Dor persistente, que pode ser localizada ou irradiada para áreas próximas, fraqueza, perda de controle dos movimentos e até perda de massa muscular. Esses são alguns dos sintomas das Lesões por Esforços Repetitivos (LER), que, se associadas ao trabalho, podem ser incluídas nos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort).
De acordo com a diretora-geral do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Cerest) da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Mara Tavares, uma análise do perfil epidemiológico no Ceará, de 2008 a 2024, trouxe notificação de 4.363 casos de LER/Dort. “Destes casos, 63,7% foram diagnosticados em trabalhadoras do sexo feminino, mostrando quase o dobro de predomínio das LER/Dort entre as mulheres. A maioria dos casos está entre pessoas com idade economicamente ativa”, destaca.
O motivo seria a dupla jornada que as mulheres exercem. “As mulheres, além de cumprir a profissão, geralmente, ficam encarregadas de executar o serviço de limpeza da casa, cuidar dos filhos e realizar outras atividades domésticas repetitivas que favorecem ao estresse e tensão muscular que acarretam as lesões”, explica a gestora.
No Ceará, a indústria de calçados é a que mais registra casos. No entanto, a fisioterapeuta do Cerest, Isabelle Veríssimo, também destaca as profissões que se relacionam com tecnologia. “Pessoas que trabalham com computador e no celular, com telemarketing, na indústria automobilística e alimentícia e empacotadores são os profissionais que mais têm esse diagnóstico, porque fazem mais movimentos repetitivos”, pontua.
Para prevenir as lesões, existem medidas simples, como fazer alongamentos e pausas periódicas durante o horário de trabalho. “Algumas empresas adotam programas de Ginástica Laboral, mas o trabalhador pode fazer isso sozinho no ambiente de trabalho ou em casa. Infelizmente, nem todas as empresas permitem essas pausas”, destaca.
Os exercícios podem ser feitos em pé, apoiados na mesa ou na cadeira de trabalho. “Como a maioria das lesões está nos membros superiores e na coluna cervical, é importante movimentar as mãos e braços, assim como alongar o pescoço, o que pode trazer um alívio e mais flexibilidade. O trabalhador também pode tentar manter a postura correta, e ter uma vida saudável, com exercícios regularmente”.
A síndrome do túnel do carpo, dedo em gatilho, dores crônicas na coluna e tendinites são os principais tipos de Dort, segundo a fisioterapeuta.
Ao notar os sintomas, o ideal é procurar ajuda médica quanto antes nas Unidades Básicas de Saúde. “O médico irá orientar sobre o melhor tratamento, com exames complementares”.
De acordo com a diretora do Cerest, o equipamento recebe os casos de LER/Dort encaminhados pelos serviços de saúde. “Contamos com uma equipe multidisciplinar com fisioterapeuta, enfermeiro, fonoaudiólogo, psicólogo e assistente social para atender os trabalhadores e trabalhadoras com esse tipo de doença e outras relacionadas ao trabalho, mediante encaminhamento das unidades de saúde”, orienta.
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