O governo Bolsonaro é exemplo disso. Colocou em prática um plano nefasto de desconstrução do pouco que havíamos conquistado a duras penas. Sofremos uma série de ataques à Educação pública, gratuita e de qualidade. Desde o início do seu governo foram quatro ministros da Educação, com atuações decepcionantes, tragicamente surreais.
Ricardo Vélez, o primeiro, passou 100 dias no cargo sem produzir absolutamente nada. Daí veio Abraham Weintraub, polêmico, mal-educado, cuja gestão foi marcada pelos erros ortográficos que cometia nas redes sociais. Tivemos Carlos Decotelli, anunciado e “desanunciado” antes de tomar posse no cargo, por currículo fake e acusações de plágio.
Agora, a gerência do MEC está com o teólogo Milton Ribeiro, que, além da atuação quase nula e influenciada por ideias fascistas, coleciona frases, no mínimo, questionáveis, como a dita sobre crianças com deficiência serem “de impossível convivência” e que as universidades deveriam “ser para poucos”.
Não é novidade que no Brasil a Educação sempre foi vista como um tema secundário pelos governantes. Para o atual presidente é um tema nulo.
Por outro lado, a ignorância funcional de parte do povo brasileiro, explícita na hora do voto, é o projeto político que interessa a elite do país e a quem está no poder. Em 2018, segundo os mais recentes dados do IBGE, o analfabetismo funcional chegava a 38 milhões de pessoas e o índice de analfabetismo absoluto no Brasil: 11,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade. A manutenção disso, com ações que promovem o desmonte da Educação pública é o que sustenta o nosso sistema político corrupto e falho.
Cortes na Educação, redução das políticas de acesso ao ensino superior, uma reforma do Ensino Médio que acirra as desigualdades e afasta cada vez mais a população pobre das universidades é o que temos atualmente.
Na famosa frase que dá título a este artigo, Darcy, que defendia e considerava a escola pública “a maior invenção do mundo”, referia-se às estruturas sociais injustas, desiguais, presentes no Brasil. Este intelectual brilhante dedicou a vida para entender o país, seu povo e lutar por reparações históricas. O legado fica. A esperança de evolução também.
Por: Ruth Helena Jornalista e assessora de Imprensa na APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia**
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