A pesquisa foi feita a partir de uma mostra global de 19.970 gestores – e um recorte brasileiro de cerca de 388 gestores.
Perfil conservador
Talvez o traço de personalidade que mais chama a atenção apontado pela pesquisa tenha sido a característica mais conservadora da liderança brasileira. “Em geral, os gestores preferem segurança e estabilidade, evitam riscos, seguem regras, têm resistência à mudança e são menos imaginativos do que os gestores globais”, explica Santos.
“Curiosamente, apesar de nossa reputação de sermos divertidos para trabalhar e amantes de carnaval e samba, nossos dados mostram que os gestores brasileiros são menos hedonistas que líderes de outros países. Esse é um outro estereótipo que diverge bastante do que achamos de nós mesmos, e até mesmo do que o resto do mundo pensa de nós”, aponta o executivo.
Nessa linha, a pesquisa também apontou um outro dado que conflita totalmente com o senso comum de que brasileiros são bons em se comunicar: gestores de outros países são mais carismáticos e charmosos que os brasileiros. Apesar disso, os brasileiros são mais empáticos e colaborativos que a média global, e frequentemente demonstram preocupação com as necessidades e emoções de seus funcionários, além de serem ouvintes ativos.
Se por um lado os gestores brasileiros exibem esse traço empático, por outro, o excesso de preocupação com valores tradicionais e regras –outro traço apontado pela pesquisa – mostra que esses líderes têm extrema dificuldade em flexibilizar valores diante de outros, levando a vieses inconscientes que impedem a formação de uma cultura inclusiva.
Paternalista prepotente
Na comparação do perfil dos gestores brasileiros com o dos gestores de outros países, os líderes nacionais tendem a ser menos ambiciosos e orientados para o poder – embora privilegiem a estabilidade em suas questões financeiras em maior grau que a média global.
Sob estresse, os brasileiros são mais ousados, o que pode levar a um comportamento marcado pela arrogância e prepotência em comparação com a média global. “Essa característica, combinada a uma maior sensibilidade interpessoal, pode trazer à tona um perfil de líder paternalista prepotente em períodos de maior tensão”, explica Santos.
“Estes dados apontam para a importância de se apoiar em instrumentos de avaliação com validade científica comprovada em decisões sobre pessoas, em vez de baseá-las em avaliações subjetivas contaminadas por estereótipos que não se comprovam empiricamente”, diz o executivo.
A metodologia Hogan é baseada na avaliação da personalidade no dia a dia e sob estresse, motivações, valores e estilo cognitivo, sendo utilizada em mais de 57 países. “Os testes de personalidade da Hogan são baseados em décadas de pesquisas sobre a psicologia e a mensuração da personalidade e eles têm sido validados em relação a critérios externos, incluindo avaliação de desempenho no trabalho e avaliações por colegas”, finaliza o especialista.
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