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Estado incentiva formação de novos agentes agroflorestais indígenas

Os povos indígenas do Acre prestam um importante serviço de reflorestamento e conservação do bioma amazônico no estado. Para intensificar essas açõ...

17/03/2022 às 18h40
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Secom Acre
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Foto: Reprodução/Secom Acre
Foto: Reprodução/Secom Acre

Os povos indígenas do Acre prestam um importante serviço de reflorestamento e conservação do bioma amazônico no estado. Para intensificar essas ações, na última terça-feira, 15, foi iniciado o XXVII Curso de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs), que contribui para o saber e prática ambiental desses profissionais no dia a dia das suas aldeias.

O evento ocorre no Centro de Formação dos Povos da Floresta e é coordenado pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC), em parceria com a Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (Semapi). O curso abrange diversas áreas, desde a arte de ofício até o manejo ambiental.

Indígenas na aula de arte de ofício. Foto: José Caminha/Secom
Indígenas na aula de arte de ofício. Foto: José Caminha/Secom

A CPI/AC desenvolve essa formação desde 1996 e sua função é apoiar os povos indígenas que vivem no Acre, por meio de ações que articulem a gestão territorial e ambiental de suas terras. 

Ao longo de 40 anos a instituição vem atuando junto aos 13 povos indígenas presentes no estado: Huni Ku? (Kaxinawa); Ashaninka; Yawanawa; Puyanana; Noke Ko’í (Katukina); Nukini; Nawa; Manxineru; Jaminawa Arara; Jaminawa; Shanenawa; e Shawãdawa, que fazem parte de 30 das 35 terras indígenas no Acre. Também participa o povo Kuntanawa que vive na Reserva Extrativista (Resex) Alto Juruá.

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O Curso de Formação

A coordenadora executiva da Comissão Pró-Índio, Vera Olinda, destaca a importância do curso, que aprofunda o conhecimento dos indígenas que querem se tornar agentes agroflorestais: “Essa capacitação vai garantir um aprofundamento na área de conservação da floresta, principalmente na segurança alimentar e manutenção de paisagem. Esse é um trabalho pioneiro no Brasil e no Acre, e vem contribuindo para a redução do desmatamento e a manutenção da biodiversidade e equilíbrio do clima”.

Os indígenas durante um mês vão se aprofundar no conhecimento dos modelos de agroflorestas nas comunidades acreanas. O professor do curso e coordenador pedagógico do Programa Agroflorestal Indígena, Renato Antônio Gavazzi, afirma que os resultados já são visíveis.

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O professor destacou a importância do trabalho desenvolvido na CPI/AC para as comunidades indígenas de  todo o estado. Foto: José Caminha/Secom
O professor destacou a importância do trabalho desenvolvido na CPI/AC para as comunidades indígenas de  todo o estado. Foto: José Caminha/Secom

“Os resultados já aparecem, vemos evolução na implementação da recuperação de mata ciliar, reflorestamento, enriquecimento de capoeira, enriquecimento de roçado, implementação dos sistemas agroflorestais nos quintais, além de trabalhar no manejo e conservação de animais”, afirma Gavazzi.

O centro de formação oferece cinco modalidades de implementação nos cursos: presencial; oficinas itinerantes, que acontecem nas aldeias; rede de intercâmbio; implementação; e a monografia. Os agentes agroflorestais se formam após um período de sete anos de formação contínua. De acordo com o professor, são 5420 horas/aula para a conclusão do curso.

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O principal objetivo da formação é levar um conhecimento importante para as terras indígenas, ter um profissional que atua na gestão territorial e ambiental das áreas demarcadas.

Pupuã, Pedro Evaristo, participa desde 2014 e espera poder levar o aprendizado para a sua aldeia Foto: José Caminha/Secom
Pupuã, Pedro Evaristo, participa desde 2014 e espera poder levar o aprendizado para a sua aldeia Foto: José Caminha/Secom

“Comecei a formação em 2014, e hoje estou continuando o curso para ser reconhecido como agente agroflorestal. É importante levar o conhecimento às nossas aldeias e cada família coloca em prática o que aprendemos aqui”, comenta o indígena Pupuã, Pedro Evaristo Muniz, do povo Nukini, terra indígena Recanto Verde.

O Bane, Antônio de Carvalho Kaxinawá, do povo Huni Kui, terra indígena Nova Olinda, afirma que está no curso para trabalhar como gestor ambiental dentro da sua aldeia: “Nós trabalhamos com recursos naturais, para que não faça falta para nós no futuro. Fazemos o reflorestamento e a preservação da floresta. É muito importante que esse conhecimento chegue a todos os nossos parentes, para que possamos organizar os recursos naturais dentro das nossas terras”.

Bane, o Antônio Kaxinawá, é uma liderança indígena experiente no projeto. Foto: José Caminha/Secom
Bane, o Antônio Kaxinawá, é uma liderança indígena experiente no projeto. Foto: José Caminha/Secom

O recurso do projeto é proveniente de uma parceria da Semapi, por meio do Programa REM Acre Fase II, marcado pela colaboração entre o governo do Acre com a Alemanha e o Reino Unido, numa iniciativa voltada para projetos de proteção e conservação das florestas, do Fundo Amazônia/BNDES, Rainforest Foundation da Noruega (RFN), NORAD/Norway’s International Climate and Forest Initiative (NICFI), Manos Unidas. 

“Incentivar o protagonismo dos indígenas em suas comunidades é um dos focos do curso. Essa é a forma que a gestão trabalha, ouvindo os indígenas e apoiando projetos que eles definem como prioritários”, conclui Israel Milani, secretário de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas.

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