Com o objetivo de encontrar uma solução menos invasiva ao tratamento endodôntico (nome técnico para o procedimento de canal), minimizando a necessidade de extração de dentes, pesquisadoras da UFC (Universidade Federal do Ceará) desenvolveram, a partir de nanopartículas, uma resina odontológica capaz de recuperar dentes danificados.
O projeto foi realizado por Elayne Valério Carvalho, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Química, e Julianne Coelho da Silva, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Odontologia, ambas bolsistas do Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação).
A resina nanotecnológica, explica Elayne Carvalho, possui propriedade bioativa que permite restaurar, de forma definitiva, dentes danificados, com exposição da polpa. “Quando nós falamos de biomateriais, esse é um aspecto muito relevante, pois quanto melhor e mais parecido se imita a estrutura, a composição do tecido que se pretende regenerar, reconstruir, maior é a eficiência do biomaterial”, afirmou a pesquisadora ao portal do Capes.
A resina, ademais, possui ação antioxidante, promovendo a regeneração óssea e acelerando a produção de novas células. Segundo a pesquisadora Julianne Coelho da Silva, que também atua como cirurgiã-dentista, os resultados mostraram que a resina “foi eficaz em preservar o dano celular quando realizado o capeamento pulpar direto que é um procedimento que a gente faz para proteger o tecido e preservar a sua vitalidade”.
O invento já recebeu carta-patente, expedida pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), com titularidade exclusiva da UFC, e a expectativa, agora, é de que, após ganhar o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o material comece a ser comercializado.
Para a Dra. Lucimara de Moraes Siqueira especialista da Rede Odonto, rede de franquias de consultórios odontológicos, a descoberta poderá se configurar como “um marco muito importante” na odontologia, visto que “a nova resina de nanopartículas promete remineralizar os dentes, além de induzir a formação de um novo tecido, sem perder as propriedades adesivas”.
O fato de uma grande parcela da população não ter o hábito de ir ao dentista com regularidade, de acordo com a Dra. Lucimara de Moraes Siqueira faz com que os tratamentos endodônticos sejam tão comuns. Algumas pessoas alegam falta de tempo [para ir ao dentista]. E outras, muito medo”, explica.
Segundo a mais recente pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre o assunto, desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde e divulgada em novembro de 2020, menos da metade da população brasileira (49,4%) se consultou com um dentista nos 12 meses que antecederam a pesquisa.
“A maioria da população só procura o dentista com o problema já instalado, cáries grandes e profundas o que leva ao tratamento de canal, ou mesmo a perda do dente”, afirma. “Por isso, a prevenção sempre será a melhor escolha”.
Para saber mais, basta acessar: www.redeodonto.com.br
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