Ao lado da esposa Ana Célia, Firmino descreve, emocionado: “Estava no limite, dependia do oxigênio 24h. Voltar a respirar é uma sensação divina” (Foto: Priscila Sousa)
Se para muitas pessoas, o início do ano é de promessas feitas, para Luciano Firmino Gomes, de 64 anos, 2025 já começou com soluções. Ele recebeu alta médica nesta sexta-feira (3), após um transplante de pulmão. “Estou nascendo de novo. Poder celebrar um novo ano com saúde e ao lado da minha família é o maior presente que eu poderia receber”, compartilha.
No início de dezembro, Firmino foi submetido ao transplante unilateral de pulmão, no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no procedimento, depois de 5 meses de espera e uma luta incansável pela vida. “À família que doou o pulmão, eu amo vocês todos, o meu muito obrigado é de coração… e de pulmão”, agradece emocionado.
Acompanhado desde 2022 no HM, após ser diagnosticado com fibrose pulmonar — uma doença crônica e progressiva que causa cicatrizes nos pulmões e compromete o funcionamento normal do órgão —, Firmino passou por diversos tratamentos, incluindo medicamentos, oxigenioterapia e reabilitação pulmonar, na tentativa de controlar a evolução da doença. No entanto, a situação se agravou a ponto de ele precisar de um transplante.
“Eu cansava muito, não conseguia mais trabalhar. Até coisas simples, como escovar os dentes e pentear os cabelos, passaram a ser muito difíceis. Estava no limite, dependia do oxigênio 24h. Voltar a respirar é uma sensação divina”, descreve.
O pneumologista clínico Fernando Aguiar, integrante da equipe de transplante pulmonar do HM, destaca a complexidade do procedimento e os desafios na recuperação. “O transplante de pulmão tem uma taxa de aproveitamento menor, devido à complexidade do procedimento e aos critérios rigorosos para a utilização do órgão. Há também um alto risco de infecção, o que pode inviabilizar algumas doações”, explica.
Ele acrescenta que a recuperação é lenta e exige um processo de adaptação. “Quanto mais preparado o paciente estiver, melhor será a recuperação. A reabilitação pulmonar é fundamental antes e após o procedimento”, diz. Ouça a entrevista com o médico:
“Sou muito grato a todos os profissionais do Hospital de Messejana, recuperei minha saúde e ganhei uma família. Estou muito feliz”, agradece Firmino.
O Hospital de Messejana é referência em transplantes de pulmão no Norte e Nordeste. Desde 2011, pacientes com doenças respiratórias graves, como fibrose pulmonar, fibrose cística, DPOC, hipertensão pulmonar, bronquiectasia e enfisema pulmonar, que antes não tinham alternativas de tratamento e enfrentavam uma expectativa de vida curta, agora têm a chance de recuperar a qualidade de vida sem precisar viajar para outros estados.
Nos últimos 13 anos, foram realizados 54 transplantes de pulmão. Atualmente, 11 pessoas estão na fila, aguardando a doação do órgão.
Firmino comemora com Ana Célia: “a melhor esposa do mundo” (Foto: Jessica Fortes)
Neste começo de ano, Firmino celebra não apenas o fim de um longo período de espera e tratamento, mas também a renovação da vida, com a certeza de que o maior presente que ele poderia receber era a chance de respirar novamente, ao lado das pessoas que mais ama.
“É sem preço, ter uma nova vida. Agora, é uma vida nova só de fé e de alegria”, finaliza.
Ciente de que teve uma forte companheira ao lado, durante toda a sua busca pela recuperação, e grato por isso, o paciente – agora de alta- se declarou para a esposa. “Ela é uma das melhores esposas do mundo, que eu tenho a oportunidade de ter duas vezes. A primeira, quando eu estava bem de saúde e agora, que estou, novamente, bem e ainda melhor de saúde. Obrigado, eu te amo, amor”, concluiu.
Para doar órgãos e tecidos, basta que a pessoa deixe a família ciente do seu desejo, pois a família é quem vai autorizar a doação. O Ceará realiza transplantes de rim, fígado, pulmão, pâncreas, coração, medula óssea, córnea e válvulas cardíacas.
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