Para conscientizar os estudantes sobre práticas antirracistas, falar sobre preconceito e discriminação, e incentivar a reflexão sobre a importância da cultura africana e afro-brasileira na formação da sociedade, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Anani, localizada no bairro do Aurá, em Ananindeua (Região Metropolitana de Belém), realizou nesta quinta-feira (14) a solenidade de culminância do Projeto "Educação das Relações Étnico-Raciais", voltado ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de Novembro.
Os estudantes do 1º ao 5º ano apresentaram trabalhos de leitura e produção de texto, teatro, música e artesanato, desenvolvidos durante o ano letivo, valorizando a cultura afro-brasileira, a inclusão, o respeito e a alfabetização.
"A nossa escola sempre trabalha de forma que o aluno possa se desenvolver como um ser humano total, completo, e a gente traz essas temáticas para trabalhar o não ao racismo, não ao preconceito; aceitar o outro do jeito que é. E as nossas crianças desenvolvem isso muito bem. A gente sabe que o que trabalha aqui; elas vão levar para a vida", informou a diretora da Escola, Ilza Freire. Alunos confeccionaram bonecas Abayomi
Conhecimento- Gleidson Adriano, estudante do 5º ano do Ensino Fundamental, contou que as atividades voltadas ao Dia da Consciência Negra trouxeram muitos conhecimentos. "A gente trabalhou na aula o texto da peça sobre a 'A cor bela de Mirella', história baseada nos livros de Sérgio Santos. Nessa peça, a gente fala muito sobre o respeito com todos, sobre as raças. Muita gente ainda sofre racismo, e esse texto serve para que as pessoas parem com isso", acrescentou.
Para o estudante Erick Rodrigues, também do 5º ano do Ensino Fundamental, o aprendizado vai além da sala de aula. "A escola é o melhor lugar para ensinar isso porque, desde criança, a pessoa já tem que começar a perceber que racismo não é legal, para que quando a pessoa crescer já vai ter aquilo na mente dela, e vai passar para os filhos, amigos e para quem convive. A gente está falando há um tempo sobre isso aqui na escola, e eu acho muito importante que nós, crianças, sejamos ensinadas, porque nós somos a próxima geração, e vamos cuidar da próxima geração que vier", frisou Erick.
"História na roda"- Os estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental desenvolveram um livro de histórias que celebram a cultura e a consciência étnico-racial. O livro "História na roda: vem ler com a gente" reúne textos escritos pelos próprios estudantes. "Foi um sucesso", garantiu um dos alunos envolvidos no projeto. "A gente leu muitas histórias, e foi escrevendo o resumo dessas histórias para depois contar aqui. Todas as histórias que nós escrevemos no livro são histórias da consciência negra, histórias africanas, e muitas outras histórias sobre como não ser racista", disse Samuel Belém.
Emily Leal, também cursando o 3º ano do Ensino Fundamental, destacou o que aprendeu com o trabalho. "O projeto é importante para não ter mais esse negócio de falar coisas ruins sobre a cor das pessoas, para não ter preconceito com o cabelo crespo, cacheado, e eu gostei muito de participar", afirmou.
Os estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental confeccionaram bonecas Abayomi, feitas de pano e sem costura, que foram expostas. "Com o trabalho, a gente pôde desenvolver a consciência sobre as raças através da brincadeira da boneca Abayomi, que é uma boneca de pano feita com retalhos. E tem todo o histórico de como ela foi produzida, e a gente repassou isso através da música e da produção. Os alunos estavam produzindo essas bonecas para ter noção de raças. Foi uma ideia da professora Ivete, e aí a gente colocou para os alunos desenvolverem, e deu muito certo", informou o professor de Arte Pedro Viana. Profissionais da Escola Anani que participam do projeto
Alfabetização na idade certa -Atualmente, a Escola Estadual Anani atente 316 estudantes, e trabalha fundamentalmente a alfabetização na idade certa, por meio do Programa Alfabetiza Pará.
"A nossa escola trabalha essa proposta do 'Alfabetiza Pará', e eu estou achando maravilhoso. Fui formadora do 'Alfabetiza' em 2023, e aqui as nossas professoras, a gente trabalha muito com a questão da literatura, com os gêneros textuais, tanto que os próprios alunos gostam de ir lá para a frente e falar. A gente trabalha desde pequenininho, e esse é um programa que veio ajudar mais ainda essa questão da habilidade de falar em público, de ler, e a gente tem visto os resultados disso aqui", ressaltou Ilza Freire.
Apoio aos municípios -A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) lançou, em janeiro de 2023, o Programa “Alfabetiza Pará”, que em regime de colaboração auxilia os 144 municípios do Pará no desenvolvimento dos estudantes dos anos iniciais, no período de alfabetização.
Como parte das ações, o Programa já realizou avaliação de fluência leitora e escrita nos municípios que aderiram à iniciativa, e distribui continuamente material didático para essas redes municipais.
Texto: Fernanda Cavalcante - Ascom/Seduc
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