Os dedos começam a se familiarizar sobre como dividir as mechas em três e a trançar as perucas. A explicação sobre a melhor forma de começar este tipo de penteado, denominado “box braids” – que carrega este nome pela aparência de tranças “encaixadas” – é da professora Michele Souza, que há quase seis anos é trancista e pela primeira vez ofereceu a oficina para cinco mulheres que demonstraram interesse no Centro Integrado dos Direitos Humanos.
“A gente conseguiu fazer essa parceria para executar o curso no espaço por cinco tardes. A estrutura foi excelente para a gente, porque é mais preparado, arejado, mais centralizado e mais acessível também para as meninas que não são daqui”, comentou a professora.
Segundo Michele, o curso é voltado para a trança “box braids” por ser uma técnica bem procurada no mercado. O objetivo do curso é fornecer a possibilidade de renda. Como o curso é de curta duração, Michele fornece um kit para a prática e, de 15 em 15 dias, a turma se encontra para tirar dúvidas. “A gente não consegue ter muita prática aqui, mas a gente consegue aprender tudo direito e é por isso que nesses encontros a gente vai dar as dicas do que pode melhorar para que eu consiga acompanhar o desenvolvimento delas”, completou.
O coordenador municipal de Promoção da Igualdade Racial, Ricardo Alves, explicou que o Centro dos Direitos Humanos é um espaço dos movimentos. “Esse é um espaço vivo. Trabalhamos assim com porta aberta, com parcerias para gente acolher e ser um divisor de águas na história dos direitos humanos em Vitória da Conquista. Cedemos o espaço para oficina de tranças, mas também alguns conselhos irão funcionar aqui, a exemplo das reuniões da Igualdade Racial”, informou Ricardo.
Alana Brito, de 27 anos, mora em Planalto e soube da oficina através das redes sociais de Michele. Ela contou que desde muito nova tinha vontade de fazer o curso. “Eu já tinha uma prática, só que eu queria me aperfeiçoar. E minha irmã me indicou porque já conhecíamos o trabalho dela. E o curso está maravilhoso. Parece que a gente se conhece há muito tempo, a nossa energia deu muito certo. Se pudesse ficar mais tempo seria maravilhoso. A professora é perfeita, não poderia ser melhor. Aprendi muito, muito, muito mesmo”, elogiou.
Miriam Alves, de 43 anos, é técnica de Enfermagem, mas ama fazer as tranças da família. Ela aprendeu a trança nagô em São Paulo e depois de 27 anos trabalhando lá, retornou a Vitória da Conquista há dois meses. “Eu já conhecia também o trabalho de Michele, soube do curso e vim aperfeiçoar. Para mim está bom porque a Michele ensina bem, tem paciência, deixando a gente bem tranquila, em relação aos outros cursos que eu já fiz. Então o aprendizado é mais fácil”, comentou Miriam, que vê a trança como terapia, mas que depois do curso pretende prestar o serviço.
As box braids são de origem africana e consiste no uso de uma fibra sintética trançada ou costurada junto aos cabelos para formar um penteado único.
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