Para marcar o encerramento da campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a Prefeitura de Vitória da Conquista está promovendo a partir desta segunda-feira (12), a exposição “Uma Carta para Você”. A ação teve início na parte interna da Estação de Transbordo Herzem Gusmão, em pleno Centro da cidade, onde foram colocados seis painéis que reproduzem trechos de cartas escritas por doze mulheres que vivenciaram situações de violência de gênero.
Os painéis permanecem no local até a manhã desta terça-feira (13). Em seguida serão levados para o Boulevard Shopping, onde ficarão expostos ao público durante todo o mês de dezembro.
Entre as autoras das cartas, há mulheres referenciadas pelo Centro de Referência Albertina Vasconcelos (Crav) e atendidas pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). Os relatos foram escritos durante uma dinâmica promovida pela Coordenação Municipal de Políticas para Mulheres, no dia 25 de novembro – data dedicada ao Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres.
A dinâmica consistia em um relato das mulheres, por escrito, sobre as formas de violência que elas vivenciaram e, no mesmo texto, deveriam escrever o que esperavam do futuro. Após essa primeira etapa, elas puderam ler o que tinham escrito. Várias delas se emocionaram durante a leitura, como recorda a coordenadora municipal de Políticas para Mulheres, Dayana Andrade. “Quando você compartilha experiências como essas, você vê que não está sozinha e percebe que existem outras mulheres na mesma situação que você”, observa Dayana.
As participantes autorizaram a divulgação do conteúdo de suas cartas, sem que seus nomes fossem publicados. O mais importante, segundo Dayana, é que as experiências sejam compartilhadas com os milhares de pessoas que passam diariamente pela Estação de Transbordo Herzem Gusmão.
“Todo mundo ouve falar de violência ou acompanha as campanhas durante o ano. Mas a ideia é levar essas situações para que a sociedade abrace a questão do combate à violência de gênero. Levamos esses relatos para onde há um fluxo de pessoas, para que essas pessoas tenham um choque de realidade”, conta a coordenadora.
Relatos geram identificação entre mulheres
Destacando-se na paisagem sob a plataforma, em meio ao movimento de entrada e saída dos ônibus, os painéis foram vistos por pessoas como a diarista Jusciane Silva, 38 anos, que se postou diante de um que trazia a carta escrita por uma mulher que dizia: “Sim, eu luto por uma causa”. Casada e mãe de um filho, Jusciane aprovou a iniciativa e disse que muitas mulheres podem se identificar com o conteúdo dos relatos. “Isso pode levar outras mulheres a sair dessa situação de violência. Assim, elas veem que podem resolver a situação de violência em que elas se encontram”, afirmou Jusciane.
Sarah Silva, 22 anos, concordou com Jusciane na aprovação da iniciativa. Em outro painel, ela leu a seguinte mensagem, seguida de um questionamento: “Sim, eu já sofri violência de gênero. O que eu posso fazer se a minha liberdade, força e luz te constrangem?” A frase é assinada pela delegada titular da Deam, Gabriela Garrido, uma das participantes da dinâmica do dia 25 de novembro – e a única que permitiu que seu nome fosse divulgado.
“Essa violência contra as mulheres é uma coisa que muitas pessoas querem esconder”, afirmou Sarah. “E o fato de essas mulheres tornarem isso público é algo muito corajoso. É importante para que outras mulheres se espelhem nelas e também procurem ajuda”, concluiu.
Como denunciar a violência de gênero
Para denunciar qualquer tipo de violência de gênero, disque o número 180.
O contato com a Deam pode ser feito pelo telefone (77) 3425-8369.
A Deam fica nas dependências do Distrito Integrado de Segurança Pública (Disep), na Rua Humberto de Campos, nº 205, bairro Jurema.
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