O Brasil assumiu, pela primeira vez, a presidência do G20 e colocou na pauta de prioridades temas sociais como o combate à fome e à pobreza. O grupo criou uma força-tarefa para construir uma Aliança Global contra Fome e à Pobreza. O lançamento está previsto para ocorrer em novembro, . Até lá, a força-tarefa promoverá diversas reuniões técnicas, como a que será realizada em Teresina, de 20 a 24 de maio.
Você sabe o que é o G20 e como funciona?
Também conhecido como Grupo dos Vinte, o G20 nasceu após uma sequência de crises econômicas que assolaram o mundo na década de 1990. No ano de 1999, foi criado um fórum multilateral entre países industrializados e emergentes, composto na época por ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais, que inicialmente tinha como foco debater questões econômicas e financeiras mundiais.
Em 2008, no auge de mais uma crise econômica mundial causada pela quebra do banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos, o grupo teve a primeira reunião de cúpula com chefes de estado e de governo e, desde então, não parou de crescer, sempre discutindo assuntos relacionados à estabilidade econômica global.
Com presidências rotativas anuais, o G20 desempenha um papel importante na definição e no reforço da arquitetura e da governança mundiais em todas as grandes questões econômicas internacionais. Hoje, além de 19 países dos cinco continentes (veja lista ao fim da matéria), integram o fórum a União Europeia e a União Africana. O grupo agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do produto interno bruto (PIB) mundial e 75% do comércio internacional.
Você deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com a minha vida? Apesar de ser tradicionalmente hermético à participação social, com o tempo, o escopo de atuação do G20 ganhou novos horizontes. Embora no início fosse concentrado principalmente em questões macroeconômicas gerais, o grupo expandiu a agenda para incluir temas de interesse da população mundial como comércio, desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia, meio ambiente, mudanças climáticas e combate à corrupção.
E isso tudo tem a ver com você e com o futuro de todos nós. Dentro da visão de que problemas globais exigem soluções conjuntas, a própria economia não se sustenta se o planeta não se unir para construir um mundo mais justo e um planeta sustentável para todos e, para isso, é fundamental combater, por exemplo, as desigualdades sociais, a fome, a pobreza e as mudanças climáticas.
Brasil investe no protagonismo de temas sociais
Desde 1º de dezembro de 2023, o Brasil assumiu, pela primeira vez, a presidência do G20 e colocou na pauta outras prioridades: a reforma da governança global, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e o combate à fome, pobreza e desigualdade.
Em relação ao terceiro assunto, foi organizada uma força-tarefa para construir uma Aliança Global contra Fome e à Pobreza, sob coordenação dos Ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), da Fazenda e das Relações Exteriores.
É a primeira vez que, no âmbito do G20, é proposta uma aliança para tratar de uma crise que não é essencialmente dos ricos, mas global. Estima-se que, no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 735 milhões de pessoas passam fome.
A ideia de formar uma aliança é iniciativa do presidente do Brasil, Lula, que começou a ser trabalhada quando o país assumiu a chefia do G20 em Nova Delhi, na Índia, no ano passado. A proposta busca angariar recursos e conhecimentos para a implementação de tecnologias sociais e políticas públicas comprovadamente eficazes – como ocorreu no Brasil – para a redução da fome e da pobreza no mundo.
“Queremos, com uma aliança global, dar suporte e impulso político, recursos financeiros e cooperação técnica para apoiar a implementação direta de políticas de sucesso comprovado, em cada país que quiser participar. A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é o caminho para trabalharmos juntos e focados em vencer esse desafio”, explicou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.
A adesão estará aberta não somente aos membros do G20, mas a todos os países interessados. O lançamento está previsto para ocorrer em paralelo à Cúpula do G20, em novembro, em âmbito de chefes de Estado, com os países que optarem por participar da aliança.
Até lá, a força-tarefa promoverá diversas reuniões técnicas, como a que será realizada em Teresina, no Piauí, de 20 a 24 de maio, com ampla participação de membros do G20, países convidados e organismos internacionais. As discussões com parceiros-chave buscam detalhar questões de funcionamento, linhas de governança e instrumentos fundadores, como termos de adesão e critérios para fazer parte da cesta ofertada de políticas bem-sucedidas contra a fome e a pobreza.
Além dessas discussões, outras cidades-sede no Brasil receberão as reuniões do G20. Entre dezembro de 2023 e novembro de 2024, o Brasil deverá organizar mais de 100 reuniões oficiais, que incluem cerca de 20 reuniões ministeriais, 50 reuniões de alto nível e eventos paralelos. O ponto alto será a 19ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G20, nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
Como funciona o G20
O G20 é organizado em duas faixas paralelas de atuação, que conversam entre si: a Trilha de Sherpas e a Trilha de Finanças. A primeira é comandada por emissários pessoais dos líderes do G20, que supervisionam as negociações, discutem os pontos que formam a agenda da cúpula e coordenam a maior parte do trabalho.
Além dos 15 grupos de trabalho, a Trilha de Sherpas é composta, nesta presidência do Brasil, por duas forças-tarefas: para a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e para Mobilização Global Contra a Mudança do Clima. Também inclui uma iniciativa sobre bioeconomia.
Já a Trilha de Finanças trata de assuntos macroeconômicos estratégicos e é comandada pelos ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais dos países membros. Ao todo, são sete grupos de trabalho e uma força-tarefa conjunta de finanças e saúde.
Outro ponto de destaque sobre o funcionamento do G20 é o sistema de Troikas, um trio de membros formado pelo último ocupante da presidência do grupo, o atual e o próximo presidente. O governo que ocupa a presidência coordena o grupo, com apoio dos outros dois. Atualmente, a Troika é composta pela Índia (última presidência do G20), o Brasil (atual presidência) e a África do Sul (próxima presidência).
Confira a lista de países do G20
Além da União Europeia e da União Africana, integram o G20 os seguintes países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
Mín. 23° Máx. 26°