O Núcleo de Atendimento Especializado para Alunos do Espectro Autista (Naetea) celebrou, nesta semana, um novo capítulo na rede de cuidados voltada às famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista em Marabá. Com a presença da primeira-dama e psicóloga Lanuzia Lobo, o encontro selou a parceria entre a Prefeitura de Marabá, a Faculdade Anhanguera e a Universidade Carajás, que juntas vão oferecer terapia de grupo para mães atípicas, aquelas que vivenciam a maternidade de forma singular ao cuidar de filhos com necessidades especiais.
O projeto é uma iniciativa pioneira no município e atende a uma demanda crescente por apoio emocional às mães dos alunos atendidos no Naetea. Com previsão de início no dia 8 de maio, data que, coincidentemente, antecede o Dia das Mães, o programa marca uma virada no olhar das políticas públicas de inclusão, ao reconhecer que cuidar das mães também é cuidar dos filhos.
Para Lanuzia Lobo, o encontro com representantes da Educação, Saúde e das instituições de Ensino Superior foi mais do que uma reunião técnica.
“Foi um momento muito gostoso de conversa entre todos, de entrosamento, todo mundo abraçando a mesma causa, o mesmo sonho”, declarou. Segundo ela, o objetivo central da iniciativa é construir uma rede de apoio emocional sólida para essas mulheres, que enfrentam uma rotina exaustiva e muitas vezes solitária.
“Sabemos que a maternidade já impõe seus desafios e na maternidade atípica esses desafios são ainda maiores. Essas mães enfrentam uma realidade de sobrecarga emocional, física e psicológica. Por isso, esse projeto é também uma forma de oferecer qualidade de vida a elas e, por consequência, a seus filhos”, destacou a primeira-dama.
Embasamento técnico
A coordenadora do Naetea, Núcia Rodrigues, explica que a ideia surgiu da observação da rotina das famílias atendidas pelo núcleo.
“Até então, o nosso foco era exclusivamente nas crianças, mas estudos mostram que as mães de crianças atípicas vivem níveis de estresse comparáveis aos de soldados em missões. Mostrou-se necessário pensar nelas também. A partir daí, o projeto foi apresentado à primeira-dama, que abraçou a causa e articulou a parceria com a Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação e as universidades. O resultado é a criação de dois grupos iniciais de terapia coletiva, com 30 mães participantes, que serão atendidas quinzenalmente na sede do Naetea”. Segundo Núcia, o primeiro grupo já está com as vagas preenchidas e o segundo está em fase final de organização.
Thais Mendes, coordenadora do Departamento de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (Semed), ressaltou o caráter acolhedor da proposta.
“O projeto é uma resposta à demanda das mães por escuta, partilha e cuidado. Elas vivem experiências muito singulares e precisam desse suporte”, disse.
Além das terapias em grupo, haverá possibilidade de atendimentos psicológicos individuais, dependendo da necessidade de cada caso. “A ideia é acolher da melhor forma possível, sempre com um olhar sensível e direcionado”, completou.
Formação profissional e impacto social
A execução do projeto também oferece oportunidades de formação para os estudantes de Psicologia das faculdades parceiras. Lloyane Cavalcanti, professora da Faculdade Anhanguera e especialista em neuropsicologia, explica que os atendimentos serão realizados por alunos em fase de conclusão do curso, supervisionados por professores experientes.
“A faculdade entra com a Clínica Escola, que já realiza atendimentos, e agora amplia sua atuação para atender essa demanda social tão importante. É uma via de mão dupla: nossas mães serão acolhidas e nossos alunos terão uma experiência de campo rica e transformadora”, destacou Lloyane. Ela também lembrou que a ação marca o encerramento simbólico do Abril Azul, mês de conscientização sobre o autismo, com um gesto concreto de inclusão.
Para todos os envolvidos, a parceria representa mais do que um projeto: é o início de uma cultura de cuidado integral. “É saúde mental para a nossa cidade e para os nossos cidadãos”, resume Lanuzia Lobo. A expectativa é de que os resultados positivos levem à ampliação da iniciativa nos próximos meses, alcançando mais mães e fortalecendo a rede de atenção psicossocial no município.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: John Wesley
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