Cento e oitenta quilos é a quantidade de alho colhida por oito famílias do Quilombo Quaresma, que está localizado no município de Setubinha, no Vale do Jequitinhonha.
A colheita realizada há poucas semanas, alcançou uma produtividade média de 29 toneladas por hectare e a expectativa, após o processo de cura e secagem, é que essa quantidade fique entre 18 a 20 toneladas por hectares, até então nunca alcançada pela comunidade.
A produção terá dois destinos. Uma parte será distribuída entre as famílias da comunidade. A outra, armazenada, para o plantio do próximo ano.
Segundo o extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) , Joel da Fonseca, o projeto é pioneiro no local e teve início em maio deste ano, com a aquisição de sementes de alho livre de vírus. Duas áreas foram utilizadas, uma unidade demonstrativa de 60m² e uma segunda, no mesmo local, de aproximadamente 1500m².
As cultivares escolhidas para o cultivo foram Chinês F1, Chinês PR, Amarante TNH, Crespo e Gigante Roxo, por necessitarem de menos insumos e serem mais adaptadas ao sistema de produção da agricultura familiar.
Fonseca acompanhou todo o processo e relata que o bom resultado na colheita é fruto de vários fatores como o uso de sementes de qualidade, o plantio seguindo as orientações técnicas, a fertilização dos solos, o emprego de defensivos naturais no controle de pragas e doenças. “Além, é claro, da dedicação dos produtores em todas as etapas, do cultivo até a colheita”, afirma.
O extensionista da Emater-MG enfatiza que o apoio da Embrapa e a parceria da prefeitura de Setubinha também foram importantes para que o projeto se tornasse realidade.
O agricultor e líder do quilombo, Sid Martins, conta que eles já cultivavam alho, mas não obtinham uma produção satisfatória devido à qualidade. “O alho que plantávamos era da época dos nossos avós e apresentava várias doenças, então a produção era muito pequena. Esse alho de agora é muito bom, colhemos uma quantidade grande. Para a próxima safra, a expectativa é que consigamos comercializar”, relata.
O projeto
Segundo o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Francisco Vilela Resende, os moradores do quilombo Quaresma tiveram o aumento do potencial produtivo graças à introdução das sementes livres de vírus.
O pesquisador explica que o alho-semente livre de vírus (ALV) é uma técnica que a Embrapa Hortaliças realiza em laboratório para a eliminação de vírus e outros microrganismos nocivos na planta. Assim, o projeto alho-semente livre de vírus busca fortalecer a cadeia produtiva em regiões de agricultura familiar no estado de Minas Gerais.
Resende ressalta que a parceria com a Emater-MG no programa existe há mais de 15 anos. No início, eram ações pontuais com os escritórios locais em regiões com tradição de produção de alho, mas há três anos foi realizado um contrato entre as duas empresas, possibilitando alcançar mais produtores e municípios.
Atualmente são cinco unidades demonstrativas implantadas em Gouveia, Datas, Barbacena, Mamonas e São Francisco. A intenção é ampliar os trabalhos, pois há mais famílias e outras comunidades interessadas em participar da atividade.
O secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente do município de Setubinha, Carlos Luís do Nascimento Barbosa, ressalta a importância desse tipo de ação tanto para o município quanto para os agricultores. “Esse projeto trouxe conhecimento não apenas para uma pessoa, mas para a coletividade. Por ser um município rural tem que expandir em relação às novas tecnologias, fortalecendo e inovando a agricultura”.
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