Tem sido recorrente a ocorrência de inundações nas cidades em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Está havendo uma mudança drástica no clima da Terra graças ao aquecimento global que está contribuindo para a ocorrência de inundações nas cidades que se repetem de forma cada vez mais catastrófica em seus efeitos. As inundações que devastaram algumas cidades do oeste e do sul da Alemanha, Henan na China e Londres na Inglaterra em 2021 e, no momento, no Rio Grande do Sul demonstram a vulnerabilidade de áreas altamente populosas a enchentes catastróficas. Para a elaboração deste artigo, foram pesquisadas várias fontes de informação sobre os temas inundações, mudança climática global, cidades inteligentes e sustentáveis, sustentabilidade na gestão de inundações e eventos climáticos extremos, como as descritas a seguir:
1. ALCOFORADO, Fernando. Como enfrentar eventos climáticos extremos nas cidades do Brasil. Disponível no website <https://www.academia.edu/
2. ALCOFORADO, Fernando. Inundações das cidades e mudança climática global. Disponível no website <https://www.linkedin.com/
3. ALCOFORADO, Fernando. Como construir cidades inteligentes e sustentáveis. Disponível no website <https://www.linkedin.com/
4. ALCOFORADO, Fernando. Mudança climática catastrófica global exige novo modelo de sociedade. Disponível no website <https://www.academia.edu/
5. ALCOFORADO, Fernando. Sustainability in flood management. Disponível no website <https://www.linkedin.com/
6. ALCOFORADO, Fernando. Como preparar as cidades contra eventos climáticos extremos. Disponível no website <https://www.linkedin.com/
7. ALCOFORADO, Fernando. Estratégias para lidar com a mudança climática global. Disponível no website <https://www.linkedin.com/
8. SUTTER, John. Climate: 9 questions on rising seas, Disponível no website <https://edition.cnn.com/2015/
As enchentes catastróficas que varreram a Europa e a China e, recentemente, no Brasil são um alerta de que represas, diques e sistemas de drenagem mais fortes são tão urgentes quanto medidas de prevenção em longo prazo contra as mudanças climáticas porque eventos climáticos, que já foram raros, estão cada vez mais comuns. Cortes drásticos em emissões de gases do efeito estufa são certamente necessários para combater a mudança climática que não resfriarão o planeta a curto e médio prazo. No entanto, enquanto o clima da Terra não se estabilizar, cada país precisará preparar suas cidades para enfrentar eventos extremos no clima. Em muitos países, os rios propensos a inundações precisam ser cuidadosamente gerenciados. Defesas como diques, reservatórios e represas precisam ser usadas para impedir que os rios transbordem.
Muitos meteorologistas e climatologistas consideram provado que a ação humana está realmente influenciando a ocorrência do fenômeno. Não há dúvida de que a atividade humana na Terra causa mudanças no ambiente em que vivemos. Muitos cientistas consideram que o aumento da temperatura média do planeta resulta do efeito estufa que é responsável pelos efeitos severos da mudança climática dela, resultando a inclemência de chuvas e consequentes inundações. O aquecimento global e a consequente mudança climática global, que tende a se agravar, estão contribuindo para a ocorrência de chuvas intensas e de inundações em todo o planeta. Devido ao aquecimento global, a atmosfera retém mais umidade, o que significa que, quando as nuvens de chuva se tornam densas, mais água é liberada. Até o fim do século XXI, tempestades de grande magnitude serão mais frequentes, segundo estudo publicado pelo periódico Geophysical Research Letters, usando simulações de computador.
As inundações são causadas por muitos fatores tais como precipitação pluviométrica intensa, ventos fortes sobre a água, marés altas incomuns, tsunamis ou falha de barragens, elevação dos níveis de lagoas de retenção ou outras estruturas que contenham água. Inundações periódicas ocorrem em muitos rios, formando uma região circundante conhecida como planície aluvial. Durante épocas de chuva ou neve, parte da água é retida em lagoas ou no solo, outras são absorvidas por grama e vegetação, algumas se evaporam e o restante percorre a terra como escoamento superficial. As inundações ocorrem quando lagos, leitos de rios, solo e vegetação não conseguem absorver toda a água. A água então escapa da terra em quantidades que não podem ser transportadas para os canais dos córregos ou retidas em lagoas naturais, lagos e reservatórios artificiais. A inundação do rio geralmente é causada por chuvas fortes e às vezes sem nenhum aviso prévio, são chamadas de inundações repentinas. Inundações repentinas geralmente resultam de chuvas fortes em uma área relativamente pequena, ou se a área já estava saturada com precipitação anterior.
As inundações causam muitos impactos. Elas danificam a propriedade e põem em perigo a vida de seres humanos e outros seres vivos. O rápido escoamento da água causa erosão do solo e concomitante deposição de sedimentos em vários locais. Os locais de desova de peixes e outros habitats de vida selvagem podem ficar poluídos ou completamente destruídos. Algumas inundações altas e prolongadas podem comprometer o tráfego de veículos em áreas que não possuem vias elevadas. As inundações podem interferir na drenagem e no uso econômico da terra, como interferir na agricultura. Danos estruturais podem ocorrer em pilares de pontes, sistemas de esgoto e outras estruturas na área de inundações. A navegação por água e a energia hidrelétrica são muitas vezes prejudicadas.
As perdas financeiras devido a inundações são tipicamente milhões de dólares a cada ano. Os desastres relacionados com a água representam 90% de todos os desastres em número de pessoas afetadas em todo o mundo. Os custos sociais e econômicos aumentaram nas últimas décadas e, de acordo com os palestrantes do Painel de Alto Nível sobre Água e Desastres Naturais no 8º Fórum Mundial da Água, a tendência continuará a aumentar se uma ação não for tomada para resolver o problema. Até 2017, os desastres naturais relacionados à água causaram perdas mundiais de US$ 306 bilhões. Entre 1980 e 2016, 90% dos desastres estão relacionados ao clima. Em 2016, das perdas globais, 31% foram devidas a tempestades, 32% atribuídas a inundações e 10% a temperaturas extremas. As inundações são responsáveis pela morte de quase o dobro do número de pessoas do que tornados e furacões juntos.
Um impacto importante resultante da inundação repentina é o deslizamento de terra. Um deslizamento de terra é um fenômeno geológico e climatológico que inclui um amplo espectro de movimentos do solo, como quedas de rochas, escorregamentos em profundidade e correntes de detritos. O deslizamento é, na verdade, apenas uma categoria dos chamados movimentos de massa, que envolve o descolamento e o transporte de solo ou declive de material rochoso. Para evitar o deslizamento do solo, uma das medidas é fazer com que a água que desce nas encostas das montanhas seja drenada e perca velocidade ou se infiltre no solo com o uso de vegetação. Outra medida, mais segura, é construir terraços em forma de degraus para proteger o solo da ação da água da chuva. Finalmente, pode-se utilizar cortinas atirantadas que são muros robustos feitos principalmente com concreto e que, em paralelo, exigem intervenções no solo para dar sustentação à obra. As inundações ocorridas em muitas cidades do mundo e no Brasil revelam a incompetência e irresponsabilidade dos poderes públicos ao não planejar a cidade para fazer frente a eventos climáticos extremos.
Para lidar com eventos climáticos extremos, é imprescindível que os governos preparem planos de contingência para evacuarem as populações que possam ser atingidas em consequência de alagamentos, enchentes e inundações, minimizando, desta forma, as mortes e os prejuízos delas decorrentes. Compete aos governos fiscalizarem e monitorarem as barragens e adotar medidas que impeçam o seu rompimento. Grande parte dos recursos deveria ser destinada à prevenção e não para a cobertura de prejuízos como ocorre atualmente porque gasta-se muito menos com a prevenção de alagamentos, enchentes e inundações do que com a reconstrução de edificações e infraestruturas. A prefeitura municipal tem um papel fundamental no sentido de evitar alagamentos, enchentes e inundações nas cidades. Para tanto, deve elaborar um plano diretor de desenvolvimento municipal que contemple, entre outras medidas, a adoção de soluções para minimizar ou eliminar os riscos enfrentados pela população, a identificação sistemática de áreas de risco a fim de estabelecer regras de assentamento da população. Além disso, deve fiscalizar as áreas de risco, evitando o assentamento perigoso, aplicar multas, quando o morador não atender às recomendações, elaborar plano de evacuação com sistema de alarme e indicar as áreas que são seguras para construção, com base no zoneamento. Todo morador deve ser informado do que e como fazer para não ser atingido pelas enchentes.
Três órgãos são essenciais nas ações de prevenção a enchentes em um município: 1) o órgão municipal de defesa civil que é responsável pela execução, coordenação e mobilização de todas as ações de defesa civil no município cuja principal atribuição é conhecer e identificar os riscos de desastres no município, preparando a população para enfrentá-los com a elaboração de planos específicos; 2) o órgão responsável pelo serviço de meteorologia responsável por informar a previsão do clima da cidade e/ou região; e, 3) os núcleos comunitários de defesa civil, que são pessoas que trabalham de forma voluntária nas atividades de defesa civil, para colaborar com o órgão da defesa civil visando a participação da comunidade preparando-a para dar pronta resposta aos desastres. Cabe ao prefeito determinar a criação do órgão da defesa civil.
Para fazer frente a eventos climáticos extremos nas cidades, é preciso que seja realizado o controle de inundações. O controle de inundação diz respeito a todos os métodos usados para reduzir ou impedir os efeitos prejudiciais da ação das águas. Algumas das técnicas comuns usadas para controle de enchentes é a instalação de bermas de rocha para ajudar na estabilidade dos taludes visando segurar blocos, rip-raps de rochas ou enrocamento de pedras, sacos de areia, manutenção de encostas normais com vegetação ou aplicação de cimentos em solo com declives mais íngremes e construção ou expansão de drenagem. Outros métodos incluem diques, represas, bacias de retenção ou detenção. Alguns métodos de controle de enchentes são praticados desde a Antiguidade. Esses métodos incluem o plantio de vegetação para reter o excesso de água nas encostas para reduzir o fluxo de água e a construção de aluviões (canais artificiais para desviar a água das enchentes), construção de diques, barragens, reservatórios ou tanques para armazenar água extra durante os períodos de inundação
Em muitos países, os rios sujeitos a inundações são muitas vezes cuidadosamente geridos. Defesas como diques, reservatórios e represas são usadas para evitar que os rios transbordem. Uma barragem é um dos métodos de proteção contra inundações, que reduz o risco de inundações em comparação com outros métodos, uma vez que pode ajudar a prevenir danos. No entanto, é melhor combinar diques com outros métodos de controle de inundação para reduzir o risco de um dique colapsado. Quando essas defesas falham, medidas de emergência, como sacos de areia ou tubos infláveis portáteis, são usadas. Inundações costeiras foram controladas na Europa e na América do Norte com defesas como paredes oceânicas ou ilhas de barreira que são longas faixas de areia geralmente paralelas à costa.
Os especialistas em Hidrologia recomendam que, para evitar inundações em áreas urbanas, devem ser adotadas as medidas seguintes: 1) Combate à erosão minimizando a sedimentação da drenagem natural e construída através do controle rigoroso e extensivo da erosão do solo e disposição irregular de lixo urbano e entulho de construção, assim como a expansão das calhas dos rios; 2) Combate à impermeabilização do solo com a criação de reservatórios domésticos e comerciais, bem como a expansão de áreas verdes; 3) Proibição do tráfego em avenidas de grande movimento de veículos quando os rios próximos transbordam; 4) Implantação de avenidas cobertas por vegetação que, em casos de transbordamento de rios ou córregos, a água seria absorvida pelo solo livre de pavimentação; 5) Construção de grandes piscinas (piscinões) para receber água da chuva e mini piscinas em casas e edifícios; 6) Investimento em pequenos e grandes córregos do centro urbano para receber o aumento da água e atuar como barreiras de contenção; 7) Revisão das áreas ocupadas com o planejamento contínuo do uso da terra; e 8) Ação e planejamento com a elaboração de um plano para lidar com a ocorrência de inundações, bem como variações climáticas extremas, e construção de reservatórios capazes de armazenar bilhões de metros cúbicos de água e seu uso para fins não potáveis.
As medidas de correção e prevenção para minimizar os danos causados pelas inundações são classificadas, de acordo com sua natureza, em medidas estruturais e não estruturais. As medidas estruturais compreendem as obras de engenharia visando a correção e / ou prevenção de problemas decorrentes de inundações. Medidas não estruturais são aquelas que buscam prevenir e / ou reduzir os danos e consequências das inundações, não por meio do trabalho, mas pela introdução de normas, regulamentos e programas que visam, por exemplo, disciplinar o uso e ocupação do solo, implementação de sistemas de alerta e conscientização da população.
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