Na primeira fase do inquérito sorológico da doença de Chagas, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) iniciou o estudo, nesta segunda-feira (16), no povoado Rui Vaz, no município de Axixá (MA). O objetivo é levantar o perfil clínico-epidemiológico da doença na região, identificar potenciais fatores de risco e propor intervenções para reduzir a transmissão da doença de Chagas (DC). Este estudo será realizado até sexta-feira (20) no município, com entrevistas, coleta de materiais biológicos e captura de vetores.
O inquérito sorológico da doença de Chagas teve início com os moradores da região previamente contactados. A ação se dividiu na coleta de dados agendada com os moradores na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Rui Vaz e durante as visitas domiciliares. O inquérito sorológico será realizado em duas etapas na população residente, incluindo gestantes que estão realizando acompanhamento de pré-natal, entre outros.
"A gestão do governador Carlos Brandão busca compreender o perfil e a incidência de uma doença histórica. A ciência é fundamental para nos ajudar a planejar medidas preventivas, orientar a população e implementar cuidados específicos para o estado", pontuou o secretário de Estado da Saúde, Tiago Fernandes.
A doença de Chagas, ou tripanossomíase americana, é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Ela possui uma fase aguda, que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode apresentar manifestações cardíacas, digestivas ou ambas. A prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais para evitar complicações graves.
Em Axixá, a chefe do Departamento de Epidemiologia da SES, Monique Maia, acompanhou o primeiro dia das ações do inquérito sorológico da doença de Chagas. "Precisamos de informações alinhadas à realidade local para criar estratégias eficazes. Este estudo nos ajudará a organizar uma linha de cuidado integrada, tanto para casos crônicos quanto para gestantes, prevenindo a transmissão vertical e reduzindo a incidência da doença no estado".
Inquérito
A pesquisa será conduzida em duas etapas. Na primeira fase, serão coletados materiais biológicos e aplicados questionários com aproximadamente 12 gestantes e 40 participantes, incluindo familiares das grávidas e outras pessoas da comunidade. Em paralelo, será realizada a captura de triatomíneos em locais previamente definidos.
Na segunda etapa, o inquérito será ampliado para incluir cerca de 1.400 moradores do povoado Rui Vaz. Além disso, serão coletados alimentos locais, como juçara, em estabelecimentos listados pela vigilância sanitária.
O estudo será aplicado para identificar a prevalência da doença nos moradores, bem como seus hábitos alimentares e práticas de manipulação de alimentos. Além disso, será realizada a análise da presença de infecção por Trypanosoma cruzi na população e dos principais fatores associados à transmissão
Em ambas as etapas do estudo, os questionários serão aplicados para identificar o nível de percepção da comunidade local sobre a doença e coletar dados epidemiológicos. Já a coleta de triatomíneos será feita por entomologistas, e as análises serão realizadas no Instituto Oswaldo Cruz - Laboratório Central do Maranhão (IOC/Lacen-MA), da rede da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
O técnico em entomologia do IOC/ Lacen-MA, Elson Costa, explica o trabalho em campo. "Nosso trabalho envolve a captura de triatomíneos, vetores da doença. Usamos armadilhas específicas para coletar os insetos e verificamos, em laboratório, se estão infectados com Trypanosoma cruzi. Também realizamos análises de sangue em casos suspeitos, para confirmar infecções na fase aguda”, explicou.
A expectativa é realizar a segunda etapa do estudo em janeiro de 2025. As análises dos dados têm previsão de conclusão em até três meses após o término da coleta, com a divulgação dos resultados prevista para abril de 2025.
A pescadora Talia Marques, de 27 anos, grávida de cinco meses, avaliou a execução do estudo por intermédio da gestão estadual. "Achei a iniciativa necessária. Como estou grávida, vejo essa coleta como algo muito útil para a saúde da minha família. Essa prevenção vai trazer benefícios importantes."
Também grávida, Josiane Marques da Costa, de 37 anos, conta sobre sua a participação na pesquisa. "Foi muito bom participar. A gente fica sabendo se tem ou não a doença e como ela é transmitida. Essa iniciativa do governo é ótima, porque ajuda no diagnóstico precoce e no tratamento."
Casos
A doença de Chagas no Maranhão está associada principalmente a surtos por alimentos contaminados. O último surto ocorreu em 2017, no município de Pedro do Rosário, devido à ingestão de vinho de bacaba, afetando 39 pessoas que foram tratadas e curadas.
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