Projeto amparado pela Fapeam pretende contribuir para melhoria de protocolos adotados na assistência ao paciente
Um estudo investiga o perfil clínico-epidemiológico-inflamatório de pacientes vítimas dos acidentes botrópicos, provocados por picadas de serpentes, atendidos na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), em Manaus. Desenvolvido com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o projeto de pesquisa pretende contribuir com a melhoria de protocolos adotados na assistência prestada ao paciente.
A pesquisa é coordenada pela doutora em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Jacqueline Sachett, no âmbito do programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência, Edital nº 002/2021, que visa estimular o protagonismo feminino na coordenação de projetos científicos e no cenário de Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio do fomento a estudos liderados por mulheres. A equipe é composta por mais três bolsistas de iniciação científica.
No momento, a pesquisa está em fase de acompanhamento dos pacientes. O grupo de pesquisa já fez a avaliação de 86 pacientes e conta com mais de 2 mil amostras de sangue, decorrentes do acompanhamento na internação. A meta é avaliar, pelo menos, 100 pacientes até o fim do estudo, previsto para ser concluído no primeiro semestre de 2023.
“Os pacientes elegíveis para o estudo serão todos aqueles que tenham o diagnóstico de acidentes ofídicos que tenham vindo do interior e da capital do estado. Os pacientes são acompanhados por sete dias e têm avaliação clínico-laboratorial. As serpentes trazidas pelos pacientes também são avaliadas”, ressalta a coordenadora do projeto.
De acordo com a pesquisadora, muitos aspectos dos envenenamentos por serpentes ainda são desconhecidos, e o perfil inflamatório é o ponto que necessita de esclarecimentos. Anualmente, apenas naFMT-HVDtem-se em média o registro de 160 acidentes provocados por serpentes. Destes, cerca de 95% dos acidentes são provocados pela jararaca (Bothrops) e os outros 5% pelas serpentes coral (Micrurus) e surucucu (Lachesis).
“Entender este aspecto poderá direcionar a atenção clínica para possíveis marcadores que estabelecem os níveis de gravidade dos acidentes, e assim prevenir esta evolução com estabelecimento de protocolos mais direcionados. O projeto nos ajudará a compreender essas inflamações exacerbadas e ajudar o paciente a ter algumas alternativas de tratamento para evitar casos mais graves futuramente”, explica Jacqueline.
Para a pesquisadora, os resultados do projeto também se apresentam na contribuição para o fortalecimento de grupos de pesquisa em acidentes por animais peçonhentos na Amazônia Brasileira, bem como no fortalecimento de uma rede multidisciplinar de grupos de pesquisa complementares em envenenamentos ofídicos e imunologia, que podem subsidiar futuramente outros estudos de relevância em saúde pública.
O estudo também deve estimular a formação de alunos de iniciação científica, mestres e doutores para atuarem na região amazônica.
“Sem o financiamento da Fapeam não seria possível avaliar os marcadores inflamatórios, pois são testes laboratoriais de alto custo. Além disso, as bolsas de pesquisa também são importantes para termos recursos humanos para atuar no projeto e executar as atividades necessárias para que o estudo ocorra com segurança e eficiência”, complementa a pesquisadora.
O programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência foi lançado pelo Governo do Estado via Fapeam em fevereiro de 2021.
O edital selecionou propostas de pesquisa e desenvolvimento de processos e/ou produtos inovadores no Amazonas que envolvam significativo risco tecnológico associado a oportunidades de mercado dentro dos temas que convergem com Plano Plurianual do Governo do Estado (PPA) 2020-2023: Cidades e Comunidades Sustentáveis; Energia Acessível e Limpa; Consumo e Produção Responsáveis; Trabalho Decente e Crescimento Econômico; Saúde e Bem-Estar; Educação de Qualidade.
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