Como parte da série quinzenal de publicações que destacam documentos e episódios significativos da história local, a Coluna ‘São Sebastião: Vozes da História’, da Fundação Educacional e Cultural ‘Deodato Sant’Anna’ (Fundass), traz, em comemoração ao Dia Internacional dos Museus, celebrado em 18 de maio, um resgate da trajetória do Museu da Capela da Enseada — um símbolo de resistência comunitária e valorização da memória local. Em meio a uma grande obra de reforma e ampliação da estrada, o pequeno edifício religioso chegou a ser considerado perdido. Mas a história seguiu outro rumo, graças à mobilização popular. Essa narrativa dialoga diretamente com o tema proposto pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) para 2025: O futuro dos museus em comunidades em constante mudança. Diante de uma sociedade em constante transformação, como manter os museus relevantes para todos? Como acolher pessoas vindas de outros lugares, tempos e experiências, e fazê-las sentir-se parte dessa história? O Museu da Capela da Enseada oferece pistas para responder a essas perguntas. Sua própria existência é fruto de uma mobilização iniciada em 2001, protagonizada pela Pastoral da Juventude da Igreja Católica do Bom Jesus, integrantes do Instituto Terra & Mar e moradores caiçaras. Unidos, eles impediram a demolição da capela e transformaram o espaço em um centro de preservação da memória local. “A capela era um ponto de encontro da comunidade — fazíamos quermesses, celebrações. Lutamos muito para preservá-la. Os moradores da Enseada ajudaram, entre eles a dona Darçone, dona Jandira, a Rúbia, o seu Tião. O museu era um sonho coletivo”, relembra Jacqueline Vieira, que na época participava da pastoral. A luta incluiu abaixo-assinados, reuniões públicas e requerimentos à Câmara Municipal. Só em 2020, quase duas décadas depois, a capela foi restaurada e entregue à população. Desde então, passou a abrigar o Museu da Enseada, cujo acervo foi construído com doações dos próprios moradores — tornando-o um espaço genuinamente comunitário. “Era essencial que a comunidade se visse representada no museu, especialmente após tantos anos de luta. Hoje, é um museu vivo, que segue recebendo objetos de devoção, fotografias de família, histórias do bairro”, destaca a museóloga Fernanda Palumbo. No espaço, destaca-se um altar com imagens de santos de diferentes tamanhos, doados por famílias locais. Também há utensílios domésticos antigos, como ferros de passar e louças, além de uma exposição permanente que narra a história da Enseada. Um dos pontos mais emocionantes é o mural com fotos de antigos moradores — rostos que preservam a identidade e a memória do lugar. “A comunidade entendeu o valor do museu e contribui ativamente para que ele vá além da guarda de objetos antigos. É um espaço de vozes, de arte e de memória coletiva”, explica Fernanda. A Capela Bom Jesus, que hoje abriga o museu, foi construída em meados do século XX e segue o estilo arquitetônico jesuítico, típico do Brasil Colonial. Como outras 12 capelas do município, é protegida pela Lei Municipal nº 943/1994. Está localizada na Rodovia Dr. Manoel Hipólito do Rego, nº 5298, na Praia da Enseada. A cada quinze dias, a equipe da Casa do Patrimônio, que é mantida pela Fundass e responsável pela preservação do Arquivo Histórico Municipal, compartilhará novos documentos históricos sobre São Sebastião. Para dúvidas ou contribuições, entre em contato pelo telefone (12) 3892-1015. #PraTodosVerem: imagens da Capela Bom Jesus, no bairro Enseada. Fim da descrição.
Mín. 23° Máx. 26°