Entre os inúmeros problemas a serem enfrentados por quem quer que vença a disputa eleitoral pela Presidência da República, há um cenário desenhado por três situações concretas que precisam ser urgentemente resolvidas. O desemprego, que atinge 15 milhões de trabalhadores, o combate à Covid-19, que já matou mais de 600 mil brasileiros, e a devastação da Floresta Amazônica, que caso não seja combatida poderá resultar em sanções econômicas dos Estados Unidos e de países europeus ao Brasil.
É fundamental, portanto, que ao escolhermos o candidato que irá ocupar a cadeira mais importante do país, saibamos com absoluta certeza se ele, além de honesto, estará disposto a combater esses e outros problemas que assolam a população, como a corrupção, ensino público ruim, saúde precária, os privilégios dos poderes executivo, legislativo e judiciário, além de fazer as reformas política, administrativa e tributária tão necessárias ao desenvolvimento do Brasil.
O problema é que para formar maioria no Congresso e conseguir implantar seus projetos, o presidente da República precisa negociar com os partidos e suas bancadas, como, aliás, ocorre no mundo inteiro. Acontece que, no Brasil, compor o governo se transformou em negociata. Vendem-se as canetas do poder, criando-se um campo fértil para a proliferação do fisiologismo e da corrupção sistêmica.
Com relação aos governos estaduais, a situação não é diferente. Os eleitores precisam conhecer a real situação de seus estados e cobrar do candidato soluções concretas para as suas dores. Saber se ele pautará seu programa de governo pelo convencimento do eleitor com ideias, projetos e causas, buscando o voto de opinião, ou na base da compra de apoio, da promessa de emprego, vaga na escola, leito em hospital e outras formas, pouco ortodoxas, de captação de votos.
DEPUTADOS
Com relação aos deputados federais e estaduais, a situação é mais complexa. Normalmente, os eleitores pouco sabem das propostas dos candidatos e comumente dão seu voto a pessoas que acham simpáticas, honestas, bonitas, articuladas etc., mas pouco ou quase nada sabem sobre como elas votarão enquanto deputados.
Portanto, quando um candidato a deputado federal ou estadual se aproximar de você para pedir o seu voto, não deixe que ele fale sem parar. Tome o comando da situação, encoste ele na parede, e pergunte objetivamente como ele votará, na Câmara ou na Assembleia, em temas importantes para você. Cabe a nós, eleitores, não deixar que os candidatos escapem de responder às perguntas sobre os assuntos que nos interessam.
O povo quer saber
Para fazer valer seu papel no debate público e fortalecer a cultura democrática, cabe a você, eleitor, externar as suas maiores preocupações. Pergunte, questione, cobre de seu candidato posições concretas sobre os problemas que lhe afligem para ter a certeza de que está fazendo a melhor escolha. Não só para você, mas para sua cidade, seu estado e seu país.
Confira, aqui, algumas perguntas que podem ser feitas aos candidatos, extraídas de uma pesquisa popular:
1. Hoje o Brasil tem a carga tributária de países como Suécia, ou seja, temos carga tributária de primeiro mundo e o que recebemos em troca são serviços muitas vezes piores que de países africanos. Não seria razoável diminuir a carga de impostos, visto que as necessidades básicas do cidadão não são atendidas adequadamente pelo governo, nos forçando a contratar empresas (particulares) para nos fornecer os mesmos serviços? Como o candidato pretende realizar a reforma tributária?
2. Pessoas despreparadas têm ocupado cargos importantes no governo sem a menor competência para tal. Resultado: Estado caro e ineficiente. O que será feito no seu governo para acabar com o apoio político em troca de favores e cargos públicos?
3. O Ensino Fundamental e Médio no Brasil é de péssima qualidade. Sistemas de cotas são criados, mas isso não acaba com o abismo entre ensino de qualidade privado e o caos qualitativo do ensino público. Quais as suas propostas para essa questão?
4. Existe da parte dos candidatos alguma proposta para redução de gastos e salários absurdos que a máquina pública patrocina no cenário político atual?
5. Um projeto do senador Cristovam Buarque, atualmente engavetado, propõe a obrigatoriedade para todos os políticos de que seus filhos e dependentes frequentem escolas públicas. Qual a visão do candidato (a) e qual será a sua ação neste sentido?
6. Porque os cargos de presidência das várias agências reguladoras não são obrigatoriamente técnicos e sim políticos? Qual a sua visão o tema?
7. No Brasil, o custo da “mão de obra” tem um viés cruel. De um salário de R$ 1.000,00, o empregado custa ao empregador R$ 2.000,00, sendo que os outros R$ 1.000,00 são encargos recolhidos ao governo. Quando e de que maneira isto poderia ser mudado?
8. Como o(a) candidato(a) contribuirá para superar os graves problemas da desigualdade social, da irresponsabilidade ambiental, das várias violências, dos preconceitos?
9. Quem vai compor seu ministério ou secretariado? É possível assumir compromissos não partidários antes da posse ou isso será negociado (leiloado) depois da eleição?
10. Como se posiciona em relação aos recorrentes escândalos nacionais de corrupção, e que papel seu partido tem no combate a esses crimes e aos políticos que os cometem?
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