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Quilombo urbano Beco de Dôla debate agroecologia com professora da UFBA

A roda de conversa aconteceu no terreiro do Beco de DôlaA Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), por meio da Coordenação de Promo...

18/05/2022 às 19h25
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Prefeitura Mun. Vitória da Conquista - BA
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Foto: Reprodução/Prefeitura Mun. Vitória da Conquista - BA
Foto: Reprodução/Prefeitura Mun. Vitória da Conquista - BA
A roda de conversa aconteceu no terreiro do Beco de Dôla
A roda de conversa aconteceu no terreiro do Beco de Dôla

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), por meio da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial (Copir), realizou ontem (17), no Beco de Dôla, mais uma roda de conversa com as mulheres do local, com vistas à certificação da comunidade pela Fundação Palmares como quilombo urbano. A professora adjunta do Instituto Multidisciplinar em Saúde da Ufba, Patrícia Baier Krepsky, conduziu o papo sobre agricultura urbana como prática que contribui para a segurança alimentar e nutricional, promoção de saúde física e mental, valorização da cultura local quanto aos hábitos alimentares, uso de plantas medicinais e modos de cultivo do solo. Também participaram do encontro os estudantes Emanuelle Silveira, de Engenharia Ambiental do Ifba e Bruno Barreto, de Biotecnologia, da Ufba.

A professora disse ter percebido uma relação muito forte da comunidade com a questão do cultivo, e isto se dá por conta das ligações que a comunidade tem com suas origens e do hábito de cultivar quintais biodiversos. “Elas têm uma percepção muito boa sobre o que é um solo fértil, elas observam o desenvolvimento das plantas, incluindo aquelas espontâneas, já têm conhecimento sobre uso medicinal de diversas espécies” afirma Patrícia, explicando que a comunidade sabe que as plantas têm funções importantes nas suas vidas, inclusive nas questões espirituais.

Horta Comunitária –No encontro foi observado que as pessoas presentes têm noção da importância de cultivar espécies diversas num mesmo espaço. A professora apontou que nesse sentido a horta pode favorecer a obtenção de plantas importantes para práticas tanto religiosas quanto de cura do corpo físico. Ao passarem a cultivar e ter controle sobre a produção dessas espécies, “elas poderão garantir a qualidade diferenciada necessária”, explicou.

Como o solo disponível para o cultivo de uma horta provavelmente está contaminado, foi explicado como é possível regenerar um solo não fértil. O grupo chegou à conclusão sobre as vantagens de iniciar as atividades plantando espécies fitorremediadoras, ou seja, plantas que colaboram com a descontaminação do solo, para ajudar a diminuir a toxicidade, uma vez que deve haver metais pesados por conta do uso do local como depósito de lixo.

As participantes falaram também sobre questões correlatas, como a preocupação com a pureza da água consumida, as questões dos resíduos sólidos e sua reciclagem, o desrespeito aos profissionais da coleta, a titularidade do terreno que será utilizado para cultivo, e outros aspectos que terão de ser pensados para assegurar a sustentabilidade das ações. Assim, de maneira leve e com os participantes da roda sentindo-se bastante à vontade, e de certa forma íntimos do assunto, ficou ainda melhor compreendido que a agroecologia é um conjunto de métodos de cultivo sem uso de agrotóxicos, com regeneração do solo, preservação do meio ambiente e valorização dos conhecimentos locais.

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Certificação –Os encontros para a concepção da Carta de Autorreconhecimento Quilombola da comunidade do Beco de Dôla são realizados pela Copir desde março e são abertos ao público. As primeiras conversas foram sobre a identidade, a memória e os afetos. Também houve um encontro com o Núcleo de Direitos Humanos da OAB, no qual foram levantadas algumas demandas que estão sendo encaminhadas pelos representantes da instituição. Nas próximas semanas serão debatidos aspectos ambientais e de saúde. Também são realizadas entrevistas com as pessoas mais velhas, cadastramentos, pesquisas e levantamento de demandas da comunidade.

O processo de certificação consiste na concepção de uma Carta de Autorreconhecimento, um levantamento da comunidade, pesquisas, material audiovisual, entrevistas com os mais velhos e levantamentos de dados sociais, de educação, econômicos e de saúde da população. Uma vez concluída, a produção é encaminhada para a Fundação Palmares que certifica o documento.

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