Impulsionar a renda das comunidades do semiárido baiano beneficiadas pelo Programa Água Doce, com a criação de peixes e camarões, produção de plantas que suportem a salinidade da água e venda do excedente de água doce. Esse foi o objetivo da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) em promover um simpósio no município de Petrolina-PE, de 14 a 17 de março, para discutir os desafios, requisitos e perspectivas da manutenção dos tanques de contenção do concentrado salino e sua utilização na implantação de Unidades Produtivas do Programa Água Doce no Estado da Bahia (PAD-Bahia).
O evento visou também a troca de experiências entre técnicos de coordenação estadual do PAD, prefeituras baianas contempladas pelo programa federal e instituições dos dois estados. Durante as discussões, foram abordadas diversas questões relevantes, como a utilização de materiais, equipamentos e procedimentos para a manutenção dos tanques, além do desenvolvimento de soluções para aprimorar a operação desses mesmos tanques nas Unidades Produtivas. O evento aconteceu na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
O simpósio marca o início da nova fase do programa Água Doce na Bahia, denominado fase 4, com o propósito de implementar um plano de ação para a sustentabilidade do Programa. Após a instalação dos sistemas de dessalinização, estão sendo buscadas alternativas para gerar renda nas comunidades através do cultivo de camarões, peixes e produção biosalina de vegetais utilizando tanque de contenção de resíduo. “E nesse encontro, estamos trocando experiências para entender tecnicamente as possibilidades e sairmos daqui com uma minuta de protocolo básico para realizar esse plano de forma mais atenciosa às comunidades” explicou a coordenadora estadual do PAD-Bahia, Luciana Santa Rita.
De acordo com a diretora de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, Luana Pimentel, o Programa Água Doce é considerado uma política pública prioritária tanto do Governo do Estado como do Governo Federal. “Esse Programa também faz parte das ações de combate à fome, já que traz água para comunidades localizadas no semiárido. Essa água, que é o primeiro alimento para gerar outros alimentos”. Pimentel expressou de que as discussões técnicas sejam convertidas em ações que contribuam para o desenvolvimento de soluções inovadoras para a manutenção dos tanques e sua utilização para a implantação de Unidades Produtivas.
“Estamos discutindo um Programa que envolve recursos federais e estaduais, bem como da contribuição cientifica da academia e dos trabalhos dos institutos de pesquisas, em conjunto com os pesquisadores universitários. Com essa parceria, espera-se que as soluções desenvolvidas sejam baseadas em evidências científicas e tragam benefícios concretos para a sociedade. Além disso, podemos promover o intercambio de conhecimentos entre as diferentes instituições envolvidas, fortalecendo ainda mais a capacidade de pesquisa e inovação do país”, destacou o vice-reitor da Univasf, Antônio Crisóstomo.
O Simpósio contou com a participação de diversos parceiros, incluindo a Embrapa Semiárido, Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Instituto Federal Baiano (IF Baiano), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb), Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e a Bahia Pesca e a Unidade Regional do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), de Juazeiro.
Unidades Produtivas
Os municípios de Baixa Grande e Riachão de Jacuípe, respectivamente, nas comunidades de Italegre e de Mandassaia II, estão prestes a se tornarem os primeiros municípios do estado a ter uma unidade produtiva de criação de peixes em tanques de contenção do sistema dessalinizador do PAD, por meio do edital da Bahia Pesca. De acordo com a secretária do Meio Ambiente e Agricultura de Baixa Grande, Luciana Borges, o projeto será gerido pela Associação de Mulheres de Italegre e reutilizará a água também para irrigação de plantas com tolerância para sais e o consumo de 100 famílias.
“Participar do evento é de extrema importância por fornecer informações técnicas sobre os gargalos da produção de piscicultura em tanques de rejeitos. Com essa iniciativa, iremos fomentar a produção de peixes para o consumo da comunidade, a comercialização do excedente para o município, como vamos promover o uso sustentável dos recursos naturais, o que contribui para a segurança alimentar da população local”, explicou Borges.
O PAD
Bahia apresentou ainda mais uma solução para assegurar a sustentabilidade do sistema. A solução envolve a instalação de uma miniusina de envasamento de água dessanilizada. Com o apoio da Sema e da CAR, a iniciativa tem como objetivo fornecer água de qualidade de forma justa para as comunidades mais distantes e para órgãos públicos de Riachão de Jacuipe. O secretário municipal de Meio Ambiente e Agricultura de Riachão do Jacuípe, Emanuel Carneiro, afirmou que a iniciativa ajudará a promover o conhecimento do Programa Água Doce na região e a conscientizar as pessoas sobre os benefícios de consumir água do PAD.
PAD Bahia – O Programa Água Doce é uma política pública coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com outras instituições e visa garantir água de qualidade para consumo humano no semiárido, utilizando sistemas de dessalinização sustentáveis. As localidades atendidas são escolhidas com base em critérios como baixo Índice de Desenvolvimento Humano, escassez de fontes de abastecimento de água potável e alto índice de mortalidade infantil.
A equipe do PAD/BA está trabalhando para garantir a governança dos sistemas implantados e a elaboração de planos de ação para a sustentabilidade dos sistemas, agregando renda às comunidades carentes. O Programa tem mais de 90% de execução físico-financeira, com mais de 110 mil pessoas beneficiadas, com 291 obras concluídas em 55 municípios, além de processos de monitoramento e manutenção dos sistemas em andamento.
Fonte: Ascom/Sema
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