O PT-Bahia entrou em ebulição desde o dia que o senador Jaques Wagner anunciou a desistência da candidatura sendo apresentado o nome do senador Otto Alencar para encabeçar a chapa majoritária, tendo, assim, o governador Rui Costa como candidato ao Senado e abrindo espaço para o (PP) assumir o governo do Estado, através do vice-governador João Leão. Estratégia que, na nossa opinião, pelos motivos já expostos em outros documentos, contrariava a estratégia consensual aprovada em 2019 no congresso do PT-Bahia.
Ao menor sinal de que essa poderia ser a estratégia das nossas principais lideranças (governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner), muitos dirigentes e parlamentares que inicialmente assumiram a bandeira da candidatura própria mudaram de posição, esconderam o que pensavam e defenderam ou fizeram uma fila para ver quem primeiro assumiria a candidatura do senador Otto para governador.
É essa confusão entre partido e governo, adensado pelo pragmatismo exacerbado, cretinismo parlamentar e rebaixamento programático, que dificulta que as posições mais avançadas, mesmo sob a égide da força da militância, se consolidem no partido e que o mesmo seja o porta-voz das transformações sociais mais profundas.
Já a militância povoada das ideias de rebeldia e insubmissão, típicas do petismo, eclodiu em um rico processo de debate político em centenas de notas, moções, plenárias e movimentos de contestação de uma ordem que parecia fadada ao mutismo e imobilismo.
A força da política é inusitada, o (PT) foi o único partido político que se preparou para liderar a composição política que governa a Bahia há quinze anos. Foi o partido que lançou candidatura (dois) anos antes, aprovada em encontros municipais, regionais e setoriais, consolidando o projeto em reunião do Diretório Estadual e avançando na composição do programa de governo. Nestas condições, mesmo diante da retirada de uma candidatura consolidada, cabia ao (PT) assumir a responsabilidade de apresentar outra candidatura para liderar o processo e manter a coalizão.
Diante disso, reafirmamos a saudação inicial desta nota, aos(às) que “não desistiram antes da hora, não enrolaram as suas bandeiras ou se deixaram tomar pelo desespero”. A ideia-força da candidatura própria nos levou à posição firme do senador Otto Alencar, que nunca pediu ao (PT) para ser candidato a governador, e abriu espaço para serem apresentadas as pré-candidaturas petistas de Jerônimo Rodrigues, Jorge Solla, Luiz Caetano e Moema Gramacho.
Acolhemos com imensa satisfação os desejos da base onde o deputado Jorge Solla nos representasse e dispusesse do seu nome para concorrer ao governo, em reconhecimento de toda sua luta desde a fundação do partido, sua larga experiência como gestor, a representatividade do seu mandato e como porta-voz do Movimento Pela Candidatura Própria do (PT).
No entanto, compreendemos que o momento político exigia celeridade, disciplina e responsabilidade. Exigia a superação de diferenças de método e organização, assim como as disputas entre as tendências e as candidaturas, em favorecimento de uma síntese política que unificasse a todos nós: candidaturas, tendências, mandatos, direção partidária, o governador Rui, o senador Wagner, o ex presidente Lula e os partidos aliados. Uma candidatura que tenha musculatura, tradição e moral política para contagiar a militância do (PT). Para a Avante, o nome do companheiro Jerônimo Rodrigues, especialmente pela sua história e comprometimento com este partido, corresponde aos pré-requisitos.
Dirigimos-nos fraternamente à nossa valorosa militância para falar de Jerônimo Rodrigues, para os amigos de partido, o Jubiabá. Um companheiro histórico do nosso partido, nascido no município de Aiquara, que teve sua militância forjada no movimento estudantil e social no município de Jequié, engenheiro-agrônomo, mestre em Ciências Agrárias, é professor titular da Universidade Estadual de Feira de Santana. Foi um dos construtores do Movimento de Organização Comunitária (MOC), por mais de 10 anos. Sempre um militante aguerrido das lutas do semiárido e educador popular nas comunidades rurais. Na gestão federal, nos governos de Lula e Dilma, foi secretário nacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (CONDRAF). Na Bahia, foi assessor especial da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, e da Secretaria de Planejamento; em 2014 e 2018, coordenou o Programa de Governo Participativo (PGP) do (PT), que nos levou à vitória eleitoral; foi secretário de Desenvolvimento Rural e, atualmente, conduz a Secretaria de Educação do Estado da Bahia.
Por tudo apresentado até aqui, a Avante participou ativamente da construção desse consenso, votou na executiva do PT-Bahia e reafirma seu compromisso com a chapa Lula presidente, Jerônimo Governador e Otto Senador.
Por uma candidatura indígena, negra e popular!
Precisamos aproveitar a energia política deste momento histórico para abrir as portas para uma transição no (PT). Acreditamos que um ciclo se inicia para construir uma nova página do nosso projeto político para a Bahia. Reafirmamos o acúmulo histórico dos nossos governos, apontamos para a necessidade de construir uma nova geração de políticas públicas, evidenciado no debate programático, que caracteriza o avanço para uma transição de conteúdo, geracional, territorial, racial, de gênero, sexual e ambiental.
Nossa candidatura é depositária do acúmulo histórico das lutas do nosso povo. Vamos pela primeira vez apresentar um candidato afro-indígena, oriundo dos movimentos populares do campo. A marca da luta negra, indígena e popular deve ser a nossa marca, apresentando para esses sujeitos uma nova geração de políticas públicas, que fortaleçam o projeto democrático, popular e inclusivo que defendemos sempre.
O fortalecimento do processo de elaboração de programa de governo, a mobilização social de uma campanha que precisa ser ganha nas ruas, vielas, no campo e nas cidades, na capital e no interior, com a cara da luta social. Tudo isso somado à constituição dos Comitês Populares de Luta que são elementos fundamentais deste período de campanha eleitoral. Esta que será a campanha mais difícil da história do nosso partido e tem a mesma simbologia da luta pelo fim da ditadura militar.
Para derrotar o fascismo, o negaciosismo e o bolsonarismo nas urnas e retirá-los do controle do aparelho do estado, precisamos derrotá-los nas ruas, nas redes, nas roças e nas batalhas das ideias, na disputa política e ideológica, que deverá permear a campanha eleitoral.
Convidamos toda a companheirada, que segue apaixonadamente nessa luta aguerrida e acredita na força do nosso partido, a dar continuidade a este processo, a engajar-se na campanha das nossas vidas, a campanha da civilização contra a barbárie, que garantirá o nosso direito ao futuro, a um país, uma nação. Venceremos!
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