Este é o resumo do artigo de 7 páginas que é o primeiro dos dois artigos que abordam a escalada da educação no mundo da Pré-História à era contemporânea. Este artigo tem por objetivo apresentar como a educação evoluiu no mundo desde a Pré-história até o século XVIII, enquanto o segundo artigo tem por objetivo apresentar como a educação evoluiu no mundo do século XVIII ao século XXI. Foram considerados dois períodos na escalada da educação no mundo (da Pré-História ao século XVIII e do século XVIII à era contemporânea) tendo o século XVIII como o divisor de dois momentos cruciais no desenvolvimento da educação no mundo. O século XVIII foi um momento marcante na história da humanidade porque foi nesta época que surgiu o Iluminismo como um movimento intelectual em oposição às trevas da Idade Média cujas bases foram construídas sobre os alicerces da razão e do empirismo. O Iluminismo foi uma revolução no campo do saber e um movimento que culminou em uma nova forma de conceber a relação entre o homem e a natureza. O Iluminismo valorizava a razão como o meio para garantir o progresso da humanidade.
Este artigo analisou a evolução da educação na Pré-História, na Antiguidade (Século VIII a.C. ao Século V d.C.), na Idade Média (Século V ao Século XV) e na Idade Moderna (Século XV ao Século XVIII). Na Pré-História da humanidade, nas comunidades primitivas, já havia atividades educativas quando as crianças e jovens aprendiam técnicas grupais de sobrevivência e práticas coletivas como caça, pesca, plantio, enfim, sua cultura. A criança adquiria a sua primeira educação sem que ninguém a dirigisse expressamente. Nas comunidades primitivas, o ensino era para a vida. Para manejar o arco, a criança caçava, para aprender a guiar um barco, navegava. As crianças se educavam tomando parte nas funções da coletividade. Não existia uma instituição determinada para a educação que ocorria de fato em “casa” e no convívio com seu grupo ou tribo, e assim era repassada de pais para filhos, confirmada através de gerações.
Durante a Antiguidade (do Século VIII a.C. ao Século V d.C.), no Extremo Oriente, houve a influência do confucionismo, taoísmo e budismo na educação. A educação confuciana é pensada para a formação de um indivíduo que deverá ser útil à coletividade. Esse indivíduo deveria instruir-se a fim de ingressar no funcionalismo público participando da burocracia estatal. A doutrina do taoísmo representa um pensamento inteiramente diferente. Para taoísmo, Confúcio representava a perda da espontaneidade do indivíduo, o cerceamento de seu agir conforme a natureza. Os ideais budistas encontraram solo fértil na China, penetrando, posteriormente, na Coreia e no Japão. No Japão, seu pensamento sincretizou-se com os ideais confucianos e taoístas, já importados da China, além da ritualística xintoísta, esta, aparentemente, originária do próprio Japão. Essa síntese deu origem às escolas do budismo zen. É possível identificar algumas características pedagógicas dessa doutrina mais filosófica do que propriamente religiosa como a ênfase na prática, em vez da especulação teórica, na evolução interior e no conceito de iluminação ou despertar espiritual, que emerge a partir de um “disciplinamento espontâneo”.
Durante a Antiguidade, o povo da Fenícia que ocupava a região dos atuais Líbano, Palestina, Síria e Israel simplificou a técnica da escrita até chegarem, finalmente, a um sistema puramente alfabético. A educação na Pérsia antiga tinha apenas um aspecto comum com a da Fenícia: não anulava completamente a individualidade, não se entregava à memorização mecânica, não tendia para a simples perpetuação de uma ordem constituída, mas promovia, em certa medida, formas de ativismo dinâmico. A educação persa fazia pouco ou nenhum caso da instrução literária e da própria aprendizagem da escrita. O povo hebreu, ou hebraico, também conhecidos como israelitas ou judeus, fez com que surgissem junto das sinagogas escolas elementares. A caraterística da civilização e da educação hebraicas reside no espírito religioso que lhe dá forma, refunde e molda em unidade os ricos influxos culturais recebidos dos babilônios, dos egípcios, dos persas e dos gregos.
Na Grécia, durante a Antiguidade, sociedade grega de base escravista, encontraremos um modelo educativo para a classe dominante para formá-la para as tarefas de poder. Após milhares de anos, na Grécia Antiga, a educação se revoluciona. Muito da educação ocidental é devida à educação grega, um complexo educacional de Ginástica, Gramática, Retórica, Música, Matemática, História, Filosofia, entre outras matérias para formação de cidadãos capazes de exercer ativo papel na sociedade. O modelo da educação grega tinha como objetivo a formação do cidadão. Foi na Grécia Antiga que surgiu a ideia de uma escola de Estado proposta no fim do século IV a.C. pelo filósofo Aristóteles porque ele entendia que só com uma educação igual para todos os cidadãos a cargo do Estado e pública seria capaz de atingir seu objetivo de promover o bem comum. O sistema de educação do Império Romano seguiu o modelo de educação da Grécia antiga. Era um sistema de privilégios em que poucos tinham acesso à escola. A educação era variável, tanto conforme as classes sociais, como conforme os gêneros. Os plebeus cresciam sem instrução, não aprendendo a ler nem a escrever. Em contrapartida, os filhos das camadas mais altas da sociedade tinham amplo acesso à escola e a uma formação complexa.
Constata-se que, durante a Antiguidade, desde que os homens passaram a viver em sociedade, a educação esteve presente, cuja prática ocorreu primeiramente no ambiente familiar. É importante observar que a educação não é o mesmo que escola porque ela foi uma invenção da humanidade. As primeiras notícias que temos sobre a escola nos mostram que só tinha direito a frequentá-la os filhos das classes sociais privilegiadas. Foi assim no Egito, cuja supremacia na educação foi reconhecida pelos gregos, educadores dos romanos, e pelas posteriores manifestações cristãs. As culturas greco-romana e cristã incorporaram elementos do Oriente Próximo, reconhecendo nos egípcios a origem da cultura, da sabedoria e da instrução. Aspectos da educação egípcia, embora com características próprias, serão encontradas na Grécia Antiga como predomínio da separação dos processos educativos segundo as classes sociais, porém menos rígidos e com tendência à democracia. Na Antiguidade, o método de ensino era baseado na memorização e na repetição. A criança era tratada como um adulto sem método específico para sua aprendizagem e quando ela não correspondia às expectativas do mestre, era comum o castigo físico denominado de “sadismo pedagógico”.
Durante a Idade Média (do Século V ao Século XV), na transição da Antiguidade para a Idade Média, aconteceu a implantação do sistema feudal de produção em substituição ao escravismo e com a consolidação do cristianismo como nova visão do mundo em substituição à visão greco-romana antes dominante. A partir do século VI, a Igreja Católica era a única autoridade política através do papado. A educação cristã medieval, que se tornou dominante durante a Idade Média, herdou do costume hebraico a enfadonha e obsessiva didática da memorização e repetição coral, do aprender de cor. Para as transgressões e deficiências no estudo, ou nos erros cometidos no canto das orações, a correção não era realizada somente com palavras, mas com castigos. Na Idade Média, os mosteiros católicos foram responsáveis pelo ensino, ainda assim muito seletos, com alunos da elite e estudos extremamente ligados à religião. O mosteiro foi o primeiro espaço de organização e preservação dos saberes na Idade Média. A concepção de um local especialmente destinado à sistematização do ensino e do conhecimento nasceu da ideia cristã de evangelização presente no mosteiro e nas escolas cristãs dessa época.
A Idade Média é tida como idade das “trevas”. Apesar disto, foi neste período que nasceu a Universidade no ano 1000, na Europa. As universidades nasceram na Europa sob o poder da Igreja Católica que concedia com exame prévio dos títulos de estudo, a autorização para ensinar (licença docente). Os três primeiros campos do conhecimento que se constituíram em faculdades foram artes liberais, medicina e jurisprudência. Esta última, que continha o direito romano ou civil, incluiu o direito canônico a partir de 1140. Mais tarde foi acrescentada teologia. Esta era a base da instrução medieval. Sobre o ensino superior, os registros históricos mais antigos relatam sua existência na Itália, em Bolonha para ser mais exata, em meados de 1088. Já no século XII, foi fundada na França a Universidade de Paris. Ambas instituições, totalmente desvinculadas da Igreja Católica e do Estado, eram responsáveis pelo ensino de medicina, astronomia, matemática, leis, e serviram como referência para o desenvolvimento do ensino superior em todo o mundo.
No período medieval, grande parte da população da época ainda não possuía habilidades educacionais básicas como ler, escrever e fazer contas matemáticas, até que o comércio começou a crescer, e essas habilidades passaram a ser uma necessidade dos comerciantes, forçando a burguesia a investir em uma escola, uma instituição própria para ensinos práticos que os ajudassem a crescer ainda mais financeiramente, tocando seus negócios com maior sabedoria. Em outras palavras, o desenvolvimento da escola como instituição de ensino está intimamente ligado à burguesia e ao capitalismo. Além da universidade, outra modalidade de ensino surgiu na Idade Média, a partir dos anos 1000, as corporações de ofício que estão relacionadas com os novos modos de produção em que a relação entre ciência e operação manual é mais desenvolvida e a especialização é mais avançada. Ela se distingue da formação escolar pelo fato de se realizar no local de trabalho no qual adolescentes aprendizes recebiam orientação de mestres sapateiros, joalheiros, padeiros, etc. a quem ficavam sob sua tutela.
Nesta mesma época surge um movimento filosófico inovador, o Humanismo, que ganhou força no século XV e impulsionou o Renascimento, movimento cultural, econômico e político, surgido na Itália no século XIV e se estendeu até o século XVII, e posteriormente, a Reforma Protestante. Tudo isto contribuiu para o surgimento do Iluminismo no século XVI, movimento intelectual, científico e filosófico. O Humanismo tinha aversão pela cultura medieval e pela sua forma de transmissão, a escola, sob a égide da Igreja Católica. Em sua crítica à escola medieval, havia a pedagogia contrária aos castigos físicos então imperantes e de educar as crianças considerando sua tenra idade e de educá-la de acordo com a sua própria índole. No século XVI, na transição do feudalismo para a consolidação do capitalismo, no contexto do movimento filosófico do Humanismo e do Renascimento eclodiram movimentos reformistas em oposição à Igreja Católica que passaram a constituir suas próprias igrejas delas resultando iniciativas que deram início à expansão quantitativa da escola. Surgiram duas propostas de educação: a da Reforma Protestante e a da Contrarreforma comandada pela Igreja Católica.
A Reforma Protestante surgiu com o luteranismo que foi o movimento religioso que mais exerceu influência sobre a escola no início do século XVI. A Reforma Protestante exigiu a presença de meninos e meninas nos bancos escolares sem distinção de classe. A Reforma Protestante defendeu sua concepção de escola pública para a formação dos cidadãos. Em 1549, o imperador Carlos V da Alemanha antecipou as iniciativas dos soberanos iluminados do século XVIII preconizando que as escolas fossem mantidas pelo Estado. Por sua vez, a Contrarreforma foi uma iniciativa da Igreja Católica com o propósito de manter os dogmas de forma intransigente questionados pelos defensores da Reforma Protestante e sua prerrogativa sobre a educação. Como resposta à reforma luterana, a Igreja Católica instituiu os seminários destinados a educar religiosamente e a instruir nas disciplinas eclesiásticas os novos sacerdotes e programa de estudos de jovens. Os jesuítas se notabilizaram no combate ao protestantismo.
Durante a Idade Moderna (do Século XV ao Século XVIII), nos séculos XVI e XVII, a educação ganhou impulso adquirindo nova feição com as classes escolares divididas por idades e a proposta de meninos e meninas frequentarem a escola que foram conquistas dessa época. No século XVI, começou o início do fim da hegemonia da Igreja Católica na educação na Europa uma vez que começou a deixar de ser ministrada apenas nos mosteiros e nas catedrais. Nesta época, as igrejas criadas pelas reformas religiosas, especialmente a reforma luterana, desempenharam papel fundamental na educação com sua ênfase das famílias enviarem seus filhos à escola. No século XVII, embora a tendência fosse o Estado assumir a educação, a religião mantém ainda sua hegemonia nela. No século XVII, aconteceu uma renovação pedagógica proposta por Jan Comenius de “ensinar tudo a todos” baseada no empirismo (observação direta das coisas). Comenius propôs uma escola para a vida toda que, dividida em graus, ensinasse tudo a todos totalmente. Comenius é fundador da didática e, em parte, da pedagogia moderna. Ele é o precursor do método objetivo, dos materiais didáticos os mais aperfeiçoados possíveis e das experiências executadas diretamente pelo professor.
Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?
Para ler o artigo completo de 7 páginas em Português, Inglês e Francês, acessar os websites do Academia.edu <https://www.academia.edu/
Mín. 24° Máx. 27°