Com uma tradição centenária no ensino da música e conhecida como uma das instituições mais respeitadas do Estado e no Brasil na área em que atua, o Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG) completa 130 anos como referência na formação de músicos. Iniciando as atividades em 1895 como conservatório de música, a instituição teve como gestor o compositor, músico e maestro Carlos Gomes, que deu o nome ao então conservatório.
O maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, Miguel Campos Neto, de 45 anos, e um dos mais conhecidos egressos do IECG, conta que iniciou seus estudos de música ainda criança na instituição. “Ingressei, no então Conservatório Carlos Gomes, em 1988, estava passando de ônibus em frente com minha mãe e quis saber mais sobre o que se fazia naquele prédio tão bonito e que me chamou tanta atenção”, relembra o maestro
“Comecei na musicalização e segui no curso de piano e, aos 12 anos de idade, comecei no violino. Fiz todo o curso básico e, posteriormente, ganhei uma bolsa para estudar regência nos Estados Unidos. Sou muito grato aos professores que tive aqui, pois foi devido à excelência técnica que aprendi com eles, que consegui ter uma base sólida para concorrer a uma bolsa fora do país”, pontua Campos Neto.
“A importância do Instituto Estadual Carlos Gomes para a minha carreira na música é muito grande. Tive uma formação musical sólida e, todos os aspectos contam antes de você se tornar um maestro. Aqui, os ensinamentos sobre história da música, teoria, contraponto, harmonia são muito avançados. A instituição sempre priorizou o alto nível artístico por ter um aspecto conservatorial”, explica. “Lembro que eu e minha turma sentíamos muito orgulho por estudarmos em uma instituição em que teve uma história entrelaçada ao próprio maestro Carlos Gomes. Isso também é uma característica muito marcante, pois nos coloca em uma posição relevante no Brasil todo”, completa Miguel Campos Neto.
Assim como o maestro Miguel Campos Neto, o professor de musicalização e percussão William Tanoeiro, 32 anos, também galgou sua trajetória profissional na música através dos cursos do IECG e, hoje, faz parte do quadro docente do Projeto de Extensão Música e Cidadania, que oferece aulas gratuitas para crianças e adolescentes de comunidades periféricas de Belém. “Eu comecei aos 16 anos de idade no IECG, depois que fiz o curso básico de percussão me formei como técnico em música e depois fiz o vestibular para o bacharelado, graduando-me também nesse curso aqui. O que mais gosto de ter estudado aqui é que tive oportunidade de conhecer diferentes estilos musicais, não só o clássico, mas vários outros gêneros musicais e períodos históricos através da música, aprendi muito e isso me ajuda na parte da docência”, comenta William.
“Hoje, sou professor no Projeto Música e Cidadania, e isso me fez ter mais sensibilidade com os alunos de realidades diferentes, que nesse caso, são alunos da periferia. Aprendi novas metodologias, que me auxiliam a ensinar esses alunos da melhor forma possível. Nós podemos, através desse projeto, descentralizar o ensino que acontece dentro do prédio do Instituto”, explica William. “Nosso trabalho é dar a oportunidade aos alunos da comunidade externa de vivenciarem a música como agente de transformação social”, completa o músico, que trabalha polo do projeto no bairro do Castanheira.
O Projeto Música e Cidadania (PMC) foi criado em 1999 e é uma atividade de extensão da Fundação Carlos Gomes (FCG), realizada em parceria com escolas públicas, associações comunitárias e ONG’s, que oferece ensino de música gratuitamente para crianças, jovens e adultos dos polos Jardim das Oliveiras (Castanheira), Sociedade Beneficente Cristo Redentor (Coqueiro), Associação Filantrópica Icuí Solidário (Icuí), Lar de Maria (São Brás) e Movimento de Emaús - Projeto Cidade de Emaús (Benguí).
Além do Projeto Música e Cidadania, o projeto de Interiorização da Fundação Carlos Gomes também capacita jovens, adultos e crianças, professores e mestres de bandas dos municípios dos interiores do Estado, levando o conhecimento do Instituto para comunidades externas. Esse ano, a Fundação e o Instituto expandirão as oficinas de musicalização para as Usinas da Paz de Belém e Região Metropolitana, como já acontece nos polos das Usipaz de Castanhal e Marabá.
Novas gerações
O Instituto Estadual Carlos Gomes oferece cursos que aabrangm várias categorias como: iniciação musical e musicalização, preparatório, técnico e bacharelado. A oferta dos cursos em vários níveis de idade garante que os alunos possam começar os estudos na música ainda na infância, e concluírem o ensino superior na própria instituição, revelando inúmeros talentos.
Um dos destaques mais recentes do IECG é a musicista Ingridy Silva (25), que se formou bacharel em violoncelo na última turma do curso, no ano passado. Ela conta sobre a importância da escolha do IECG para cursar o ensino superior em música. “Eu escolhi o IECG por ser a instituição onde eu poderia cursar o que eu queria desde que aprendi a tocar, que é o bacharelado. Como é uma instituição centenária, é o único lugar com ensino de nível de “conservatório”, ou seja, que prima por um nível super alto de qualidade. Esse lugar é de extrema importância para nossa cidade e para o nosso estado”, pontua Ingridy.
O superintendente da Fundação Carlos Gomes, Gabriel Titan, ressalta a importância do Instituto Estadual Carlos Gomes na tradição de formar novos músicos no Estado. “Celebrar os 130 anos de atividades da instituição representa um grande marco para nós e para o público em geral, pois formamos durantes todos esses anos excelentes profissionais da música, que seguem as suas carreiras no Brasil e no mundo”, avalia Titan.
“Com o incentivo das atividades de ensino, pesquisa e extensão, o instituto se consolidou como referência na educação e, além do investimento nos cursos de musicalização, iniciação musical, preparatório e bacharelado, também desenvolvemos o projeto Música e Cidadania, que garante qualificação musical para jovens, crianças e adultos, que vivem em áreas de situação de vulnerabilidade social na Região Metropolitana de Belém” ressalta o gestor.
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