Pesquisadores do Núcleo de Botânica da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM) dão suporte em estudos que resultaram na descoberta de uma nova espécie de melancieiro registrado com o nome científico de Alexa Duckeana, uma homenagem ao importante botânico estudioso da flora amazônica Adolpho Ducke, a nova espécie foi localizada na região de Marabá durante pesquisa iniciada ainda no ano de de 2023.
A bióloga Caroline Lima dos Anjos, coordenadora do Núcleo de Botânica e curadora do Herbário FCCM, acompanhou o pesquisador durante algumas etapas de suas coletas em Marabá, e diz que o Herbário recebeu o Professor Dr. Guilherme Silva, vinculado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, durante pesquisas com o gênero Alexa.
Caroline destaca que os Herbários, como o da Fundação Casa da Cultura de Marabá, são importantes para estudos desse tipo, pois fornecem informações referentes a biodiversidade local que auxiliam os pesquisadores.
“Novas descobertas como o melancieiro podem levantar reflexões sobre a importância dos Herbários para a construção do conhecimento. O Núcleo de Botânica da Fundação Casa da Cultura de Marabá possui um Herbário, que tem por missão atender e prestar suporte a alunos, professores e pesquisadores, como o Guilherme, durante o andamento das suas pesquisas”, destaca a bióloga Caroline Anjos.
De acordo com as pesquisas, os melancieiros possuem um alcaloide chamado castanospermina, reconhecido em todas as espécies do grupo. A substância atrai atenção por suas propriedades farmacológicas, demonstrando atividade in vitro contra o vírus da Aids, pois pode atuar na contenção da reprodução viral, inibindo a entrada do vírus nas células hospedeiras e interferindo na replicação do RNA viral.
“A árvore tem muito valor econômico, principalmente pela presença da substância natural que possui atividade antiviral. Estudos aprimorados para combater o vírus HIV foram realizados com resultados positivos. Com a descoberta da espécie nova, esses estudos ampliam-se, além da contribuição ao conhecimento da flora amazônica, muitas vezes negligenciada”, esclarece o professor Guilherme Silva.
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O professor relata que a descoberta ocorreu a partir do contato com a flora da região durante as pesquisas dos melancieiros. “Quando fiz uma expedição à Marabá, encontrei com esse grupo de melancieiros que possuíam características peculiares, principalmente por possuírem flores totalmente diferentes das outras espécies já descritas. Eu já tinha observado em algum herbários matérias com morfologia semelhante. Então decidimos descrever a espécie nova”, explica o pesquisador.
De acordo com Caroline, os Herbários tendem a ser pouco conhecidos pela população, mas são muito importantes para os pesquisadores botânicos. Essa nova descoberta também aponta para a necessidade de valorização do papel dos Herbários, nos quais inclusive ficam armazenadas amostras de novas descobertas e novas ocorrências para estudos posteriores.
“O trabalho realizado do Núcleo de Botânica é fundamental nesses processos, pois aqui funcionamos como uma ponte entre pesquisadores e o acesso a essas informações sobre a flora local, que são fundamentais para que o conhecimento botânico avance cada vez mais. Por isso, Herbários como da FCCM são fontes insubstituíveis de dados mensuráveis, testáveis que podem definir e nortear o andamento das pesquisas botânicas”, destaca a bióloga Caroline Anjos.
Texto: Victor Haôr
Fotos: Wellen Cristina sob supervisão e Divulgação/FCCM
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