até que a tecnologia esteja pronta para industrialização. A população de jumentos no Brasil está em declínio acentuado, sendo estimada em menos da metade da população de uma década atrás, com risco de eliminação da espécie. O projeto conta com um investimento de R$ 250 mil da Fundação Araucária.
“Infelizmente, a forma atual de suprimento desta demanda é o abate de jumentos, exportação de sua pele para a China com a posterior extração do colágeno. A pesquisa sobre colágeno de jumento por fermentação de precisão, apoiada pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Fundação Araucária, representa uma iniciativa importante e ao mesmo tempo um marco, pois se trata de estratégia inédita para este contexto”, complementa Carla Forte.
As próximas fases do projeto envolvem estudos de escalonamento e de otimização de custo de produção. Por se tratar de produto para consumo humano, uma vez definidos os procedimentos ideais de produção, é necessário solicitar aprovação regulatória de agências nacionais e, como é para exportação, também do país consumidor.
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