À frente do primeiro Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça (CRAQC) de Minas Gerais, ligado à Universidade Federal de Lavras (UFLA), a pesquisadora Maria das Graças Cardoso lidera, há quase 30 anos, pesquisas que agregam valor à cachaça de alambique mineira.
Para Maria das Graças, estar nesta posição significa ocupar espaços. “A gente tem muito o que fazer. É aquela frase, ‘lugar de mulher é onde ela quiser’ e, realmente, na pesquisa, a mulher tem desenvolvido, ganhado espaço e alcançado degraus e voos enormes”, defende.
O CRAQC recebeu R$ 3,7 milhões em recursos do Governo de Minas , por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) . O valor visa financiar a execução de cursos de capacitação para os produtores de cachaça e a compra de equipamentos.
Segundo a pesquisadora, o CRAQC destaca-se pela contribuição à formação de recursos humanos, devolvendo à sociedade profissionais de ponta para ingressarem no mercado de trabalho. “Está cheio de gente nova e que precisa de oportunidades. Nós as formamos justamente para isso”, relata Maria das Graças.
A pesquisadora veterana inspira novas gerações de cientistas, e aconselha a não deixarem de ter coragem, serem pacientes e persistentes. “Se você passou por uma porta, deixe-a aberta para as outras pessoas. Tem muita gente nova que precisa aprender. Passe os seus conhecimentos, porque a gente continua trabalhando”.
Qualidade e segurança
Atualmente, segundo o Anuário da Cachaça 2024, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Minas Gerais é o estado com mais estabelecimentos produtores de cachaça registrados. São 504 cachaçarias, o que representa 41,4% das cachaçarias do Brasil. Diante deste cenário, o CRAQC tem papel fundamental, fornecendo laudos confiáveis e consultoria aos produtores.
A pesquisadora explica que a bebida genuinamente brasileira galgou nos últimos anos lugar de prestígio, e que as análises do CRAQC garantem produtos de qualidade e segurança. O seu trabalho no âmbito do Centro tem promovido o crescimento da produção de cachaças de alta qualidade, sem contaminantes, misturas ou substâncias que, em exagero, podem – como explica a pesquisadora - levar ao óbito.
“Hoje, a cachaça está em franca expansão de exportação. É o nosso produto genuinamente brasileiro. Então, galgar estes espaços não foi fácil. Eu ainda não cheguei ao topo, eu ainda tenho muito o que fazer”, aspira Maria das Graças.
Pesquisas de impacto
Maria das Graças trabalha também em uma linha de pesquisa sobre óleos essenciais, voltada para extração, caracterização e testes em atividades biológicas. Em parceria com outras universidades, a pesquisadora tem estudado substâncias de óleos essenciais no controle de células tumorais e no controle de doenças neurodegenerativas.
"O nosso intuito é estudar alguma molécula que possa ser um protótipo para o desenvolvimento de um novo medicamento", pontua a pesquisadora.
Apoio fundamental
O apoio da Fapemig é visto pela coordenadora como “o carro chefe”, sendo o órgão de fomento que mais tem apoiado não somente o seu trabalho, mas de todos os pesquisadores de Minas Gerais de maneira fundamental.
Para ela, as parcerias recentes firmadas entre Fapemig, Sede-MG e as universidades têm gerado oportunidades de fomento com potencial para impulsionar a inovação tecnológica no estado. “É engrandecedor ver o estímulo dos nossos governantes e os programas e chamadas que vêm sendo lançados pela Sede-MG, junto à Fapemig, para o desenvolvimento de novas pesquisas”, reconhece Maria das Graças.
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