Quem passou neste sábado (14) pela Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza, pôde receber orientações para prevenir e eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor de arboviroses conhecidas como dengue, chikungunya e zika. A ação integra o Dia D de Mobilização Nacional contra o Aedes, uma iniciativa do Ministério da Saúde que conta com o apoio da Secretaria da Saúde do Ceará.
Presente na ação, a titular da Sesa, Tânia Mara Coelho, falou da importância do engajamento de municípios, agentes comunitários e de combate às endemias, profissionais da saúde e da população para prevenir e eliminar os focos do mosquito.
“Estamos no coração de Fortaleza, onde tem uma circulação muito grande de pessoas, para alertar a população que a gente não pode acabar com o mosquito, mas podemos erradicar, sim, os focos criadouros do mosquito, evitar a transmissão e os casos de dengue, zika e chikungunya”, destaca a titular da Sesa.
Ainda segundo a secretária, o Estado do Ceará tem atuado fortemente na prevenção, o que pode ser mensurado na baixa transmissibilidade da dengue registrada no estado em 2024. “Desde janeiro trabalhamos as medidas de prevenção, fazendo trabalho educativo nos municípios, para que a gente consiga manter nossos índices de transmissibilidade baixos como estão hoje”, acrescenta Tânia Mara Coelho.
Apesar do cenário favorável no Ceará, outros estados brasileiros enfrentaram epidemias de dengue neste ano, principalmente no Centro-Sul do País.
“A gente vem acompanhando o desenvolvimento da curva da doença [dengue] no País. Resolvemos antecipar essas ações com o objetivo de diminuir o número de casos agora no início das estações chuvosas na Região Nordeste. As estações chuvosas já começaram nas Regiões Sudeste e Sul. A previsão é que comece [estação chuvosa] na Região Norte”, explica o diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública do Ministério da Saúde, Edenilo Baltazar Barreira Filho. Ele esteve na ação da Praça do Ferreira, neste sábado.
Nesse sentido, o Ministério da Saúde está fortalecendo os investimentos e novas abordagens para apoiar estados e municípios.
“Para 2024-2025, temos o Plano Nacional de combate à dengue e outras arboviroses, que prevê o repasse de R$ 1,5 bilhão para estados e municípios, justamente para as ações de combate ao vetor, de educação e saúde, como o manejo clínico dos pacientes. O Plano foi feito em conjunto com pesquisadores, cientistas, governo federal, estadual, municipal, um grande pacto federativo”, detalha Edenilo Baltazar.
Com as presenças do Zé Gotinha e do Mosquitão, a Praça do Ferreira foi palco de ações educativas, como a entrega de panfletos, jogo de tabuleiro e exposição do ciclo do mosquito Aedes aegypti.
A faxineira Aurenice Gomes, de 47 anos, estava no Centro acompanhada dos filhos Bruno Gomes, 20, e Pedro Lucas Gomes, 11. Ela, que foi fazer as compras de Natal, parou na tenda do Dia D para aprender a deixar a família longe dos perigos causados pelo Aedes. “É muito importante ter esse tipo de conhecimento para nós, os adultos, mas também para as crianças”, acredita.
Pedro Lucas vai voltar para casa com roupa nova e lições fundamentais para a saúde coletiva. “Aprendi que não pode deixar água parada, porque a fêmea coloca os ovos e o mosquito vai picar a gente. Na minha casa não vou deixar água parada”, afirma.
O Dia D se soma às outras ações que a Sesa está promovendo em dezembro, o mês de Mobilização Estadual Contra o Aedes aegypti. A programação contou com uma semana de mobilização realizada pelos municípios (2 a 6 de dezembro), visando preparar os territórios para a temporada de chuvas de 2025, fortalecendo estratégias intersetoriais e promovendo a participação comunitária.
Multiplicar esse conhecimento em todo o Ceará é fundamental, como avalia Maria Adelaide Pereira da Silva, 38, diretora de uma escola pública da rede municipal de Beberibe, no Litoral Leste cearense.
“Selecionamos alguns alunos para o nosso projeto que inclui esse tipo de tour. Viajamos até Fortaleza e nos deparamos com essa maravilha de ação no Centro. Esse encontro de hoje vai dar ênfase ao que trabalhamos dentro e fora de sala de aula, replicando para nossa comunidade”, reforça.
Além disso, para o Dia D foram disponibilizados serviços de cidadania da Secretaria da Proteção Social, Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT/Sine) e Defensoria Pública do Ceará.
A programação também teve aplicação de vacinas de rotina para crianças e adultos. O pintor Francisco Carlos de Souza, que estava no Centro para fazer pagamentos, aproveitou para atualizar a vacina contra o tétano.
“É de bom grado isso, porque a população precisa muito desses serviços. No dia a dia corrido de trabalho, a gente vendo uma ação dessa, é uma benção. Eu sempre procuro ver quais minhas vacinas estão em dia”, conta.
Vacinas disponibilizadas(crianças): Penta; VIP; Rotavirus; Pneumo 10v; Meningo C; Meningo ACWY; HPV; Covid; Tetra viral. Vacinas disponibilizadas (adultos): dT; Hepatite B; dTpa; Covid-19 Serum; Tríplice viral.
Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde iniciou a distribuição de vacinas contra a dengue. O público-alvo, definido pelo MS, abrange crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
Atualmente, 27 municípios estão aplicando a vacina no Ceará. Esses 27 municípios foram selecionados pelo Ministério da Saúde para receberem o imunizante.
O Ceará recebeu 69.271 doses de vacina contra a dengue em 2024. Destas, 27.172 foram aplicadas.
Em 2024, foram notificados 49.020 casos de dengue até 7 de dezembro (semana epidemiológica 49). Dos casos notificados, 11.697 casos foram confirmados e 35.651 descartados e 1.661 seguem em investigação. A taxa de incidência acumulada dos casos confirmados é de 133,0 por 100 mil habitantes, considerada média.
Observa-se que, nos anos em análise, os casos descartados apresentam um maior número em relação aos confirmados. Observa-se um cenário de baixas confirmações no estado. Para as formas graves da dengue, em 2024*, observa-se redução nos registros de casos e óbitos em relação ao ano anterior. Neste ano, os sorotipos DENV1 e DENV2 foram isolados em 53 municípios, desses, 15 municípios têm circulação simultânea dos D1 e D2.
Chikungunya: O cenário é de baixa transmissão e circulação viral nos anos em análise. Em 2024, a taxa de incidência acumulada dos casos confirmados foi de 8,7 casos por 100 mil habitantes, considerada baixa. Não há confirmação de óbito. Em relação à circulação viral, houve detecção do Chikungunya em uma única amostra de um paciente residente na capital.
Zika: O cenário é de baixa transmissão nos anos em análise. Em 2024, foram notificados 2.196 casos, desses, sem casos confirmados e 2.032 descartados. Sem detecção viral nos últimos cinco anos.
Febre Oropouche: Em 2024, houve a confirmação do primeiro caso da doença no estado. Até o momento, 254 casos de Febre do Oropouche (FO) foram confirmados. Destes, seis são gestantes. Houve a comprovação da transmissão vertical no estado de uma gestante do município de Capistrano.
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