Nascido prematuro no dia 28 de novembro, Davi é acompanhado pela Fonoaudiologia Neonatal no Hospital Regional Norte (HRN), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em Sobral. O bebê recebe leite humano da própria mãe por sonda, mas já passa por uma terapia fonoaudiológica que o estimula a coordenar melhor o movimento de sucção (sugar), deglutição (engolir) e respiração para que ele possa ingerir o alimento pelo copinho. Com a evolução do tratamento, a expectativa é de que o pequeno possa ser amamentando diretamente no seio da mãe.
“A nossa prioridade é que esse paciente saia em aleitamento materno exclusivo”, explica a fonoaudióloga do HRN, Kelly Alves. Os pais da criança, o empresário Cristian Douglas de Albuquerque, 31, e a dona de casa Ruanny Suellen Gonçalves, 31, entendem que as terapias são importantes para o desenvolvimento do bebê. “Se ele sair daqui sem estimulação, vai ser difícil pegar a mama em casa”, define Gonçalves.
A Fonoaudiologia Neonatal trata os bebês para assegurar uma via de alimentação segura, oral, e diminuirmos o tempo de internação. O perfil dos pacientes são prematuros, bebês com disfunções orais, com má formação craniofaciais, principalmente com fissuras labiopalatinas, crianças que passam muito tempo em uso de sonda ou que precisem usar oxigenoterapia, além dos que foram entubados. “Esses pacientes podem ter problemas na laringe, o que pode gerar uma falta de coordenação entre sucção, deglutição e respiração. Por isso, é indicada uma avaliação fonoaudiológica”, explica Alves.
Bebês precisam descobrir as texturas para favorecer o desenvolvimento
O Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), unidade da Sesa em Fortaleza, dispõe de serviço ambulatorial de Fonoaudiologia para o desenvolvimento de bebês recém-nascidos. Criado com o objetivo de promover um acompanhamento especializado, o serviço é destinado a crianças nascidas na maternidade do HGCC, com ênfase naqueles que apresentam maior risco de atraso no neurodesenvolvimento, prematuros, de baixo peso, e com síndromes, como a Síndrome de Down.
O ambulatório de Fonoaudiologia para bebês realiza o acompanhamento de recém-nascidos a partir da identificação de possíveis dificuldades no desenvolvimento motor e na adequação de funções orais essenciais, como a sucção, a deglutição, a mastigação e a fala. A fonoaudióloga Edna Maria dos Santos Lopes, responsável pelo serviço, destaca a importância dessa atuação: “Com o acompanhamento, a gente reforça a detecção de problemas relacionados às questões motoras e orais, prevenindo complicações futuras na fala e/ou na comunicação”, afirma.
Os bebês são encaminhados pela pediatra, que faz a triagem inicial e identifica aqueles que necessitam de acompanhamento especializado da fonoaudióloga. É feita uma avaliação detalhada das funções orais e motoras dos bebês, acompanhamento do desenvolvimento e intervenções, sempre que necessário, com informações e orientações aos pais.
A dona de casa Bruna Mendonça, 39 anos, trouxe a filha Louise Mendonça Gomes para o segundo atendimento. Ela diz que percebe melhorias com a filha. “É muito bom mesmo e importante também a criança ter esse acompanhamento. Principalmente ela, que tem síndrome de Down”, destaca.
Durante o atendimento, a fonoaudióloga passa orientações aos pais
Bebês em fase de introdução alimentar podem apresentar dificuldade em aceitação de determinadas texturas, por questões motoras orais com impacto em funções como sucção, mastigação e, posterior, na fala. O acompanhamento atua como uma intervenção preventiva, ajudando a sanar ou amenizar os atrasos no desenvolvimento motor, especialmente em relação à coordenação dos músculos necessários para funções como a sucção e a deglutição.
A adequação nas funções orais é de extrema importância para garantir que as crianças se alimentem de maneira eficiente, o que garante e favorece um desenvolvimento saudável e um melhor desempenho no crescimento. Isso contribui para uma maior qualidade de vida para bebês e famílias, prevenindo problemas futuros na comunicação e no aprendizado.
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A participação da família é importante em todo o processo do cuidado
De acordo com Edna Maria, a detecção precoce de dificuldades nas funções orais pode fazer toda a diferença no futuro desenvolvimento da criança: “Ao identificar e intervir, conseguimos evitar complicações mais sérias, como dificuldades na fala ou na comunicação, que poderiam afetar a qualidade de vida do bebê a longo prazo”, afirma.
O serviço de ambulatório de Fonoaudiologia faz parte do atendimento direcionado às crianças nascidas no HGCC. A equipe multiprofissional conta com pediatras, enfermeiros, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros. O trabalho integrado com as famílias reforça a importância da atenção às necessidades de cada bebê.
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