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Produtor de Malhador promove a integração entre criação de abelhas e plantações com auxílio do Governo

Animais coletam matéria-prima de espécies da flora nativa e exótica, enquanto polinizam as plantas, incrementando produção

15/03/2025 às 09h16
Por: Redação Fonte: Secom Sergipe
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Fotos: Ascom Seagri
Fotos: Ascom Seagri

As abelhas são responsáveis pela polinização das plantas, promovendo a fecundação das flores para a produção de frutos. Em troca desta importante tarefa, elas coletam o néctar e o pólen para sua alimentação. Experiência exitosa de um produtor rural em Malhador, no agreste sergipano, fez a integração da produção de mel com a agricultura familiar irrigada e a silvicultura. Nos 344 lotes do perímetro irrigado do Governo do Estado, se produz o ano inteiro e isso aumenta o tempo de floração e a oferta de mel nas colmeias, por mais de nove meses.

No assentamento Marcelo Déda, já faz 13 anos que Eloi Francisco de Menezes é irrigante do Perímetro Irrigado Jacarecica II, administrado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). Por meio da infraestrutura hídrica da empresa pública, o agricultor e seus vizinhos recebem água bruta para irrigar suas plantações.
 
O Senhor Eloi produz banana, milho, coco, cana, árvores nativas ou exóticas que oferecem néctar, pólen e outros elementos que as abelhas usam para produzir a própolis. Contando com essa rica flora — encontrada no seu e nos demais lotes do Jacarecica II — ele cria as abelhas das espécies uruçu, nativa do Brasil e sem ferrão; e as do gênero Apis, a africana e a europeia.

Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Coderse, Júlio Leite, os ramos escolhidos por Eloi Francisco, aumenta o potencial produtivo dos perímetros irrigados do Governo do Estado. “O senhor Eloi trabalha sozinho em seu lote, mas as suas abelhas, por si só, criam uma espécie de parceria com os lotes vizinhos, ao extrair sua matéria-prima das plantações e contribuírem com a polinização dessas mesmas plantas, favorecendo a produção. Ele aproveita esse potencial de todas as floradas da irrigação para produzir mel, iniciativa que deve ser incentivada entre os outros irrigantes, naquele e demais perímetros”, pontua. 

“Temos o mel original da uruçu, o nosso tem ótima qualidade. E outros são méis silvestres. Tem muitas plantas que as abelhas são responsáveis pela polinização aqui: milho, amendoim, acerola, todo tipo de plantação. O coqueiro é um grande fornecedor de pólen para as abelhas, para a composição da geleia real, que alimenta a rainha. O Jacarecica II é muito rico! Com a polinização das abelhas, não tem fruto xoxo nem ‘pêca’, é completinho. Quando o milharal está alto, as abelhas vão polinizando”, relata Eloi Francisco. Sua produção anual de mel varia entre 400 e 600 litros.

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Silvicultor

As abelhas de Eloi Francisco interagem com as flores de todas as cultivares agrícolas exploradas nos lotes do Jacarecica II, da rica diversidade de espécies nativas encontradas nas reservas legais do assentamento — zona de transição entre os biomas da Mata Atlântica e da Caatinga — e de árvores exóticas plantadas pelo aqui silvicultor, que também é meliponicultor (criação de abelhas sem ferrão), apicultor e agricultor. São espécies como as dos gêneros Eucalyptus, Acacia e Moringa.  Ele conta que a produção comercial de mel, em geral, é feita contando, em média, com as floradas de três espécies de plantas.

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“Temos mais de 50 espécies, produzindo o pólen e o néctar, produzindo o mel completo. As abelhas têm acesso a várias coisas diferentes, como jurema, que dá a ‘própolis verde’, e diversas outras plantas. Sou pioneiro em plantar árvores, aqui”, complementa Eloi Francisco, ao acrescentar que, em breve, quer ampliar o seu plantel de abelhas criando colmeias das espécies mandassaia e jataí.

Primavera mais longa

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O produtor rural explica que as abelhas só coletam néctar para a produção de mel durante a primavera que, em um ambiente em que a produção agrícola se torna possível o ano inteiro, a partir da irrigação, a estação do ano se torna mais longa. “Isso vai do meio do mês de agosto até abril. Até abril a gente consegue tirar mel ainda. Durante a primavera, se a florada for boa, a gente tira entre três e quatro coletas de mel durante esse período. Depois, tem o período da entressafra, da escassez, que a florada é pouca. Mas chovendo e tudo, onde tiver amendoim, inhame, batata, acerola, tudo que der flor, elas vão em cima, retira o néctar, o pólen e poliniza”, conclui. 
 

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