Como parte da campanha dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, técnicos do Creas Central, ligado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes) participaram de uma formação sobre o tema na tarde desta quinta-feira (8). A ação integra as capacitações continuadas com o objetivo de dar à equipe as ferramentas necessárias para trabalhar com as mulheres que recorrem ao serviço.
O Creas atende pessoas em situação de direitos violados, a exemplo de vivências ou ameças de violência física, psicológica ou sexual. Por isso, também desempenha um importante papel na rede socioassistencial das mulheres vitimadas, atuando diretamente no fortalecimento de seus vínculos familiares.
A coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres, Dayana Andrade, conduziu a formação. “No primeiro semestre de 2022, foram quatro feminicídios por dia no Brasil. Então é o tempo todo a gente trabalhando pra desconstruir o machismo e essa cultura patriarcal”, justificou. “Os Creas também trabalham a questão do fortalecimento de vínculos, porque a violência doméstica muitas vezes não é só do marido ou companheiro, é entre uma mãe e uma filha, entre uma avó e um neto, então o Creas consegue fazer essa articulação”, completou.
Para a recepcionista do órgão, Maria Aparecida Dias, que participou da formação, a atividade é muito importante para contribuir com o trabalho desempenhado. “A partir do momento que essa capacitação é feita, os técnicos vão dar segurança melhor, vão conversar melhor com essas mulheres que tão sofrendo agressões, e elas vão tentar sair desse problema, que está vitimando muitas mulheres”, avaliou.
Se hoje Maria Aparecida tem a preocupação em ajudar mulheres em situação de violência, há cerca de 25 anos foi ela que necessitou de ajuda. “Meu relacionamento começou de boa, mas foi chegando um tempo que começaram agressões verbais. Eu fui me acostumando com aquilo, porque eu morava em uma cidade que meus parentes moravam longe, e fui ficando. Em um certo momento, ele acabou quebrando o meu nariz. Eu estava grávida de oito meses, fui parar no hospital. E mesmo assim eu continuei com ele, ainda tive mais uma filha”, contou.
Naquela época, ela residia em São Paulo com o marido, e seus familiares estavam na Bahia. Apesar de os irmãos já virem lhe aconselhando a sair do relacionamento violento, a decisão veio após assistir na TV a notícia de um feminicídio. “Aí eu acordei e falei: ‘Poxa, eu tenho o apoio da minha família. Será que eu vou querer morrer também?’” Foi quando Maria Aparecida, carregando as três filhas, veio embora para Vitória da Conquista escondida do marido.
“Hoje tem 25 anos que eu sou separada dele. Um novo começo, um alívio muito grande. Porque quando você tá dentro, você não consegue enxergar bem as coisas. Então eu acho importante o Creas por isso, vai dar um respaldo, acordar as mulheres”, disse.
Fechando a programação da campanha dos 21 Dias de Ativismo, na segunda-feira (12) será realizada a exposição “Uma Carta para Você” , na Estação de Herzem Gusmão e no Boulevard Shopping. E exposição mostra uma compilação de cartas escritas por mulheres vítimas de violência, por meio da escrita terapêutica, em que elas colocam o sentimento sobre essa vivência no papel.
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