Foto: Arquivo pessoal
A estudante Júlia Alves Machado foi diagnosticada com nanismo aos 8 meses de vida. Natural de Canoinhas, região Norte, ela nunca havia tido contato com nenhum esporte até se mudar para São Pedro de Alcântara em 2022. Lá, na EEB Gama Rosa, Júlia conheceu a professora de educação física Hermínia Simone Carvalho, que a apresentou o paratletismo.
A parceria representou uma grande virada de chave na vida de Júlia e, atualmente, ela é líder do ranking brasileiro adulto na classe F41 (pessoas com nanismo ou baixa estatura), detentora do recorde brasileiro no arremesso de peso e vencedora de 34 medalhas de ouro, conquistadas em lançamento de dardo, lançamento de disco e arremesso de peso.
A transformação de Júlia vai muito além do esporte. Durante anos, ela sofreu preconceito por conta do nanismo, algo que afetava muito sua autoestima. “Na minha primeira competição, pela primeira vez, vi pessoas na mesma condição que eu. Ali percebi que não estava sozinha no mundo e comecei a ver um propósito na minha vida. Nesta mesma competição, já consegui medalhas e bati recordes”, conta Júlia.
Ela atribui essa mudança à Hermínia e ao incentivo da professora para se tornar mais dedicada nos treinos a cada dia. Hoje, Júlia considera Hermínia como sua melhor amiga, seu porto seguro e “aquela pessoa que me fez enxergar algo antes não identificado em mim, um futuro que eu não via”.
Professora na EEB Gama Rosa desde 2013, Hermínia é apaixonada por esportes, especialmente o atletismo, e acredita que a inclusão que o esporte proporciona pode transformar vidas. “O atletismo envolve os diferentes biotipos e não há lugar para o preconceito, pois o gordinho pode se dar bem nos arremessos e lançamentos, o mais magro tem lugar nas provas longas e salto em altura e o musculoso no salto em distância e corridas curtas”, destaca.
Desde 2016, o projeto desenvolvido pela professora já era um sucesso entre os estudantes da EEB Gama Rosa no contraturno escolar. Quando Júlia ingressou, em 2022, Hermínia enxergou um grande talento esportivo logo nas primeiras aulas de educação física e convidou a estudante para treinar atletismo.
O encontro também fez com que Hermínia se aprofundasse ainda mais nos paradesportos, estudando classes, competições e tipos de prova para cada tipo de deficiência. “Naquele mesmo ano, comecei a chamar outros alunos com deficiência da escola para participar dos Parajesc e já em 2022 levamos cinco alunos da escola com diferentes deficiências para competir”, conta a professora.
Júlia estava cotada para participar das Paralimpíadas 2024, em Paris, encerrada no último domingo, 8 de setembro. O nome da estudante estava junto a outros grandes nomes do paratletismo brasileiro. Ela acabou não sendo convocada, mas foi convidada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) a participar de uma semana de treinamento no Centro de Treinamento Paraolímpico Brasileiro (CTPB), em São Paulo, pela segunda vez.
Desta vez, Hermínia também foi convidada e participará juntamente com Júlia dos treinamentos, entre 15 e 21 de setembro. É lá que os melhores paratletas brasileiros se preparam para eventos internacionais. No caso da professora, o foco será se capacitar ainda mais para formar futuros campeões, como Júlia.
Se depender delas, a parceria renderá muito mais conquistas. “Sonho em chegar a uma Paralimpíadas, Mundial e alcançar as marcas do primeiro lugar do ranking. Me imagino um dia no pódio de Paralimpíadas junto com a professora Hermínia”, finaliza Júlia.
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