Em Sergipe, a construção do Plano Estadual de Transição Energética avança a passos largos. Nesta quarta-feira, 26, o Governo do Estado, via Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), promoveu uma programação para estruturar o debate sobre o tema, em parceria com o Centro de Estudos de Energia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Energia). Órgãos da administração estadual, empresas e associações tiveram a oportunidade de conhecer os resultados iniciais da pesquisa que servirá de insumo para a organização da política.
Desde 2024, a Sedetec e a FGV Energia vêm conduzindo um acordo para elaborar a Agenda Estratégica de Transição Energética do Estado de Sergipe, trabalhando na construção de um diagnóstico de oportunidades e gargalos. Vinculados à Sedetec, o Sergipe Parque Tecnológico (SergipeTec) e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise) fazem o acompanhamento técnico do projeto.
A iniciativa parte de uma perspectiva colaborativa e de governança, com a participação de setores produtivos e instituições acadêmicas, levando em conta ações já desenvolvidas no estado. Com a política, o estado vincula desenvolvimento econômico e sustentabilidade, buscando utilizar seu vasto potencial energético sob a ótica da responsabilidade ambiental.
De acordo com o secretário do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia, Valmor Barbosa, a construção do Plano Estadual de Transição Energética demonstra o alinhamento de Sergipe com as discussões globais sobre descarbonização. “É uma construção entre Sedetec e FGV para que a gente possa, num futuro próximo, ter parâmetros e diagnósticos que vão orientar as políticas públicas voltadas para o aproveitamento da matriz energética do nosso estado. Com esse estudo, o Estado dá uma demonstração da preocupação com o uso sustentável do seu potencial energético. Também estamos contribuindo para atingir metas globais de sustentabilidade. O objetivo é ter uma agenda inclusiva, que maximize as oportunidades para Sergipe”, colocou.
Segundo o superintendente de Pesquisa da FGV Energia, Felipe Gonçalves, que vem liderando o estudo, a metodologia participativa agrega representatividade à política estadual. “Nossa vinda aqui faz parte do processo de ouvir a população. Esse evento tem o objetivo de criar integração, possibilitando a comunicação com a equipe do projeto para que a agenda seja construída pelo Estado de Sergipe e conduzida pela FGV. São dez meses, nos quais a gente vai entregar dez produtos diferentes. Ao final, a intenção é formar uma agenda estratégica para a política de transição energética do estado. E a gente viu que o estado tem uma série de iniciativas já sendo postas em prática”, pontuou.
Estudo
Ao longo de dez meses, a FGV Energia apresentará diferentes documentos técnicos registrando a evolução do projeto. As entregas incluem, além do plano de trabalho, análise das políticas de transição energética no Brasil, os principais indicadores energéticos do estado, o diagnóstico das barreiras e oportunidades para a transição energética em Sergipe, e, por fim, a versão final e o relatório executivo. Na última terça-feira, 25, em audiência com o governador Fábio Mitidieri, a FGV Energia fez a entrega oficial do segundo entre dez produtos previstos.
O estudo se organiza por meio de um quadro analítico que permite avaliar o grau de prontidão de Sergipe para a transição energética. Nesse sentido, são definidos eixos como sustentabilidade, sistemas de energia e fatores habilitadores.
Programação
A agenda, sediada no Complexo do Desenvolvimento Econômico de Sergipe, foi dividida em dois momentos. No primeiro, estiveram presentes representantes de órgãos e secretarias do Governo de Sergipe. Já no segundo, participaram agentes do setor privado e da sociedade civil.
O diretor-executivo da FGV Energia, Carlos Quintella, enfatizou o protagonismo demonstrado por Sergipe no âmbito energético. “Viemos com o intuito de aproveitar o melhor do estado e fazermos juntos uma transição energética, utilizando energia limpa. Não poupamos esforços em trazer os melhores recursos para trabalhar nesse projeto junto com o Governo de Sergipe. Aqui, além de detalharmos o segundo relatório, disponibilizamos um QR Code que permitiu a interação do público e o acesso ao relatório”, frisou.
De acordo com a pesquisadora do SergipeTec Amanda Gonçalves, que participou da agenda durante a manhã, a programação simboliza o compromisso de Sergipe com a pauta da energia. “O tema abordado traz o alerta para que a gente tenha uma transição energética em três segmentos: na sustentabilidade, com descarbonização de gases de efeito estufa; na parte econômica, porque é necessário ter viabilidade e infraestrutura; e na parte social também, porque tem que estar acessível à comunidade. Inclusive, temos uma linha de pesquisa sobre a produção de hidrogênio verde por eletrólise da água, que está inserido na pauta de transição energética”, sinalizou.
O setor industrial é um dos maiores consumidores de energia. Para o economista Rodrigo Rocha, representante da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES), que participou da parte da tarde, é fundamental o segmento acompanhar a construção do Plano. “Discutir a transição energética é importantíssimo. Existe uma preocupação muito grande sobre quais são as fontes energéticas para garantir que não só a nossa produção industrial continue funcionando, mas também a sociedade como um todo. Essa discussão, conduzida por uma instituição de renome nacional, pode nos ajudar a entender o cenário e, assim, tomar decisões mais assertivas sobre esse futuro que nos aguarda”, apontou.
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