A 25ª edição do Encontro do Proler (Programa Nacional de Incentivo à Leitura) foi inaugurada na última terça-feira (19), em Campo Grande, com uma noite de palestras marcantes no auditório do MIS (Museu da Imagem e do Som). O evento, que tem como tema “Literatura, leitura e escrita em tempos de inteligência artificial”, promove reflexões profundas sobre como a tecnologia está transformando o universo literário.
Organizado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da FCMS (Fundação de Cultura) e da Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), em parceria com o Sistema Estadual de Bibliotecas, o encontro reúne professores, acadêmicos, escritores e demais interessados na relação entre leitura e tecnologia.
Transformações no cenário literário
A abertura oficial contou com três palestras que abordaram diferentes perspectivas sobre os impactos da inteligência artificial. A psicóloga Fernanda Brito Ribeiros Oliveira iniciou as apresentações com a palestra “Inteligência Artificial: Será que sabemos menos com ela?”, propondo um olhar crítico sobre os benefícios e desafios da IA.
“Ela pode ajudar se você souber como dominá-la. Quanto mais pensamento crítico você tiver, o que você realmente quer com aquilo, ela vai te dar ideias. Mas o problema é que muitas vezes as pessoas só copiam, não refletem, e aí perdem a criatividade, a curiosidade, a parte humana de pensar sobre aquilo”, destacou. Para Fernanda, eventos como o Proler ajudam a resgatar o hábito da leitura, essencial em tempos de automação.
Na sequência, o cientista da computação Pablo Souza Cavalcante apresentou a ferramenta ResearchRabbit, destacando como a inteligência artificial pode revolucionar o campo acadêmico. “A inteligência artificial é hoje mais que uma ferramenta, é um movimento que não volta mais. Ferramentas como o ResearchRabbit não tiram a parte criativa, mas facilitam processos que antes eram feitos manualmente”, explicou. Ele comparou a IA ao impacto dos smartphones, reforçando que ela se tornou indispensável.
Encerrando a noite, a advogada Amanda Justino debateu o tema “Página virada: Livros físicos vs digitais – Quem conquista seu coração?”. Amanda destacou os vínculos emocionais associados aos livros físicos, como dedicatórias e sensações táteis, em contraste com os desafios dos digitais, que podem levar à distração.
“No livro físico, o ponto forte é o cheiro, a textura, aquele contato. Quem nunca recebeu um livro com uma dedicatória e ficou feliz? Isso remete à emoção, à lembrança. Já o digital, por ser dentro de um aplicativo, pode fazer a pessoa se distrair com redes sociais e perder o foco”, apontou.
Reflexões sobre a leitura no mundo digital
Além das palestras, a gerente de Patrimônio Histórico e Cultural da FCMS, Melly Sena, reforçou a relevância de debater inteligência artificial no contexto literário. “Essas ferramentas nos fazem repensar questões de autoria e originalidade. A leitura continua sendo o pilar de uma sociedade crítica e reflexiva. Sem ela, corremos o risco de retroceder culturalmente”, alertou.
O Proler segue até 30 de novembro com uma programação repleta de atividades gratuitas, como oficinas e rodas de conversa, que ampliam o debate sobre literatura em tempos de transformação tecnológica.
Karina Lima, Comunicação Setesc
Fotos: Ricardo Gomes/Setesc
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