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Conheça Samira de Castro: candidata única a presidência da FENAJ.

“Nós temos um lado, nosso lado é o da classe trabalhadora e contra qualquer forma de opressão”.

16/06/2022 às 22h25
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: http://www.sjpmg.org.br/
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Samira de Castro é jornalista graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Foto: Reprodução youtube.com.br
Samira de Castro é jornalista graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Foto: Reprodução youtube.com.br

Por Nathália Avelino (*)

Nos dias 26, 27, 28 de junho, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) promoverá eleição direta para sua Diretoria e para a Comissão Nacional de Ética. Entre os candidatos está a cearense Samira de Castro, indicada para encabeçar a chapa intitulada “Unidade na Luta – Em Defesa do Jornalismo dos Jornalistas e da Democracia”, que conta com outros 31 membros de todo o Brasil, distribuídos entre executiva, vices-regionais, secretarias e conselho fiscal. Todos os jornalistas filados há seis meses e em dia com suas obrigações sindicais poderão votar.

Quem é Samira de Castro?

Samira de Castro é jornalista graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e ingressou no mercado de trabalho em 1997 como repórter de economia no Jornal Diário do Nordeste.

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Sua história no movimento sindical dos jornalistas começa na base, quando seus colegas de trabalho a viam assumindo uma postura de reivindicar direitos e defender interesses coletivos como pagamento de horas extras, gratificação para os subeditores e criação de pautas ligadas aos direitos humanos, empoderamento feminino e desenvolvimento humano e social. Então, a cearense foi convidada a assumir espaços no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e lá esteve desde 2010, tendo sido presidenta por dois mandatos.

“Entrei para o Sindicato como secretária-geral, procurei atuar na questão do cumprimento da jornada de trabalho e dos direitos das convenções coletivas, pois o Ceará chegou a ter as convenções coletivas mais modernas para a categoria, com direito ao auxílio creche integral, ou seja, os jornalistas pagavam a creche e a empresa era obrigada a ressarcir, assim como direitos bem modernos, como diária de viagem a 10%, hora extra 80% e 100%, haviam uma série de direitos avançados os quais me debrucei nas convenções fazendo pressão nas empresas pela garantia deles”, revela Samira.

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Sua experiência na FENAJ começou em 2016, quando adentrou na Federação como 2ª tesoureira. Participou de congressos nacionais como delegada e, uma vez dentro da Federação, passou a participar da elaboração das teses e das discussões políticas sobre a categoria dos jornalistas no Brasil. Samira acredita na luta coletiva e essa é a segunda eleição nacional da qual participa em que há chapa única, ou seja, “há um enorme esforço de unidade de todos os sindicatos brasileiros, para que a categoria enfrente esse momento de extrema precarização unida, para que não haja divisão de grupos na questão da defesa dos interesses das e dos jornalistas”, reafirma.

Unidade na luta, uma chapa diversa

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A chapa única que concorre às eleições da FENAJ possui 32 candidatos distribuídos nos estados do Brasil, que enxergam de uma forma realista a urgência de defesa da atualização da regulamentação profissional, da volta da exigência do diploma de nível específico superior em Jornalismo, assim como, defesa da democracia e do estado democrático de direito no país.
“Temos bandeiras de lutas históricas que precisam ser reafirmadas com veemência perante os jornalistas brasileiros e os poderes constituídos nesse momento”, conta Samira.

Em linhas gerais, as propostas da chapa são: defesa do jornalismo compreendendo a regulamentação profissional, financiamento público para o jornalismo, fomento aos novos arranjos jornalísticos, defesa da jornada especial de 5 horas diárias, combate às fraudes jornalísticas (PJ’s, falsos MEIS e sócios cotistas), revogação das contrarreformas trabalhista e previdenciária e a adoção de um protocolo de segurança para o exercício legal e seguro do jornalismo no Brasil. A chapa se propõe a defender também a federalização da investigação de crimes cometidos contra jornalistas, criação do Observatório Nacional da Violência contra a categoria, campanha salarial nacional, defesa do piso nacional e o enfrentamento à exploração dos estagiários de Jornalismo.

A chapa é composta por 30% de mulheres como está no estatuto da FENAJ, 20% negros e negras, sendo 32 membros distribuídos entre diretoria executiva, vices regionais e secretarias, além dos cinco integrantes da comissão nacional de ética. Confira as propostas, cargos e todos os Jornalistas candidatos a assumir a FENAJ através da conta no instagram @fenajunidadenaluta.

“Luto por um futuro sem violência e assédio”

Questionada sobre os ataques e assédios já sofridos no mercado de trabalho Samira conta que enfrentou “machismo, sexismo e misoginia por ocupar um lugar profissional que historicamente é reservado aos homens, como é o caso da editoria de Economia”. “Superiores hierárquicos, colegas de trabalho e fontes me questionavam por ser mulher e jovem”, lembra. “Mas sempre rebati a altura quando era questionada sobre minha capacidade como mulher. E também questionei e enfrentei piadas e brincadeiras machistas sobre minha juventude e meu corpo”.

As estruturas do sistema opressor foram expressivas para engrossar a força de luta de Samira, assim ela revela que também sofreu machismo vindo de colegas mulheres e que a sua escolha pela maternidade chegou ser colocada como empecilho ao crescimento na carreira.

Sendo mulher, mãe de três homens e filha, Samira acredita que o sindicalismo é um potente motor para a transformação da sociedade. Afinal, quando se integra as lutas de gênero, raça e classe, ele adquire condições de contribuição para transformar a sociedade. “Eu luto hoje para que meus filhos vivam numa sociedade inclusiva, melhor que a que encontrei e que meus pais encontraram. É isso que me move a continuar acreditando no movimento sindical, na esquerda brasileira, na democracia e nos valores humanos. Precisamos caminhar para a emancipação humana, para um mundo sem divisão de classe, cor, gênero ou orientação sexual, precisamos caminhar para essa sociedade igualitária, uma luta perene. Afinal, o mundo vai estar sempre atravessado por poderes, pessoas e situações que querem comandar, temos que lutar para não ser comandados e para que essas opressões não vençam”.

Por fim, Samira encerra aspirando por um mundo melhor e acreditando na potência da (des)organização: “gosto muito de citar uma frase do Chico Science; “eu me organizando posso desorganizar”, se nos organizarmos enquanto categoria de trabalhadores assalariados, podemos desorganizar o sistema opressor. É nisso que acredito: trabalho coletivo, auto-organização e defesa dos interesses de classe! Somos classe trabalhadora assalariada, não podemos jamais nos aliar aos patrões e defender uma conciliação de classes, nós temos lado e nosso lado é ao lado da classe trabalhadora e contra e qualquer forma de opressão”, finaliza.

(*) Estagiária, sob supervisão de Alessandra Mello. 

http://www.sjpmg.org.br/2022/06/nos-temos-um-lado-nosso-lado-e-o-da-classe-trabalhadora-e-contra-qualquer-forma-de-opressao-conheca-samira-de-castro-candidata-unica-a-presidencia-da-fenaj/ 

 

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