O governo do Acre participou de um importante encontro promovido pela organização norte-americana sem fins lucrativos Emergent, que atua conectando países com florestas tropicais e o setor privado, para financiamento de políticas públicas voltadas para redução de emissões provenientes do desmatamento, na Semana do Clima, em Nova York, que acontece de 22 a 29 de setembro.
A secretária de Povos Indígenas do Acre, Francisca Arara, foi convidada a compor o painel composto por uma seleta plateia de empresários das maiores multinacionais do mundo, empenhados em unir esforços para proteção das florestas no Brasil.
Na abertura, o cientista sênior da Amazon e líder técnico e estratégico da equipe de neutralização de carbono da Amazon, Jamey Mulligan, reafirmou o compromisso climático de apoiar o processo de descarbonização junto aos estados brasileiros.
“A Amazon tem o compromisso com a ciência climática para a descarbonização. Desde 2020, a Amazon começou a pensar na questão da preservação ambiental por meio do desenvolvimento ambiental. Assim, temos um acordo com estados brasileiros que precisam de recursos para desenvolverem de maneira sustentável, conservando as florestas e dando sustentação aos seus povos originários”, disse.
Ao pedir urgência na liberação de recursos internacionais, Francisca Arara destacou a importância de desburocratizar o processo de destinação de recursos das empresas e entidades internacionais.
“É papel das empresas e dos governos aliados apoiar a causa ambiental e criar mecanismos para que os recursos cheguem na ponta, uma vez que temos sofrido com eventos extremos de enchentes e secas severas cada vez mais frequentes. A burocracia tem emperrado a chegada desses recursos. Enquanto isso, sofremos sérios problemas climáticos. No Acre, o governador Gladson Cameli tem adotado uma série de iniciativas para minimizar esses danos com a participação, a escuta e respeito aos povos indígenas. É muito importante esse olhar dos investidores, pois o Acre tem lições e bons exemplos”.
A gestora ressaltou, ainda, a importância de que as negociações, que envolvem os fundos climáticos, sejam feitas com respeito às leis, princípios e às salvaguardas socioambientais:
“Estamos em Nova York com algumas das mais poderosas empresas do mundo e nós que habitamos as florestas temos a riqueza maior do planeta, que é a biodiversidade vegetal e animal. Nossa floresta é quem sustenta a esperança de uma vida melhor para todos os seres humanos. No Acre, temos leis, princípios e salvaguardas que garantem que os investimentos possam, de fato, contribuir para a preservação do nosso planeta. Vamos fazer escutas com as populações da floresta para debatermos a repartição de benefícios, para que os projetos reflitam as necessidades da nossa gente. Precisamos dos recursos internacionais para darmos resposta às emergências climáticas, mas sem violar os direitos dos indígenas, ribeirinhos e pequenos agricultores”.
Marcelo Britto, presidente do Consórcio de Governadores da Amazônia, também ressaltou a importância da região receber investimentos para execução de políticas públicas que respeitem as salvaguardas de proteção ambiental.
“Existe muito dinheiro do setor privado para investimentos em créditos de carbono, mas precisa haver um direcionamento correto para manter a integridade do processo, e o investidor também precisa saber onde vai ser empregado o seu dinheiro. Para resolvermos a questão climática, temos que estar atentos para fazermos de maneira correta. O nosso planeta sem Amazônia ficará quatro graus mais quente, inviabilizando a vida”, alertou Britto.
Saiba mais – A Coalizão Leaf é uma iniciativa global, lançada em abril de 2021, com o objetivo de acelerar e apoiar ações para reduzir os impactos das mudanças climáticas, por meio do financiamento da conservação de florestas tropicais. A iniciativa busca mobilizar pelo menos U$ 1 bilhão em financiamento para países comprometidos com a proteção de suas florestas e redução do desmatamento. A Emergent coordena a Leaf Coalition, que é formada por 26 multinacionais dos Estados Unidos, Reino Unido, Noruega e Coreia. A sigla Leaf, em inglês: Lowering emissions by accelerating forest finance. Traduzindo: Reduzindo emissões, acelerando o financiamento climático.
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