Brasil produz cerca de 80 milhões de toneladas todo ano, descartando 30 milhões de forma inadequada
No Seminário “Ceará pelo Clima”, realizado pela Secretaria do Meio Ambiente, no Centro de Eventos, a primeira palestra da tarde do dia 18 foi sobreResíduos e Economia Circular – Implementando a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O mediador foi Rodrigo Sabatini, presidente do Instituto Lixo Zero, especialista em inovação, sustentabilidade e gestão de comunidades. Na sua fala introdutória, afirmou: “nesse momento, além do governo, o que vai fazer a diferença é a consciência de cada um. E é preciso um acordo entre todos: consumidores, produtores, governo. Nossa pergunta básica: se você não é pelo lixo zero, por quanto lixo você é? Ou seja não existe outra alternativa”.
O eixo debatido nesta palestra teve como o objetivo aprofundar conhecimentos sobre as ferramentas de planejamento e execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Afinal, a geração de resíduos tornou-se, nas últimas décadas, um dos problemas centrais em termos de planejamento urbano e gestão pública em praticamente todas as cidades do mundo.
O primeiro palestrante foi Dione Manetti, presidente do Instituto Pragma e CEO da Pragma Soluções Sustentáveis. Bacharel em Direito, atua há mais de 20 anos com o desenvolvimento e implementação de projetos e na área de gestão de resíduos, especialmente nos temas da reciclagem, logística reversa e economia circular. Coordenou o fechamento do lixão de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, considerado o maior da América Latina, em 2012. Ele levantou graves problemas no Brasil, como a carência de dados. Mas sabe-se que o Brasil produz 80 milhões de toneladas todo ano. 30 milhões são descartados de forma inadequada.
“Não tem micro solução para um problema deste tamanho. Há um passivo de R$ 30 bilhões que poderiam ser aproveitados na nossa economia. Além disso, temos também o lixo orgânico, que produz metano, o segundo gás mais efetivo para a proliferação do efeito estufa”, informou. Segundo ele, até 2050, a previsão é de um aumento de 70% do lixo produzido no mundo. 30 países geram 80% do lixo do mundo e o Brasil é o 5o em geração de resíduos. “Precisamos de uma mudança cultura e parar de consumir produtos com obsolescência programada. Há modelos de implementação da logística reversa previstos no Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Uma das metas é de, até 2040, ter 50% das embalagens das empresas recicladas”.
O segundo expositor foi José Valverde Machado, mestre em Direito Ambiental e especialista em Segurança Alimentar e Nutricional.
“O Ceará dá um grande exemplo para o país realizando um evento deste porte. Os resíduos oferecem oportunidades de crescimento econômico, por meio da economia circular. A indústria precisa assumir a responsabilidade pela geração dos seus resíduos, inclusive lucrando com isso”, anunciou. Valverde também adiantou que a política nacional de resíduos sólidos “é uma boa lei e precisa ser aplicada, mais do que ser alterada”. Para ela, o que deve ser prioridade é acabar com os lixões, que colaboram para emissão de gases de efeito estufa. E isso passa pela regionalização e criação de consórcios. “E o governo deve ser o grande comprador destes resíduos e incentivar estas iniciativas”, apostou.
Em seguida, foi a vez de Rebeca Wermont, Sócia Head da Yby Soluções Sustentáveis, idealizadora da Verdear Eventos + Sustentáveis. Consultora e Auditora do programa Lixo Zero (ZWIA) e embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil. “Estou aqui representando as mulheres, as mais atingidas pelas mudanças climáticas. É impossível falar de resíduos sólidos sem falar em catadores. Eu atuo em parceria com a Rede Nacional de Catadores. E não enxergo uma evolução da política de resíduos se não houver um forte apoio a estes trabalhadores e trabalhadoras”.
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