O comerciante aposentado Valdeci Araújo recebeu o diagnóstico de câncer de pele no Centro de Referência em Dermatologia Dona Libânia
Uma espinha no nariz que não cicatrizava foi o sinal de alerta para que o comerciante aposentado Valdeci Araújo, 72, procurasse ajuda médica. Depois de se consultar no posto de saúde da cidade em que mora, Itapiúna, no Maciço de Baturité, o comerciante foi encaminhado para o Centro de Referência em Dermatologia Dona Libânia, em Fortaleza. Foi na unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) onde recebeu o diagnóstico de câncer de pele.
Depois da cirurgia, Valdeci Araújo mudou hábitos e passou a ser acompanhado periodicamente pela unidade. “Hoje, eu uso protetor solar e hidratante. Mas sei que era para ter usado antes. Trabalhei muitos anos no sol, na roça e nunca me protegi. Na minha família, temos muitos casos de câncer de pele”, disse.
As irmãs aposentadas Iracema e Conceição Braga também procuraram um posto de saúde, em Fortaleza, ao notarem manchas na pele e foram encaminhadas ao Centro de Referência em Dermatologia Dona Libânia. “No caso da minha irmã Iracema, apareceu uma verruga no rosto, que está crescendo. Por isso, o médico pediu uma biópsia. As minhas manchas, graças a Deus, não são cancerígenas e a recomendação foi só reforçar o uso do protetor solar”, disse.
Além de espinhas, verrugas e feridas que não cicatrizam, manchas que mudam de cor, tamanho ou forma, caroços e áreas de pele áspera podem sinalizar câncer de pele. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) escolheu dezembro, mês marcado pelo início do verão nos países do hemisfério sul, para instituir a campanha “Dezembro Laranja”. O objetivo é estimular a prevenção e detecção precoce do câncer no maior órgão do corpo humano, a pele.
Segundo o dermatologista Guilherme Holanda, que atua no Centro de Referência em Dermatologia Dona Libânia, o câncer de pele é um tipo de tumor maligno que tem várias causas, além da exposição excessiva ao sol. “O câncer de pele surge quando as células crescem de forma descontrolada. A exposição aos raios ultravioleta (UV) do sol é a principal causa, mas outros fatores como a predisposição genética e a exposição a determinadas substâncias químicas também podem ocasionar a doença”.
Dessa forma, o sol forte do Ceará constitui um fator de risco significativo para o desenvolvimento do câncer de pele. “A intensidade da radiação solar na região Nordeste, aliada aos hábitos de exposição da população, aumentam as chances de surgimento da doença”, ressalta.
Por isso, para se proteger, é fundamental utilizar protetor com fator de proteção solar (FPS) adequado, entre outras medidas preventivas. “O protetor solar deve apresentar em sua composição filtros ultravioleta com mínimo de 30 FPS (fator de proteção solar). A reaplicação a cada duas horas, ou após nadar ou suar, é fundamental para manter a proteção ao longo do dia. Também é importante evitar a exposição solar nos horários de pico, entre 10h e 16h”, destaca.
Em tempos de férias escolares, para quem gosta de frequentar a praia, é fundamental adotar medidas de proteção solar ainda mais rigorosas. “Além do uso de protetor solar com FPS adequado, recomendamos buscar sombra durante os horários de maior intensidade solar, usar roupas que protejam a pele, como camisetas de manga longa e calças leves, e hidratar a pele com frequência. É importante lembrar que a proteção solar deve ser reaplicada a cada duas horas e após entrar no mar ou piscina”, disse.
Os tipos mais comuns de câncer de pele na nossa região, de acordo com o dermatologista, são os carcinomas basocelular e o espinocelular. “Esses tumores estão diretamente relacionados à exposição aos raios ultravioleta e geralmente surgem em áreas do corpo mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e braços”, pontua.
O tipo mais agressivo de tumor, no entanto, é o melanoma, que se instala nas células produtoras de melanina, responsáveis pela pigmentação da pele. “O melanoma, embora menos comum, é o que tem o maior potencial de metástase, ou seja, de se espalhar pelo corpo”, explica.
O melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, na forma de manchas, pintas ou sinais. Em pessoas de pele negra, ele é mais comum nas áreas claras, como palmas das mãos e plantas dos pés. Para identificar se é melanoma, os dermatologistas indicam utilizar a regra do ABCDE, método simples que ajuda a identificar lesões na pele suspeitas de melanoma, que leva em consideração o tamanho, as cores e o formato da lesão.
Ao notar algumas dessas alterações na pele, o paciente deve buscar um posto de saúde, que irá encaminhá-lo, por meio da Central de Regulação, para um dermatologista. Após a consulta com o especialista, o paciente segue para o tratamento ou a cirurgia, a depender do caso.
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